História de Rolf Kuntz – Jornal Estadão

Mais empenhado em mandar do que em governar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem insistido em gastar e em se meter na gestão da Petrobras, na distribuição de combustíveis e na orientação do Ibama, depois de haver tentado interferir no Banco Central e até na Vale, uma empresa privatizada e com capital amplamente dividido.

Completada metade do mandato, com dois anos de crescimento econômico e recorde de empregos, o presidente continua devendo uma arrumação das contas públicas, essencial para a prosperidade segura. Desenhado pelo ministro da Fazenda, o roteiro do ajuste nunca foi claramente adotado como compromisso presidencial.

Pouco empenhado, na prática, em seguir a prudência defendida por Haddad, o presidente Lula talvez perceba, no entanto, a importância do ministro como fiador de seu governo. Apesar disso, admite as pressões de outros componentes da equipe ministerial contra o chefe da área financeira.

Lula chegou a falar em público sobre alta do custo de vida, mas limitou-se a aconselhar as pessoas a buscar os produtos mais baratos Foto: Wilton Junior/Estadão

Lula chegou a falar em público sobre alta do custo de vida, mas limitou-se a aconselhar as pessoas a buscar os produtos mais baratos Foto: Wilton Junior/Estadão

Essas pressões marcaram a reunião realizada no domingo na Granja do Torto, segundo informações vazadas à imprensa. Ausente da reunião, Haddad foi apontado pelos colegas como responsável pela perda de popularidade do presidente, indicada em recente pesquisa.

Falou-se, no encontro, em medidas impopulares como a taxação das blusinhas e a interferência no Pix, mas pouca ou nenhuma atenção foi dada à alta geral de preços ou à inflação dos alimentos, problemas de enorme importância para a maior parte das famílias. O presidente Lula chegou a falar em público sobre a alta do custo de vida, mas limitou-se a aconselhar as pessoas a buscar os produtos mais baratos — uma recomendação absolutamente desnecessária para a maioria dos brasileiros.

Aumentos de preços podem ser atribuídos a vários fatores, mas pressões inflacionárias são frequentemente associadas à gastança governamental e à insegurança quanto à evolução das contas públicas. Em vez de aconselhar o consumidor a controlar seus gastos — algo rotineiro no Brasil —, o presidente da República poderia, com maior proveito para todos, ensaiar uma avaliação de sua política e pensar nas possíveis vantagens da prudência fiscal. Com um pouco de esforço, poderia, talvez, pensar um pouco mais na ordenação e na limitação das despesas de acordo com as prioridades.

Para isso, no entanto, o presidente deveria abandonar a identificação, tradicionalmente petista, entre governar e gastar. Governar envolve despesas, é claro, mas envolve também o reconhecimento da limitação de recursos, incluídos aqueles obtidos por meio do endividamento.

A economia brasileira cresceu 3,5% no ano passado, segundo estimativa de economistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Completam-se, com esse desempenho, dois anos de razoável expansão — 3,2% em 2023 e 3,5% em 2024. O investimento produtivo — em máquinas, equipamentos, instalações e infraestrutura — aumentou de um ano para outro e chegou a um nível equivalente a 17,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar da evolução, a parcela investida ainda é insuficiente para garantir um avanço econômico mais acelerado num período mais longo.

Para aumentar o investimento público, o governo deverá ser mais severo na administração e elevar a poupança oficial. Para estimular o setor privado a investir, terá de favorecer a confiança do empresariado, nacional e estrangeiro, nas condições da economia ao longo dos próximos anos. Outros emergentes têm conseguido investir mais de 20% do PIB a cada ano. Governança pode fazer enorme diferença para isso.

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Mais empenhado em mandar do que em governar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem insistido em gastar e em se meter na gestão da Petrobras, na distribuição de combustíveis e na orientação do Ibama, depois de haver tentado interferir no Banco Central e até na Vale, uma empresa privatizada e com capital amplamente dividido.

Completada metade do mandato, com dois anos de crescimento econômico e recorde de empregos, o presidente continua devendo uma arrumação das contas públicas, essencial para a prosperidade segura. Desenhado pelo ministro da Fazenda, o roteiro do ajuste nunca foi claramente adotado como compromisso presidencial.

Pouco empenhado, na prática, em seguir a prudência defendida por Haddad, o presidente Lula talvez perceba, no entanto, a importância do ministro como fiador de seu governo. Apesar disso, admite as pressões de outros componentes da equipe ministerial contra o chefe da área financeira. financeira.

Lula chegou a falar em público sobre alta do custo de vida, mas limitou-se a aconselhar as pessoas a buscar os produtos mais baratos Foto: Wilton Junior/Estadão

Lula chegou a falar em público sobre alta do custo de vida, mas limitou-se a aconselhar as pessoas a buscar os produtos mais baratos Foto: Wilton Junior/Estadão

Essas pressões marcaram a reunião realizada no domingo na Granja do Torto, segundo informações vazadas à imprensa. Ausente da reunião, Haddad foi apontado pelos colegas como responsável pela perda de popularidade do presidente, indicada em recente pesquisa.

Falou-se, no encontro, em medidas impopulares como a taxação das blusinhas e a interferência no Pix, mas pouca ou nenhuma atenção foi dada à alta geral de preços ou à inflação dos alimentos, problemas de enorme importância para a maior parte das famílias. O presidente Lula chegou a falar em público sobre a alta do custo de vida, mas limitou-se a aconselhar as pessoas a buscar os produtos mais baratos — uma recomendação absolutamente desnecessária para a maioria dos brasileiros.

Aumentos de preços podem ser atribuídos a vários fatores, mas pressões inflacionárias são frequentemente associadas à gastança governamental e à insegurança quanto à evolução das contas públicas. Em vez de aconselhar o consumidor a controlar seus gastos — algo rotineiro no Brasil —, o presidente da República poderia, com maior proveito para todos, ensaiar uma avaliação de sua política e pensar nas possíveis vantagens da prudência fiscal. Com um pouco de esforço, poderia, talvez, pensar um pouco mais na ordenação e na limitação das despesas de acordo com as prioridades.

Para isso, no entanto, o presidente deveria abandonar a identificação, tradicionalmente petista, entre governar e gastar. Governar envolve despesas, é claro, mas envolve também o reconhecimento da limitação de recursos, incluídos aqueles obtidos por meio do endividamento.

A economia brasileira cresceu 3,5% no ano passado, segundo estimativa de economistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Completam-se, com esse desempenho, dois anos de razoável expansão — 3,2% em 2023 e 3,5% em 2024. O investimento produtivo — em máquinas, equipamentos, instalações e infraestrutura — aumentou de um ano para outro e chegou a um nível equivalente a 17,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar da evolução, a parcela investida ainda é insuficiente para garantir um avanço econômico mais acelerado num período mais longo.

Para aumentar o investimento público, o governo deverá ser mais severo na administração e elevar a poupança oficial. Para estimular o setor privado a investir, terá de favorecer a confiança do empresariado, nacional e estrangeiro, nas condições da economia ao longo dos próximos anos. Outros emergentes têm conseguido investir mais de 20% do PIB a cada ano. Governança pode fazer enorme diferença para isso.

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By valeon