História de Pedro Pannunzio – Jornal Estadão
A crença de que as pessoas são mais produtivas na parte da manhã é quase um senso comum em alguns círculos. Mas, um grupo de pesquisadores colocou em xeque essa máxima. O estudo, publicado na revista científica BMJ Public Health, indica que pessoas com hábitos noturnos têm uma atividade cognitiva mais elevada do que pessoas matutinas.
O grupo analisou dados de mais de quase 27 mil pessoas de 53 a 86 anos para investigar a relação entre sono e habilidades cognitivas. Os dados foram extraídos do UK Biobank, um repositório biomédico de dados anônimos de milhares de pacientes do Reino Unido.
Resultados da pesquisa mostraram que adultos noturnos tiveram desempenho superior aos diurnos. Foto: Prostock-studio/Adobe Stock© Fornecido por Estadão
Os pesquisadores cruzaram dados de testes cognitivos com as preferências de horários de cada pessoa. Os “voluntários” foram divididos em dois grupos e, dentro dessa separação, foram classificados entre noturnos (aquelas pessoas que dizem preferir realizar atividades na parte da tarde e noite) e os diurnos (que preferem realizar as atividades na parte da manhã).
“Nosso estudo descobriu que adultos que são naturalmente mais ativos à noite tendem a ter um desempenho melhor nos testes cognitivos do que aqueles que são pessoas matutinas”, disse Raha West ao Imperial College London, uma das instituições envolvidas no estudo.
Os resultados mostraram que, no primeiro grupo, os noturnos tiveram um desempenho 13,5% superior aos diurnos. No segundo grupo, a diferença ficou em 7,5%. West, no entanto, disse que os resultados mostram uma tendência e não podem ser aplicados de forma indiscriminada para definir todas as pessoas.
“É importante ressaltar que isso não significa que todas as pessoas matutinas têm pior desempenho cognitivo. As descobertas refletem uma tendência geral em que a maioria pode inclinar-se para uma melhor cognição nos tipos noturnos”, disse.
Os pesquisadores ainda fazem uma outra ressalva. Mais do que a preferência de horários, a duração do sono é, também, bastante importante. O estudo diz que dormir menos de 7 horas, ou mais de 9 horas por noite pode prejudicar a função cerebral.