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O que é captura e armazenamento de carbono?© Fornecido por eCycle
As tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CSS, na sigla em inglês) têm sido muito discutidas nos últimos tempos. Sendo vistas como uma das possíveis soluções para reduzir os impactos das mudanças climáticas. No entanto, mesmo desenvolvidas com o intuito de preservar a vida humana no planeta, essas tecnologias nem sempre estão livres de malefícios.
O CCS, que significa Carbon Capture and Storage, surgiu como uma ferramenta capaz de amenizar os impactos das emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera provenientes de processos industriais. Ele é liberado, por exemplo, na queima de combustíveis fósseis, mas também no desmatamento e na utilização de calcário para a produção de cimento. Nesse processo, o CCS pode capturar grande parte das emissões desse gás até 90%.
Vale ressaltar que todo o gás é armazenado em formações rochosas. Ou seja, um conjunto de rochas ou minerais que tem características próprias em relação à sua composição, idade, origem ou outras propriedades similares.
Em 2005, alguns cientistas e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontam essa tecnologia como um mecanismo de mitigação não único, mas imprescindível. Contudo, para outros, ela veio apenas para reforçar o uso de combustíveis fósseis nos meios de produção das indústrias tradicionais.
Como funciona a captura e o armazenamento de carbono?
A Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) consiste em três partes principais: captura, transporte e armazenamento de carbono.
Captura de carbono
A captura de carbono (CO2) é realizada de três formas diferentes, cada uma com processos específicos:
- Pré-combustão
- Pós-combustão
- Combustão de oxi-combustível
Os sistemas de pré-combustão convertem combustível sólido, líquido ou gasoso em uma mistura de hidrogênio e gás carbônico. Isso a partir de processos como gaseificação ou reforma. Nessa reação, o hidrogênio pode ser usado como gerador de calor ou energia livre de dióxido de carbono.
A captura pós-combustão envolve capturar o gás carbônico da exaustão de um sistema de combustão. Então, absorvê-lo em um solvente, antes de remover e comprimir os elementos poluentes. O dióxido de carbono também pode ser separado usando filtração por membrana de alta pressão, bem como por processos de separação criogênica.
Por fim, a combustão de oxi-combustível consiste na queima de um combustível com o oxigênio no lugar do ar. Para que o gás resultante seja constituído de vapor de água e gás carbônico. Apesar desse processo facilitar a captura de carbono devido à sua maior concentração, ele requer a separação prévia de oxigênio do restante do ar.
Transporte
A captura de carbono é realizada para que o dióxido de carbono possa ser comprimido e transportado por meio de dutos. A mesma tecnologia daqueles que já transportam gás natural. A CCS Association afirma que milhões de toneladas são transportadas anualmente para fins comerciais e ressalta que existe um potencial significativo de desenvolvimento dessa infraestrutura.
Armazenamento de carbono
Depois de transportado, o gás carbônico é armazenado cuidadosamente em formações geológicas selecionadas (ou formações rochosas), que ficam localizadas a vários quilômetros abaixo da superfície da Terra. As opções de armazenamento costumam ser aquíferos profundos, cavernas ou domos de sal, reservatórios de gás ou óleo e camadas de carvão. Por serem encontradas em locais profundos, essas formações geológicas armazenam o dióxido de carbono bem longe da atmosfera. Logo, diminuindo os impactos de suas emissões.
Quais as vantagens e desvantagens da captura de carbono?
Existem prós e contras quando se fala na tecnologia de captura e armazenamento de carbono. O primeiro ponto contra é que, até o efetivo desenvolvimento e disseminação dessa ferramenta, muito combustível fóssil ainda será queimado. Isso faz com que muitos cientistas duvidem da validade dessa solução. Afinal, uma vez que a própria existência do CCS pode reforçar um aumento no uso desses combustíveis.
Contudo, aqueles a favor da disseminação do CCS defendem que o uso de combustíveis fósseis está longe de acabar. De acordo com John Thompson, participante da Fossil Fuel Transition Project, o uso dessas fontes de energia continua aumentando. Por isso, uma tecnologia que diminua as emissões atmosféricas de CO2 é necessária de ser implementada, mesmo que ainda não seja a melhor solução.
Outro custo, além do energético, são os elevados investimentos necessários. Para conter o aquecimento global na meta de 1,5° Celsius, seriam necessários mais de cem projetos de CCS. A fim de eliminar 270 milhões de toneladas de poluição de dióxido de carbono por ano, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA).
No entanto, os custos dessa ampliação não atraem as grandes indústrias. Assim, soltar esse gás na atmosfera é muito mais barato. Entenda o que é aquecimento global no vídeo abaixo:
Ainda, para além das dificuldades dessa tecnologia de captura, o armazenamento também passa a ser pauta de debate. Existem diversos riscos envolvendo as técnicas de armazenamento geológico desse gás do efeito estufa, como a ocorrência de terremotos e vazamentos acidentais.
Tecnologia sustentável e captura e armazenamento de carbono
Para cientistas como Peter Eisenberg, fundador da Global Thermostat, uma tecnologia que não retira dióxido de carbono da atmosfera não é sustentável. Nas palavras de Eisenberger Por que gastar tanto tempo, energia e ingenuidade chegando com soluções que não são realmente soluções?. Segundo ele, apenas a tecnologia que remove o gás já presente no ar poderia ser a solução chamada de “carbono-negativo”. E, assim, viabilizar a comercialização do composto comprimido no mercado.
Assim, a tecnologia que retira o CO2 diretamente do ar surge com a promessa de resolver os problemas em torno do CCS. Ao contrário da captura tradicional, a ferramenta não precisa ser acoplada diretamente nas fontes poluidoras para seu funcionamento. Ela utiliza filtros e produtos químicos para realizar essa captura.
Como a captura é feita através da atmosfera, o carbono capturado diretamente é proveniente de vários tipos de emissões. Alguns exemplos são as de carro ou avião, transportes responsáveis por metade da liberação de gases do efeito estufa (GEE) no planeta. Dessa forma, diferentemente das técnicas de capturas tradicionais que exigem uma remodelagem do complexo industrial, ela pode ser mais facilmente instalada.
Além disso, os defensores da captura pela atmosfera afirmam que essa tecnologia permite uma redução significativa dos custos e dos gastos energéticos. Uma vez que ela não precisa de elevadas temperaturas e concentrações para o seu funcionamento. A ferramenta também tem outras vantagens, como processos comprovados, maior pureza do gás carbônico e maior flexibilidade na localização.
As técnicas de captura e armazenamento de carbono aparecem como uma ajuda extremamente importante, porém apresentam consequências a serem ponderadas. A captura pelo ar parece diminuir muitos desses efeitos ou dificuldades de implementação. No entanto, o fato de que as fontes de energia devem ser substituídas não muda.