Sabrina Bezerra – Jornalista EstartSe
Influenciadores digitais não devem mais ter foco em ganhar milhões de seguidores, e sim em criar comunidades. Entenda!
Quantas vezes você já se encontrou na frente de uma estratégia de marketing e escolheu influenciadores digitais com milhões de seguidores para fechar contrato? Imagino que muitas. Afinal, o mercado de creator economy movimenta cerca de R$ 70 bilhões, segundo o CB Insights.
Quantos criadores de conteúdo existem no mundo?
Existem 300 milhões de creators no mundo, segundo uma pesquisa feita pela Adobe em 9 grandes nações pesquisadas.
Quantos criadores de conteúdo existem no Brasil?
No Brasil, o número é de 20 milhões de creators, segundo dados da Factworks for Meta.
Influencer, influenciadora digital
Por que o mercado de influenciadores mudou
Agora, com a tendência de creator 2.0 (entenda mais adiante), o número de seguidores dos criadores de conteúdo tem cada vez menos peso — algo que gradativamente já estava acontecendo no mercado. Isso significa, que a tendência é que empresas fechem parceria com quem tem construído uma comunidade — e que de alguma forma, a comunidade, tenha feat com o negócio.
Ou seja, o papel de pessoas influenciadoras digitais será cada vez menos sobre elas, e mais sobre o coletivo — é aqui que as comunidades começam a ganhar força ainda mais na creator economy.
Mas afinal, o que é influencer 2.0?
“A figura do produtor de conteúdo se deslocou do influenciador. O creator, como está sendo chamado, não tem ‘seguidores’, mas uma ‘comunidade’. Também não se limita a ficar em frente das câmeras. Produz, escreve, edita, transformando-se em uma verdadeira empresa”, diz em reportagem do O Globo Paula Passarelli, especialista em marketing digital e fundadora da Agência Brunch.
Isso significa que a gente sai da era de seguidores, e entra para a era comunidades. Esse creator 2.0 não fala mais “sobre si próprio no afã de ganhar milhões de seguidores, presentinhos, fazer publicidade com marcas, ser convidado para ir nos eventos e ficar famoso”, diz em entrevista à StartSe Bia Granja, cofundadora e COO da Youpix.
E sim foca em ver as pessoas além de seguidores, mas como parte do seu grupo de insights. Por isso, o creator 2.0 “tem relevância e influência, (…) cria conteúdo útil para quem consome e que resolve problemas funcionais ou emocionais dessas pessoas [da comunidade]”, completa Bia.
O que muda com o mercado de influencer 2.0?
Modo influencer
Sai do modo influencer, que hoje é o de “pensar apenas em ganhar mais seguidores, ter muitas visualizações e engajamento para poder vender mais anúncios”, diz no relatório de tendências da Youpix Avi Gandhi, consultor de Creator Economy. E entra para o modo business.
Modo business
“Em que você pensa no seu conteúdo como se fossem transações comerciais, se preocupando em construir um relacionamento com uma parte do seu público (sua comunidade). É daí que vem a monetização e os boletos pagos, com troca de produtos e serviços”, completa o especialista.
E isso vale não apenas para fechar parceria com criadores de conteúdo, mas também para a comunicação na internet entre você e os clientes.
Assim, segundo o relatório de tendências da YouPix, é esperado que em 2023 mais criadores de conteúdo (seja pessoa física ou empresa) se transformem em “Big Bussiness”.
Nessa, a economia da intenção também ganha forma:
Modo influencer x Modo Business (Imagem: divulgação pesquisa YouPix)
O que é economia da intenção nas redes sociais?
É quando o “conteúdo passa a ser feito sob medida para as comunidades e não mais para alimentar a Economia da Atenção e o algoritmo. Essa lógica puxa a fragmentação do conteúdo e a diversificação dos canais de distribuição e também dos modelos de negócios”, diz a pesquisa.
Isso acontece porque o modelo algoritmizado das redes e a hiperdigitalização levaram o consumidor, o creator e as ferramentas de comunicação à exaustão. “Com tanta informação e estímulos de Dopamina, estamos buscando uma nova relação de intencionalidade com aquilo que nos cerca. Nossa atenção tende a ficar cada vez mais seletiva e o que consumimos precisa ter uma carga de propósito e utilidade mais clara”, diz a pesquisa.
Por que importa?
Com a crescente do creator 2.0, você pode, por exemplo, criar estratégias para o negócio que envolvam comunidades. Seja fechando parceria de embaixadores de marca que tenham o público-alvo da marca, como criando a sua própria influência 2.0. Mas lembre-se: aqui, o foco principal é agregar valor para o público, e não fazer anúncios de venda.
COMO DEVEM SER OS PARCEIROS NOS NEGÓCIOS
“Parceiros chegam de várias formas. Se juntam por diferentes motivos”.
Eu sei, é clichê, rss. E se a frase fosse minha eu acrescentaria: “O que eles tem em comum é o fato de acreditarem no que nós acreditamos”.
Parceria é a arte de administrar conflitos de interesses e conexões de interesses, visando resultados benéficos para ambas as empresas”.
É por isso que eu costumo comparar parceria com casamento. Quem é casado sabe que administrar conflitos é fundamental para ambos terem resultados nessa aliança.
Assim como no casamento, o parceiro não precisa ser igual a nós, mas tem que ter o nosso ‘jeitão’! Nas parcerias eu defendo que o parceiro precisa ter o DNA de inovação, a inquietude pra sair da zona de conforto e uma preocupação muito grande com o cliente, não apenas no discurso, mas na prática. É claro que no processo de análise do possível parceiro, nós avaliamos o potencial financeiro e de escala da aliança, a estrutura e o tamanho da empresa. Mas, tem um fator humano que não pode ser desconsiderado, já que empresas são, na sua essência, pessoas. É por isso, que normalmente, os parceiros são empresas formadas por pessoas do bem, pessoas com propósito, que tem tanto o caráter quanto a lealdade de continuar de mãos dadas, mesmo nos momentos mais difíceis. É como um casamento mesmo!
É importante também que os parceiros tenham know how e competências complementares, que potencializem nossas fragilidades e deem mais peso aos nossos pontos fortes. E como eu acredito que o primeiro approach de uma boa parceria acontece no plano humano (onde existe emoção), e não no corporativo, eu gosto muito da histórica da parceria entre Steve Jobs e Steve Wozniak. Os dois Steves tornaram-se amigos durante um emprego de verão em 1970. Woz estava ocupado construindo um computador e Jobs viu o potencial para vendê-lo. Em uma entrevista de 2006 ao Seattle Times, Woz, explicou:
“Eu só estava fazendo algo em que era muito bom, e a única coisa que eu era bom acabou por ser a coisa que ia mudar o mundo… Steve (Jobs) pensava muito além. Quando eu projetava coisas boas, às vezes ele dizia: ‘Nós podemos vender isso’. E nós vendíamos mesmo. Ele estava pensando em como criar uma empresa, mas talvez ele estivesse mesmo pensando: ‘Como eu posso mudar o mundo?’”.
Por que essa parceria deu certo? Habilidades e competências complementares.
As habilidades técnicas de Woz juntamente com a visão de Jobs fizeram dos dois a parceria perfeita nos negócios.
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