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Quatro mulheres deixaram a Faixa de Gaza em carros da Cruz Vermelha. Em contrapartida, um segundo grupo de prisioneiros palestinos deve deixar prisão, conforme acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo islâmico.
Israelenses acenaram e sorriram antes de serem conduzidas aos veículos da Cruz Vermelha© Omar Al-Qattaa/AFP/Getty Images
Militantes do Hamas entregaram à Cruz Vermelha neste sábado (25/01) quatro mulheres israelenses reféns, conforme previsto em um acordo de cessar-fogo na guerra de Gaza, que também deve resultar, em contrapartida, na libertação de um segundo grupo de prisioneiros palestinos.
As militares israelenses Karina Ariev, Daniella Gilboa, Naama Levy – todas com 20 anos – e Liri Albag, 19, deixaram o território palestino em veículos da Cruz Vermelha, tendo chegado ao território israelense, onde se reuniram com suas famílias.
Elas tinham sido sequestradas de uma base militar de Nahal Oz, a um quilômetro da Faixa de Gaza, durante os ataques do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, tendo sido mantidas em cativeiro por mais de 15 meses.
As quatro foram apresentadas em um palco na praça principal da cidade de Gaza, onde dezenas de militantes armados e mascarados se reuniram. Elas acenaram e sorriram antes de serem conduzidas aos veículos da Cruz Vermelha.
Os combatentes do Hamas e da Jihad Islâmica, portando rifles de assalto e lançadores de granadas propelidas por foguetes, reuniram-se em fileiras, muitos deles carregando as bandeiras de seus grupos e usando bandanas verdes, enquanto multidões de moradores de Gaza se reuniam para assistir.
Israel confirmou na sexta-feira que havia recebido uma lista com os nomes dos reféns.
Neste sábado, fontes palestinas disseram que Israel deve libertar 200 prisioneiros palestinos em troca dos reféns.
Israel acusa Hamas de violar acordo
Israel acusou neste sábado o Hamas de violar o acordo de cessar-fogo. “O Hamas não cumpriu suas obrigações de libertar primeiro as mulheres civis israelenses”, disse o porta-voz do Exército, Daniel Hagari, em uma breve declaração, logo após a confirmação de que as quatro reféns haviam entrado em território israelense.
Na noite de sexta-feira, quando o Hamas anunciou que libertaria as quatro militares, Israel expressou sua discordância, mas acabou concordando.
Embora Israel afirme que uma condição do acordo era que as mulheres civis israelenses teriam prioridade na libertação, nenhum dos documentos negociados disponíveis para a agência de notícias espanhola EFE inclui essa cláusula.
Os documentos especificam que, durante a primeira fase do cessar-fogo de 42 dias, a prioridade é libertar mulheres (civis e militares), crianças e homens com mais de 50 anos de idade.
Israel afirmou que não permitirá que os habitantes de Gaza retornem ao norte da Faixa de Gaza neste domingo, conforme estipulado no acordo de cessar-fogo, até que o Hamas providencie a libertação da refém civil Arbel Yehud, dizendo que ela deveria ter deixado Gaza neste sábado, em vez de uma das militares.
“Conforme acordado, Israel não permitirá que os habitantes de Gaza atravessem para o norte da Faixa de Gaza até que a libertação de Arbel Yehud, que deveria ter sido libertada hoje, seja providenciada”, disse um comunicado do gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Momentos depois do anúncio israelense, o Hamas informou a Israel que Yehud está viva e será libertada no próximo sábado, de acordo com a emissora Al Jazeera, do Catar.
Acordo vigora desde domingo
A troca de reféns e prisioneiros faz parte de um frágil acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que entrou em vigor no último domingo, e que tem como objetivo abrir caminho para um fim permanente da guerra.
Os mediadores do Catar e dos Estados Unidos anunciaram o acordo dias antes da posse do presidente dos EUA, Donald Trump. Desde então, Trump reivindicou o crédito por garantir o acordo após meses de negociações infrutíferas.
No domingo passado, quando entrou em vigor o cessar-fogo em Gaza, o Hamas libertou três reféns e, em contrapartida, Israel libertou 90 detentos palestinos no dia seguinte.
Abu Obeida, porta-voz das Brigadas Ezzedine al-Qassam, braço armado do Hamas, disse no Telegram na sexta-feira que “como parte do acordo de troca de prisioneiros, as brigadas Qassam decidiram libertar amanhã quatro mulheres soldados”.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou ter recebido os nomes por meio de mediadores.