ENGIE – Flavia Texeira
A transição energética para uma economia de baixo carbono vai muito além da geração de energia; ela está ligada a uma profunda transformação de padrões
A transição energética é uma mudança de paradigma que envolve não só a geração de energia, mas também o consumo e o reaproveitamento dela. O conceito parte da migração de matrizes energéticas poluentes – como combustíveis fósseis à base de carvão ou petróleo – para fontes de energia renováveis, como hidrelétricas, eólicas, solares e de biomassas.
Mas não é só isso. O olhar da transição energética se estende para o meio ambiente, gestão de resíduos, eficiência energética, digitalização e outros meios necessários para que atinjamos o objetivo comum de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e as suas consequentes influências nas mudanças climáticas.
Neste conteúdo, você entenderá a transição energética nos seguintes tópicos:
- Definindo o termo
- O significado dessa mudança
- O que é esse movimento?
- Como está essa jornada no país?
- A evolução além da energia
- Digitalização no setor elétrico
- A ENGIE nesse contexto
Definindo o termo
A transição – ou transformação – energética é o caminho mais necessário para a evolução da economia de baixo carbono. Transição pressupõe passagem, ou evolução, de uma condição a outra. Quando falamos em transição energética, portanto, tratamos de um novo estado das coisas, com um olhar mais amplo e sistêmico para a sustentabilidade ambiental e social.
O significado dessa mudança
“A transição energética é muito mais uma tomada de consciência sobre o atual modelo de produção, consumo e reaproveitamento da matéria e energia, e sobre a influência disso nas mudanças climáticas. Precisamos refletir sobre a origem e a eficiência energética de toda a cadeia de valor dos produtos e serviços que cada um de nós, cidadãos, empresas e instituições consumimos, aí incluindo o pós-consumo”, afirma a gerente de Meio Ambiente, Responsabilidade Social Corporativa e Transição Energética da ENGIE, Flávia Teixeira.
O que é transição energética?
A transição energética engloba não só a geração e consumo de energia de baixo carbono, como também a forma como otimizamos a utilização de bens e serviços. O significado de transição energética passa também por mudanças na estrutura social, econômica, política e cultural, e pressupõe o reconhecimento de que é insustentável, sob todos os aspectos, inclusive econômico, continuar consumindo recursos naturais na velocidade atual.
Há, por exemplo, uma grande oportunidade na área de eficiência energética, termo que remete à capacidade de conseguir o melhor rendimento, com menor uso de recursos e sem abdicar da qualidade. Empresas e governos devem buscar equipamentos mais eficientes, por exemplo, além de racionalizar o uso do solo e da água, acelerar a economia circular, otimizar a geração das usinas hidrelétricas, os sistemas de transmissão, etc.
Transição energética no Brasil
A produção e consumo de energia a partir de fontes renováveis é um aspecto tão importante quanto o acesso à energia elétrica no Brasil. Segundo o Banco Mundial, ainda existem 840 milhões de pessoas sem acesso à energia elétrica no mundo e é por isso que se fala em transição justa, pois ainda não é possível equilibrar o sistema e aumentar o acesso à energia somente com fontes renováveis em todos os casos.
Nesse cenário, o gás natural funciona muitas vezes como um combustível intermediário, pois, embora seja de origem fóssil, tem menor emissão de CO2 em comparação a outros combustíveis fósseis.
No Brasil, por exemplo, apesar da universalização da energia estar bem avançada, há populações isoladas que dependem de usinas termelétricas ou outras soluções locais. Atualmente, essa condição representa menos de 1% da carga total do sistema.
Contudo, o país já tem um sistema energético renovável considerável, que pode representar 50% da matriz em 2022. Em termos de energia elétrica renovável, estamos ainda mais avançados, com cerca de 85% da nossa matriz de geração dentro desse espectro.
Prova do nosso bom desempenho é em relação ao ODS-7, que trata de energia limpa. Isso se reflete na baixa participação do setor elétrico no total das emissões brasileiras de gases do efeito estufa (GEE).
“Boa parte das emissões no exterior vem da geração de energia, devido ao peso das fontes fósseis na matriz. No Brasil é diferente, pois a nossa matriz é bastante renovável. Por isso, precisamos avançar na transição como um todo, da produção ao consumo de energia. O debate para reduzir as emissões precisa ser aprofundado para além da energia”, diz Giuseppe Signoriello, consultor de transição energética da ENGIE.
Mudanças nas áreas de transporte, solo e aproveitamento de resíduos
Por isso, a transição energética para uma economia de baixo carbono no Brasil deve passar, inclusive, por mudanças nas áreas de transporte, uso do solo e aproveitamento de resíduos. No transporte, essencialmente o rodoviário, a sociedade e os governos devem avaliar alternativas como a eletrificação de ônibus e caminhões e o uso de combustíveis renováveis, como o biogás, o biometano e o etanol.
“No caso do etanol, o grande incentivador de uso ainda é o preço. Mas a transição energética deve ir além disso. Deve ser o reconhecimento de toda uma cadeia de consumo e suprimento por trás desse combustível”, afirma o gerente de Meio Ambiente e Responsabilidade Social da ENGIE Brasil Energia, José Magri.
Fontes renováveis de energia
Entre as principais fontes de energia utilizadas no Brasil, as renováveis têm grande destaque, representando 48,4% da matriz energética nacional. E a tendência é de que esse percentual aumente nos próximos anos, em busca da neutralidade na emissão de carbono no país.
Entenda quais são as principais fontes renováveis de energia, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), divulgados no Relatório Síntese 2021:
Hidrelétrica
A energia proveniente de hidrelétricas responde por 65,2% da matriz elétrica nacional. Trata-se de uma fonte renovável, sem emissão de poluentes. Normalmente, são empreendimentos que causam impactos positivos nas regiões em que estão implantados, pois adotam boas práticas de conservação ambiental, mitigação de impactos e contribuições para a comunidade local.
Eólica
De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a energia eólica hoje representa 10,9% da matriz elétrica brasileira e a expectativa é que chegue a 13,6% ao fim de 2025.
Solar
A energia solar representa 1,7% da matriz elétrica do país, de acordo com a EPE. Somente em 2020, a capacidade instalada em energia solar fotovoltaica cresceu 66% no país, impulsionada, principalmente, pela geração distribuída.
Nuclear
O uso de energia nuclear, no Brasil, foi de somente 2,2% em 2020 – menos que os 2,5% de 2019. Mas, especificamente na geração termelétrica, essa fonte tem uma participação um pouco maior (8,9%).
Gás Natural
A média diária de produção do ano foi de 127,8 milhões de m³/dia e o volume importado foi de 26,3 milhões de m³/dia. O gás natural participa com 11,8 % na matriz energética nacional, mas sua demanda recuou 6,0% em 2020, em relação ao ano anterior, devido principalmente à queda do consumo industrial, da ordem de 13,3%.
Biomassa
A biomassa também apresentou crescimento em sua participação na matriz elétrica, passando de 8,4% em 2019 para 9,1% em 2020. Trata-se de uma fonte primária de energia, não fóssil, produzida a partir de matéria orgânica de origem animal ou vegetal.
A evolução além da energia
Na gestão de cidades, estudos estimam que a totalidade dos resíduos sólidos urbanos gerados pelo Brasil seria capaz de produzir energia elétrica capaz de atender ao correspondente a 3% do consumo. Com cerca de metade dos resíduos composta por lixo orgânico, o Brasil é o país com maior potencial para a produção de biogás, pois além dos de origem urbana, conta com os gerados pela agroindústria.
O desafio, portanto, reside na integração entre os setores produtivos e o poder público, na construção de políticas transversais que viabilizem a transição justa, conciliando a inovação tecnológica e atendendo as demandas sociais.
Sendo as mudanças climáticas o maior risco global, segundo o Fórum Econômico Mundial, torna-se premente a transição energética para a economia de baixo carbono. Para além da geração a partir de fontes renováveis, impõe-se uma visão mais ampla e sistêmica, em busca da máxima eficiência no aproveitamento dos recursos, com universalização do acesso e diversificação da matriz.
No entanto, a transição energética para uma economia de baixo carbono não ocorre do dia para a noite. Novos arranjos, marcos regulatórios e mecanismos de mercado estão surgindo gradativamente para dar os incentivos corretos para que a transição ocorra. Um deles é a precificação do carbono. Embora não seja uma solução para tudo, o mecanismo pode indicar o caminho a seguir.
Novas tecnologias do setor elétrico
A transição energética e a digital estão interligadas, pois a digitalização é responsável por contribuir com soluções para diversos desafios na geração, transmissão e distribuição de energia. A conectividade, por exemplo, possibilita o ganho de eficiência e também a coleta de dados que podem ser úteis para o negócio.
A ENGIE nesse contexto
A ENGIE tem como propósito agir para acelerar a transição para uma economia neutra em carbono por meio do consumo reduzido de energia e soluções mais sustentáveis. Maior empresa privada de energia do Brasil e detentora da mais extensa rede de transporte de gás natural do país, a empresa produz a maior parte da sua energia através de fontes renováveis e oferece soluções às empresas para a produção da própria energia, gestão e redução do consumo energético e de gás, além de produtos voltados à descarbonização, inclusive no que envolve as cidades inteligentes.