História de CdB – Correio do Brasil
Ao contrário do direitista recém-reeleito presidente da Índia, Narendra Modi, que aproveitou a oportunidade para tentar melhorar as relações com os dirigentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e do Canadá, Justin Trudeau, o argentino permaneceu deslocado em seu discurso extremista.
Por Redação, com agências internacionais – de Roma
O autodenominado anarcocapitalista Javier Milei, que atualmente preside o governo argentino, voltou para Buenos Aires sem conseguir sequer cumprimentar o vizinho brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, durante os dois dias da cúpula do G7, na região italiana da Puglia. A chamada foto “de família” do encontro, com Lula de um lado e seu homólogo argentino do lado oposto reflete exatamente o clima entre ambos, segundo observou a agência norte-americana de notícias Bloomberg, neste domingo.
Milei em uma ponta e Lula na outra, durante o encontro do G7© Fornecido por Correio do Brasil
Lula e Milei se cruzaram pela primeira vez na sexta-feira no local da reunião, como parte de um elenco diversificado de personagens reunido pela primeira-ministra anfitriã, Giorgia Meloni. Mantiveram-se, no entanto, o mais distante possível um do outro. Emissários argentinos bem que tentaram agendar um encontro, ainda que breve, entre os presidentes, mas a opção foi descartada pelo lado brasileiro, de forma sumária, segundo fontes.
Ao contrário do direitista recém-reeleito presidente da Índia, Narendra Modi, que aproveitou a oportunidade para tentar melhorar as relações com os dirigentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e do Canadá, Justin Trudeau, o argentino permaneceu deslocado em seu discurso extremista.
Agendas
Lula garantiu presença na reunião de chefes de Estado para transmitir a mensagem de que os líderes de extrema direita são prejudiciais à democracia, um apelo que visa muitos dos aliados de Milei; ao mesmo tempo que reafirmou a proposta de impostos globais sobre os super-ricos, programas sociais para combater a fome e medidas mais agressivas sobre as alterações climáticas, pautas distantes do presidente do país vizinho. Milei, por sua vez, condenou o aborto e falou sobre os perigos do populismo, que ele vê como uma ameaça vinda de líderes de esquerda.
A realidade, no entanto, favoreceu o lado brasileiro. Enquanto Lula era reverenciado por representantes do establishment político global e preenchia sua agenda na Itália com uma lista de reuniões bilaterais que incluiu desde o presidente francês, Emmanuel Macron; a italiana Meloni; o alemão Olaf Scholz; a secretária-geral da UE, Ursula Von der Leyen e o indiano Modi; além do papa Francisco, não faltou espaço vago na agenda de Milei. O mandatário argentino teve apenas uma reunião oficial, com a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, organismo credor da endividada república sul-americana.
Ainda assim, Milei terá uma próxima oportunidade para apertar a mão do brasileiro provavelmente em novembro, quando Lula receber os líderes do G20 no Rio de Janeiro.