História de Gero Rueter – DW Brasil
Consumo de matérias-primas e volume de lixo aumentaram com produtos de curta vida útil e pouca reciclagem. Esse atual modelo predominante sobrecarrega o planeta, mas existe alternativa.
Separação de lixo é o primeiro passo para a reciclagem© Torsten Krüger/imageBROKER/picture alliance
O modelo de consumo e produção predominante em todo o mundo atualmente é conhecido como economia linear.Nele, produtos são fabricados a partir de matérias-primas, utilizados por um curto período e, em seguida, descartados como lixo. Isso exige a extração de novas matérias-primas para a produção de novos itens. Esse processo prejudica o meio ambiente, além de custar muito dinheiro e energia.
A economia circular funciona de maneira diferente: os produtos são fabricados para terem uma vida útil longa e serem facilmente reparados. Ao atingirem o final de sua vida útil, são reciclados o máximo possível. Isso significa que as matérias-primas são recuperadas e reutilizadas na fabricação de novos produtos.
Esse modelo diminuiu os resíduos e as emissões. Por exemplo, a partir do vidro quebrado de uma garrafa, uma nova garrafa de vidro é fabricada. Isso economiza dinheiro e recursos. O princípio pode ser aplicado a todos os tipos de matérias-primas e processos de produção para prolongar ao máximo a utilização e manter os elementos em um ciclo contínuo.
Além disso, na própria produção, é possível reduzir o consumo de recursos utilizando energias renováveis e evitando a geração de emissões prejudiciais ou resíduos tóxicos sempre que possível.
O que o processo da reciclagem proporciona?
A economia circular foi uma prática comum em todo o mundo por séculos: tudo era usado o máximo possível, evitando desperdícios. Esse princípio começou a ser deixado nos últimos 150 anos com o aumento da produção industrial.
Hoje em dia, a economia circular é comum em comunidades tradicionais, mas não se restringe a elas. Por exemplo, nas fazendas orgânicas, os excrementos são usados como fertilizantes naturais para cultivar alimentos.
Em vários lugares do mundo, arquitetos estão investindo em métodos de construção sustentáveis. Por exemplo, eles optam por usar mais madeira em vez de cimento, que é prejudicial ao clima. Além disso, em vez de derrubar prédios, eles os reformam. Ao reutilizar materiais de construção, se diminuiu o consumo de matérias-primas e se evita a geração de resíduos.
Muitos materiais podem ser reciclados quase sem perda de qualidade. Isso é especialmente eficaz para vidro e metais, enquanto o papel pode ser reutilizado de dez a 25 vezes. Por outro lado, o plástico geralmente é mais difícil de reciclar devido à sua mistura com outros materiais e à presença de substâncias químicas prejudiciais.
A reciclagem de metais também economiza muita energia em comparação com a extração de minérios. Por exemplo, o processo de reciclagem de alumínio economiza cerca de 95% da energia necessária para a produção a partir de minério.
Reciclar metais a partir de sucata economiza muita energia.© Peter Hofstetter/Zoonar/picture alliance
Quais são as implicações da economia circular para consumidores e indústria?
Para que uma economia circular funcione, todos devem estar envolvidos: consumidores, indústria e políticos.
Ao separar corretamente o lixo, os consumidores facilitam o processo de reciclagem. A escolha de produtos que têm uma vida útil mais longa e geram menos resíduos contribuiu para essa prática sustentável. Um casaco de alta qualidade feita de lã ou algodão pode ser mais caro do que uma feito de poliéster. No entanto, esse tipo de roupa dura mais e é mais fácil de ser reparado. Ao contrário de fibras sintéticas, as fibras podem ser compostadas sem impactar o meio ambiente.
A indústria pode produzir produtos de maneira sustentável e evitar o uso de substâncias químicas que impedem a reciclagem. Por exemplo, os celulares podem ser fabricados para permitir a troca de baterias e outras peças. Ao integrar o pensamento de reciclagem desde a produção, torna-se mais fácil recuperar e reutilizar ouro, terras raras e outros materiais dos dispositivos.
Nesse sentido, os governos podem criar leis que favoreçam a economia circular. Cada vez mais países e empresas estão incentivando a reciclagem, a redução de resíduos e o planejamento cuidadoso de como são feitos os sistemas e produtos. Isso não só é bom para o meio ambiente, mas também para a economia, gerando novos empregos.
De acordo com o World Resource Institute (WRI), organização não governamental ambientalista e conservacionista, a economia circular poderia criar cerca de seis milhões de novos empregos em todo o mundo até 2030.
Autor: Gero Rueter