História de The Economist – Jornal Estadão
O esforço da indústria automobilística para se descarbonizar gira em torno da substituição da gasolina por baterias. Um número crescente de clientes quer ambos. Compradores que não podem pagar por um carro totalmente elétrico, ou que se preocupam com a disponibilidade de pontos de carregamento, estão optando por veículos elétricos híbridos plug-in (carregados na tomada), cujas vendas estão disparando. Mas o alarde em torno dos híbridos pode se mostrar de curta duração.
As vendas mundiais de carros que funcionam puramente a bateria foram mais do que o dobro daquelas dos híbridos no último ano. Mas a diferença tem se fechado rapidamente. As vendas de híbridos plug-in cresceram quase 50% nos primeiros sete meses de 2024 comparadas com igual período de 2023, enquanto aqueles totalmente elétricos avançaram 8%, segundo estimativas da corretora Bernstein.
Os fabricantes de automóveis têm diminuído o entusiasmo por veículos elétricos e aumentado o interesse por híbridos. Este mês, a Volvo retrocedeu em seu compromisso de se tornar totalmente elétrica até 2030. Agora ela diz que elétricos e híbridos juntos representarão 90% de suas vendas até o final da década. No mês passado, a Ford anunciou que estava abandonando planos de fabricar um grande SUV totalmente elétrico, optando em vez disso pela força híbrida. A Hyundai está dobrando sua gama de híbridos de sete para 14 modelos. A Volkswagen também prometeu aumentar investimentos em híbridos enquanto repensa seus planos para elétricos.
Carros elétricos ainda enfrentam o receio dos motoristas em relação à autonomia da bateria, temendo não conseguir completar a viagem Foto: Alex Silva/ Estadão – 14/12/2021
Os consumidores estão se voltando para os híbridos parcialmente porque são mais baratos. As grandes baterias necessárias para rodar veículos totalmente elétricos os tornam muito mais caros do que os carros a gasolina. Isso é um problema quando se trata de vender para o mercado de massa; a maioria dos compradores “não pagará um prêmio”, diz Jim Farley, chefe da Ford.
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Os híbridos plug-in, por outro lado, funcionam com baterias menores: eles basicamente têm uma unidade de 20 quilowatts-hora, cerca de um terço do tamanho das baterias dos elétricos. Como consequência, os híbridos são apenas um pouco mais caros do que os carros movidos a gasolina, e custam menos para rodar. Embora possam normalmente viajar apenas cerca de 40 milhas (aproximadamente 64 km) em suas baterias, a opção de usar gasolina evita a ansiedade que muitos motoristas de elétricos têm sobre ficar sem carga.
Por sua vez, os fabricantes de automóveis gostam de híbridos porque eles geralmente são tão lucrativos quanto os carros movidos a gasolina, em contraste com os elétricos, muitos dos quais são deficitários. Baterias menores significam custos de produção mais baixos. Os híbridos também permitem que os fabricantes de carros tradicionais aproveitem mais suas experiências e cadeias de suprimentos existentes.
A moda pelos híbridos, no entanto, pode se revelar passageira. Regras na Califórnia, adotadas por mais 16 Estados americanos, estipulam que até 2035 apenas 20% dos novos veículos vendidos pelos fabricantes de automóveis podem ser híbridos plug-in; o restante deve ser totalmente elétrico. A União Europeia planeja apertar ainda mais os freios: o bloco vai proibir a venda de todos os carros que funcionam com motores a gasolina, incluindo híbridos, até 2035.
Os híbridos já podem ser menos competitivos até lá. Os preços das baterias têm caído e cairão ainda mais à medida que a produção se expande e novas químicas são desenvolvidas. Fabricantes de automóveis como a Renault têm planos de lançar modelos elétricos que custam significativamente menos do que suas ofertas atuais, estimulados pela concorrência chinesa. As redes de carregamento continuam a se expandir.
A Bernstein prevê que os veículos híbridos capturarão uma parcela cada vez maior do mercado de automóveis até por volta de 2030, mas que as vendas se estabilizarão e, por fim, diminuirão à medida que as vendas de elétricos se acelerarem. Os híbridos estão “vencendo agora, mas os elétricos acabarão triunfando”, avalia Patrick Hummel, do banco UBS.
Xavier Smith, da AlphaSense, uma empresa de consultoria, acredita que a obsessão que as montadoras têm atualmente com os híbridos se mostrará míope. Aqueles que perderem o foco na eletrificação poderão ficar para trás em breve.
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