Helio Souza – Expositor Doutrinário e Palestrante Espírita em Assuepa (1998–presente) – Quora
Olha…. Eu tenho pra mim que esta pergunta foi feita na inocência. Mas é uma boa pergunta então acho que devo me dar ao trabalho de tentar responder, mas avisando de antemão que a resposta é muito complexa e de que sou capaz de não conseguir.
Há coisas das quais o Espiritismo não se ocupa, enquanto Doutrina. Quanto tempo vivem os Espíritos é uma delas. Talvez porque tal questão está entre aquelas para as quais não temos condições de compreender, posto que avaliamos tudo segundo nossos sentidos grosseiros.
Mas Deus criou os espíritos tanto quanto criou todo o Universo (concordamos aqui, certo?) então não poderia ter feito uns em detrimento de outros. Isto é, não poderia ter criado todas aquelas partículas elementares lá no início de tudo, 15 bilhões de anos atrás, sem ter criado paralelamente o que conhecemos como princípio espiritual. Se concordarmos que existem dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito, também temos que concordar que eles precisam ter sido criados ao mesmo tempo, sem o que um será causa e o outro, efeito.
Em resumo: esta discussão, para fazer sentido, precisa estar alicerçada neste postulado: matéria e espírito caminham lado a lado desde o princípio.
Na química elementar, aprendemos ─ e isto é matéria do segundo grau ─ que nada se cria e sim tudo se transforma. Algo que morre na realidade não morreu, apenas se desintegrou e voltou aos seus elementos constitutivos. Até seus átomos originais. Até suas menores partículas. Pode-se inferir daí que as partículas atômicas são, de fato, as mesmas e que viajam ao longo dos bilhões de anos constituindo aqui e ali uma molécula, um mineral, um corpo, assim por diante… E sendo secundadas para isto por uma vontade soberana, que usa modelos organizadores básicos para dar forma e função, segundo as necessidades momentâneas.
De certa forma, seria correto afirmar que um elétron de carga positiva é eterno, dadas suas características e comportamento. Sou fascinado pela forma como novos elementos químicos se formam apenas trocando seus elétrons entre si! É deslumbrante!
Mas este elétron, mesmo invisível e mesmo eterno, é matéria. Há algo que lhe sobrepõem, a inteligência organizadora, submetida à inteligência suprema que tudo comanda. E aqui me refiro ao Espírito. Aqui ela atua dando sentido e propósito às organizações atômicas que se formam a partir de determinadas condições.
Poderias haver um sem o outro? Poderia a matéria gerir-se espontaneamente? Você já viu um crescimento celular desordenado? Claro que já! O nome disto é câncer! Acho que neste ponto conseguimos admitir, como hipótese de trabalho, que espírito e matéria desenvolvem-se paralelamente, certo?
A cereja do bolo é a pergunta 25 de O Livro dos Espíritos, um dos pilares do Espiritismo, ditado pelos espíritos superiores ao codificador Allan Kardec.
“a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria” – na afirmação deles.
Portanto, amigo. O Espírito é eterno por definição. Não tem começo ou fim, nem se submete ao tempo nem se circunscreve no espaço.
Você gostaria que houvesse um tempo definido? Pense então no tempo do Universo. Uma eternidade estes 13,7 bilhões de anos em que estamos nesta viagem!
Mas atente-se: a vontade de Deus é soberana. Como inteligência suprema criadora de tudo que existe não está submetida à nossa vontade e nem nos deve prestar contas de seus atos. Fiquemos com nossos desafios pessoais que já temos muito a nos ocupar a inteligência!
Não vos percais num labirinto donde não lograríeis sair. Isso não vos tornaria melhores, antes um pouco mais orgulhosos, pois que acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis. Deixai, conseguintemente, de lado todos esses sistemas; tendes bastantes coisas que vos tocam mais de perto, a começar por vós mesmos. Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos libertardes delas, o que será mais útil do que pretenderdes penetrar no que é impenetrável.
Espero ter ajudado. Luz e Paz.
Helio Souza