História de Vivian de Souza Campos – Mega Curioso

Na noite de 21 de agosto de 1986, uma catástrofe inimaginável se abateu sobre o noroeste de Camarões: o lago Nyos, situado na cratera de um vulcão extinto, explodiu em um evento que chocou o mundo. O que causou essa explosão devastadora? Como um lago pode se transformar em uma bomba-relógio mortal?

O perigo invisível dos lagos vulcânicos

Lago Nyos. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Lago Nyos. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Lagos vulcânicos são formados em crateras de vulcões extintos, onde a atividade magmática ainda pode influenciar o ambiente subaquático. Nessas formações, o dióxido de carbono (CO2) é liberado de uma câmara magmática subterrânea e se acumula no fundo do lago.

Normalmente, as variações de temperatura e os movimentos da água ajudam a liberar o CO2 de maneira segura. No entanto, em regiões equatoriais, como em Camarões, onde a temperatura da água é constante e a circulação é limitada, o CO2 se acumula gradualmente em uma camada supersaturada no fundo do lago. Quando ocorre uma perturbação, como um terremoto ou deslizamento de terra, essa camada de gás pode ser liberada de uma só vez, num evento conhecido como erupção límnica.

Foi isso que aconteceu em 15 de agosto de 1985, no lago Monoun, localizado 100 km a sudeste do Nyos. Uma erupção límnica liberou uma quantidade fatal de CO2, matando 37 pessoas. Cerca de um ano depois, Nyos experimentou uma tragédia ainda maior, quando uma erupção límnica liberou quase um bilhão de metros cúbicos de CO2, criando uma nuvem mortal que se espalhou pelos vales vizinhos, sufocando tudo em seu caminho. Estima-se que 1.746 vidas humanas foram ceifadas, além de mais de 3 mil cabeças de gado e numerosos animais selvagens.

Como prevenir novos desastres

Desgasificação controlada no Lago Nyos. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Desgasificação controlada no Lago Nyos. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Após o desastre do Nyos, órgãos internacionais se mobilizaram para evitar novos eventos catastróficos. A solução encontrada foi a instalação de tubos de ventilação no fundo dos lagos para permitir a liberação gradual do CO2. Em 2001, um tubo de ventilação foi finalmente colocado no Nyos, enquanto o Monoun recebeu três tubos entre 2003 e 2006. Esses tubos ajudaram a reduzir a pressão de gás, mas os desafios persistem.

O lago Kivu, na fronteira entre Ruanda e a República Democrática do Congo, é outro lago vulcânico que representa um risco significativo. Com uma área de 2.700 m2 e uma profundidade de 480 metros, o Kivu contém cerca de 256 km3 de CO2 e 65 km3 de metano – um gás inflamável. Uma erupção poderia causar um desastre em uma escala sem precedentes.

Atualmente, os especialistas monitoram de perto os lagos vulcânicos e desenvolvem estratégias para gerenciar o gás de forma segura, potencialmente utilizando-o para abastecer usinas de gás natural. Embora medidas preventivas tenham sido implementadas, o risco permanece, e os moradores ao redor desses locais continuam a viver sob a sombra de desastres naturais.

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By valeon