História de Martha Beck – Bloomberg

(Bloomberg) — A equipe econômica tem como diagnóstico a leitura de que o mercado já não espera mais nada de relevante do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em controle de gastos. Novas medidas de ajuste estão em estudo para assegurar a sobrevivência do arcabouço fiscal, mas isso também não resolverá todos os problemas envolvendo a credibilidade da política econômica.

A maior incerteza está em como o governo vai terminar 2025 e entrar 2026. A aposta que hoje machuca a economia, afirmam integrantes da equipe econômica, é que Lula buscará entrar na briga pela reeleição, com aumento de investimentos e programas sociais, a partir do momento em que a atividade desacelerar.

Um sinal já foi dado com a ordem para que o governo busque reduzir preços de alimentos. A questão é como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai andar nessa corda bamba.

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Depois de uma longa reunião entre ministros e o presidente Lula sobre a inflação de alimentos na sexta-feira, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o governo não adotará medidas heterodoxas para reduzir preços. Segundo ele, uma das possibilidades é diminuir o imposto de importação para alimentos que estejam mais baratos no exterior e estimular produção via plano safra.

Sucessão 

Lula aproveitou a primeira reunião ministerial de 2025 para falar sobre sucessão presidencial e mencionou a possibilidade de eleger um sucessor caso ocorra algo alheio a sua vontade, citando como exemplo sua queda no banheiro. Alguns dos presentes se perguntaram se o presidente estaria fazendo um paralelo de sua situação com a do ex-presidente americano Joe Biden, que demorou a abrir mão da candidatura em nome de uma sucessora e acabou sendo derrotado.

Quem conhece bem Lula, no entanto, sabe que essa é a forma clássica com a qual presidente costuma operar. Ele é o candidato para 2026. O objetivo de acenar com um outro nome que não seja o próprio para a presidência é pelo prazer de ver os postulantes ao cargo ouriçados. Aliados dizem que essa não é a primeira vez e nem será a última que isso acontece.

Reforma

Uma das dificuldades de Lula no xadrez da reforma ministerial é para onde levar a deputada federal e atual presidente do PT, Gleisi Hoffmann, cujo mandato à frente do partido termina em junho. Um temor dos aliados de Lula é que ela seja levada para dentro do Palácio do Planalto, onde poderia criar tensões adicionais nas negociações sobre a agenda econômica que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, precisa implementar.

Segundo um aliado do presidente, o ideal seria que a deputada ficasse num ministério social, sendo a pasta das mulheres o lugar ideal. No Desenvolvimento Social, hoje comandado por Wellington Dias, Hoffmann também poderia eventualmente criar tensões com Haddad em medidas de austeridade fiscal. O ministério é quem gere o programa Bolsa Família e colocou vários obstáculos à agenda de corte de gastos apresentada pelo governo no ano passado.

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By valeon