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Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, órgão executivo da UE (imagem de arquivo)

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, órgão executivo da UE (imagem de arquivo)”A linha de chegada do acordo UE-Mercosul está à vista. Vamos trabalhar, vamos cruzá-la”, afirmou presidente da Comissão Europeia, que chegou a Montevidéu para a cúpula do bloco sul-americano.A despeito da resistência da França ao acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sinalizou nesta quinta-feira (05/12) que está na América Latina para tirá-lo do papel.

“A linha de chegada do acordo UE-Mercosul está à vista. Vamos trabalhar, vamos cruzá-la”, afirmou von der Leyen em postagem publicada no X. “Temos a chance de criar um mercado de 700 milhões de pessoas – a maior parceria de comércio e investimentos que o mundo já viu.”

A alemã está em Montevidéu, no Uruguai, para participar da cúpula do bloco sul-americano, do qual fazem parte a Argentina, o Brasil, o Paraguai, o Uruguai e a Bolívia. A reunião segue até sexta-feira, quando pode ser feito o anúncio da conclusão do tratado, numa coletiva prevista para as 9h30 (horário de Brasília).

Von der Leyen chefia o órgão executivo da UE, que tem autonomia para negociar a política comercial do bloco de 27 países. Isso independe de resistências pontuais de alguns de seus membros – como é o caso da França, além de Polônia, Áustria e Holanda –, já que o acordo, em negociação há mais de 25 anos, não precisa ser aprovado por unanimidade.

França protesta

Horas depois do anúncio de von der Leyen, o gabinete do presidente francês Emmanuel Macron reagiu reiterando suas críticas ao acordo.

“O projeto de acordo entre UE e Mercosul é inaceitável em seu estado atual. O presidente disse isso novamente à presidente da Comissão Europeia”, disse o Palácio do Eliseu via X. “Continuaremos a defender incansavelmente nossa soberania agrícola.”

Produtores rurais franceses têm se oposto firmemente ao acordo por temerem concorrência desleal com os países do Mercosul. Eles alegam estar sujeitos a exigências sanitárias e ambientais mais rígidas.

A França tenta mobilizar outros países da UE contra o acordo com o Mercosul, mas se vê atualmente tragada por uma crise política interna. Após convocar eleições antecipadas ao Parlamento e perder apoio na Assembleia Nacional, Macron nomeou um primeiro-ministro impopular, o conservador Michel Barnier, que acabou derrubado nesta semana pela maioria dos deputados.

A Alemanha, maior economia da UE, é um dos que pressiona pela aprovação do acordo. O país espera que ele alavanque principalmente os ganhos de suas indústrias automobilística e química.

“Compromissos finais”

Durante a coletiva de imprensa diária da Comissão Europeia, o porta-voz comunitário Olof Gill disse que o comissário europeu de Comércio, Maros Sefcovic, acompanha von der Leyen em sua viagem ao Uruguai com “a intenção de finalizar as últimas negociações políticas para concluir o que seria um acordo de associação inovador e histórico”.

Sem dar detalhes, Gill falou em “compromissos finais”. Segundo ele, a sequência habitual de negociações passa primeiro pelo nível técnico antes de “escalar ao nível político e, finalmente, ao mais alto nível político”.

“Portanto, o nosso mais alto nível político [von der Leyen] está na região e os compromissos políticos finais serão discutidos a partir de amanhã”, disse Gill.

O porta-voz sugeriu que, independente de “acontecimentos políticos nos nossos Estados-membros”, a Comissão Europeia tem autonomia para negociar “acordos comerciais ou de associação”.

As tratativas entre UE e Mercosul para formalizar o acordo nunca saíram do papel, apesar de o texto original ter sido assinado pelas partes em 2019, duas décadas após o início das negociações.

A discussão voltou a ganhar força em 2023, quando os europeus apresentaram um protocolo adicional para adaptar o texto às novas exigências ambientais da União Europeia, o que reabriu negociações do lado sul-americano por mais incentivos às indústrias nacionais.

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By valeon