História de Pedro Augusto Figueiredo – Jornal Estadão

inquérito das fake news foi aberto de ofício em março de 2019 pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, para investigar “notícias fraudulentas, denunciações caluniosas, ameaças e infrações” contra a Corte. Relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, que foi escolhido sem sorteio, o inquérito ainda está aberto e atingiu ao longo dos anos Jair Bolsonaro (PL), deputados, empresários e blogueiros — quase sempre ligados ao ex-presidente — e até mesmo o Partido da Causa Operária (PCO).

Mensagens e diálogos obtidos pelo jornal Folha de S. Paulo e divulgados nesta terça-feira, 13, contudo, mostram que o gabinete de Moraes no STF ordenou, de forma não oficial, que o setor de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) produzisse relatórios para abastecer o inquérito das fake news e embasar as decisões do próprio ministro contra os bolsonaristas.

As mensagens do gabinete de Moraes

Em nota, o gabinete de Moraes afirmou que, no curso dos inquéritos, fez solicitações a inúmeros órgãos, incluindo o TSE. Segundo o magistrado, todas as ações foram feitas seguindo os termos regimentais.

Inquérito foi aberto de ofício por Dias Toffoli em 2019 e relatado por Alexandre de Moraes. FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADAO Foto: Estadão

Inquérito foi aberto de ofício por Dias Toffoli em 2019 e relatado por Alexandre de Moraes. FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADAO Foto: Estadão

A reportagem cita dois casos em que houve pedido de produção dos relatórios: o do blogueiro Paulo Figueiredo Filho e do comentarista Rodrigo Constantino. Segundo o jornal, os documentos continham publicações de ambos nas redes sociais com críticas à atuação da Justiça na eleição de 2022 e serviram como base para Moraes ordenar, no final de 2022, a quebra de sigilo bancário de Figueiredo e Constantino, bloquear os perfis deles na internet e cancelar os respectivos passaportes.

Não é possível precisar todos os investigados no inquérito das fake news porque o processo está sob sigilo no STF, mas, ao longo dos anos, operações e decisões que vieram a público permitem traçar um histórico da investigação.

O principal investigado é Jair Bolsonaro. O ex-presidente foi incluído no inquérito em agosto de 2021, dias após realizar uma transmissão ao vivo com ataques ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas. Meses antes, em fevereiro, o então deputado federal Daniel Silveira teve a prisão em flagrante decretada por Moraes no âmbito da investigação após divulgar um vídeo no qual afirmou que o STF não “faz p…. nenhuma” e que os 11 ministros da Corte deveriam ser destituídos.

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Antes disso, em maio de 2020, Moraes expediu 29 mandados de busca e apreensão contra os blogueiros Allan dos Santos e Bernardo Kuster, a ativista Sara Winter, os empresários Luciano Hang e Otávio Fakhoury e o ex-deputado Roberto Jefferson, entre outros alvos. A operação mirava o chamado “gabinete do ódio”, estrutura criada pelo entorno de Bolsonaro para disseminar notícias falsas. Também houve pedidos de quebra de sigilos fiscal e bancários de supostos financiadores do esquema.

Foi nesta operação que Moraes ordenou que oito deputados federais e estaduais bolsonaristas prestassem depoimentos à Polícia Federal no âmbito do inquérito das fake news. Foram eles: Beatriz Kicis (PL-DF) Carla Zambelli (PL-SP), Filipe Barros (PL-PR), Cabo Junio Amaral (PL-MG), Luiz Phillipe Orleans e Bragança (PL-SP), Gil Diniz (PL-SP), o próprio Daniel Silveira e o à época deputado paulista Douglas Garcia.

O PCO também se tornou alvo do inquérito antes das eleições de 2022. A sigla teve as redes bloqueadas por Moraes após defender a “dissolução do STF”, chamar o ministro de “skinhead de toga” e “tucano fascista”. Outra sigla que sofreu as consequências do processo foi o PL, partido de Bolsonaro.

O presidente da sigla, Valdemar Costa Neto (PL) foi intimado pelo ministro do Supremo a apresentar explicações sobre um relatório publicado pelo PL que contestava o sistema de apuração de votos do TSE apenas quatro dias antes do primeiro turno em 2022.

Veja lista de investigados, presos, alvos de mandado de busca e apreensão ou citados no inquérito das fake news

  • Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente
  • Valdemar Costa Neto (PL), por ser presidente do PL
  • Partido da Causa Operária (PCO)
  • Beatriz Kicis (PL- DF), deputada federal
  • Carla Zambelli (PL-SP), deputado federal
  • Daniel Silveira, ex-deputado federal
  • Filipe Barros (PL-PR), deputado federal
  • Cabo Junio do Amaral (PL-MG), deputado federal
  • Luiz Phillipe Orleans e Bragança (PL-SP), deputado federal
  • Douglas Garcia, ex-deputado estadual por São Paulo
  • Gil Diniz (PL-SP), deputado estadual por São Paulo
  • Roberto Jefferson Monteiro Francisco – ex-deputado
  • Luciano Hang – empresário bolsonarista dono das lojas Havan
  • Allan dos Santos – sócio do site conservador Terça Livre; um dos principais blogueiros alinhados com o bolsonarismo;
  • Sara Winter – ex-ativista bolsonarista
  • Winston Rodrigues Lima – capitão da reserva da Marinha e youtuber
  • Reynaldo Bianchi Junior – youtuber e humorista
  • Bernardo Pires Kuster – youtuber
  • Marcelo Stachin – ativista bolsonarista
  • Edgard Gomes Corona – dono da rede de academia Bio Ritmo e Smartfit
  • Edson Pires Salomão – assessor do então deputado estadual Douglas Garcia
  • Rodrigo Barbosa Ribeiro – auxiliar parlamentar do então deputado estadual Douglas Garcia
  • Enzo Leonardo Suzi Momenti – youtuber
  • Eduardo Fabres Portella
  • Paulo Gonçalves Bezerra
  • Marcos Dominguez Bellizia
  • Otavio Oscar Fakhoury
  • Rafael Moreno

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By valeon