História de AutoPapo

Mistura é prejudicial para os motores (Fotomontagem: Ernani Abrahão | AutoPapo)

Mistura é prejudicial para os motores (Fotomontagem: Ernani Abrahão | AutoPapo)© Fornecido por AutoPapo

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) suspendeu temporariamente, nesta terça-feira (18), o aumento da mistura do biodiesel ao diesel para 15% (B15), programado para entrar em vigor em março deste ano. Com isso, continua a valer em todo o território nacional a mistura de 14% do biodiesel ao diesel, percentual vigente desde março de 2024, como estipulado pelo CNPE.

“O preço dos alimentos é a grande prioridade do nosso governo. Considerando a necessidade de buscarmos todos os mecanismos para que o preço seja mais barato na gôndola do supermercado, mantemos a mistura em B14 até que tenhamos resultados no preço dos alimentos da população, já que boa parte da produção do biodiesel vem da soja”, explicou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Com esta ação, o governo Lula repete a mesma ação de seu antecessor, Jair Bolsonaro. Em 2021, o então presidente reduziu o percentual de biodiesel no diesel de 13% para 10%. O ministro da Fazenda na época, Paulo Guedes ainda defendia um valor menor do biocombustível, de 6%.

Nos bastidores, a justificativa para a medida de não aumentar o biodiesel na mistura do diesel é que isso provocaria um aumento de até R$ 0,02 no litro do combustível, que já vem de uma escalada nos preços.

Biodiesel e problemas mecânicos

O aumento da quantidade de biodiesel no óleo diesel é uma das ações do programa “Combustível do Futuro”. No ano passado, ele atingiu o patamar de 14% e, em 2025, passaria para 15%. De forma gradual, até 2030, o total previsto é uma mistura de 20%.

Por ser higroscópico (absorver umidade) o biodiesel obtido a partir de vegetais (grãos) ou animais (sebo, gorduras) forma borra no fundo do tanque. E entope o que encontra pela frente: filtros, bomba, tubos, injetores.

O problema é que os produtores do biodiesel utilizam um método antigo, da transesterificação, da década de 30. Mas se utilizam de todos os argumentos para defender seu produto (e faturamento). Alegam que o biodiesel chega a 35% na Indonésia. Sem explicar que, lá, os motores diesel são obsoletos e não cumprem normas modernas de limite de emissões como as nossas.

Não divulgam que em países desenvolvidos, há um consenso em limitar o percentual do biodiesel em 7%. Afirmam ser possível utilizá-lo até puro (B100), mas sem esclarecer que sob condições especiais, com fornecimento imediato do produtor para o veículo. Com o motor calibrado especialmente e aditivos específicos.

E são quase insolúveis os problemas provocados em motores sem uso contínuo, como geradores de emergência, usinas termoelétricas, veículos das Forças Armadas, máquinas agrícolas na entressafra e tantos outros. Só jogando fora depois de algum tempo.

Solução

Entre várias delas, a mais viável é o “Diesel Verde”, um óleo vegetal hidrotratado (HVO – Hydrotreated Vegetal Oil), também obtido de vegetais e animais, que tem a mesma molécula do diesel (ou até melhor…) e não causa nenhum problema no motor, por não conter oxigênio. É um hidrocarboneto puro e, além de mais estável, não emite CO2 e reduz outros poluentes como o particulado, hidrocarbonetos, CO e NOx. O problema é que ainda custa o dobro que o diesel fóssil.

Mas o biodiesel também tinha este custo, há 10 anos, e hoje apenas 20% mais. A maior dificuldade para a produção do HVO são os investimentos nos equipamentos para sua produção.

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By valeon