História de Notas & Informações – Jornal Estadão
Nem o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos – geralmente silente em relação aos costumeiros abusos cometidos pelo Hamas contra civis israelenses e contra os próprios palestinos de Gaza – suportou as imagens repugnantes de terroristas desfilando com caixões contendo os corpos de reféns israelenses que estavam para ser devolvidos a Israel.
“O desfile de corpos como vimos nesta manhã (de quinta-feira passada) é abominável e cruel, e desafia a lei internacional”, declarou o Alto Comissariado, que acrescentou: “Sob a lei internacional, toda entrega de restos mortais deve respeitar a proibição de tratamento cruel, desumano e degradante, garantindo respeito pela dignidade dos mortos e de suas famílias”.
A manifestação do Alto Comissariado é, além de tardia e tímida, inútil. O Hamas não dispensa tratamento humanitário nem mesmo para os miseráveis moradores de Gaza, os quais padecem de todo tipo de insuficiência, enquanto os terroristas roubam a bilionária ajuda humanitária e financeira que o território recebe, vinda de toda parte do mundo, para construir túneis e comprar armas. Não é nada surpreendente, portanto, que o Hamas esteja tratando os reféns israelenses que capturou no infame ataque de 7 de outubro de 2023 da maneira mais desumana possível.
No entanto, o que o grupo terrorista fez no caso dos reféns integrantes da família Bibas – os meninos Kfir, de 10 meses de idade, seu irmão Ariel, de 4 anos, e a mãe deles, Shiri, de 32 anos – vai além do que mesmo a mais depravada imaginação poderia conceber. Não bastasse a crueldade de sequestrar um bebê de colo e seu irmão pequeno, o que em si é a prova cabal da abjeção do Hamas, o uso de seus cadáveres para fins de propaganda comprova que se está diante de monstros, e não de seres humanos.
Como se isso tudo não bastasse, o Hamas, que deveria ter entregue os corpos dos meninos e de sua mãe, como parte do acordo de cessar-fogo com Israel, entregou as crianças mas não a mãe – no lugar dela, foi enviado o cadáver de uma mulher desconhecida, conforme atestaram médicos-legistas de Israel. Os terroristas alegam se tratar de um “engano”. No entanto, a julgar pelo que se viu até aqui, é muito mais provável que o tal “engano” também seja parte da estratégia dos terroristas de ampliar a já indizível dor dos israelenses.
Segundo as autoridades militares israelenses, os exames realizados nos cadáveres mostram que crianças foram assassinadas pelos terroristas “com as próprias mãos”. Já o Hamas alega que os meninos morreram num bombardeio israelense. O mundo é livre para acreditar em quem quiser – ou na versão de um Estado democrático, cujas instituições estão sob permanente escrutínio público, ou na versão de um grupo terrorista que usa a mentira como rotineira arma de guerra.
Mas essa guerra pelos corações e mentes, Israel aparentemente já perdeu. Mesmo diante do sadismo doentio do Hamas, não se tem notícia de manifestações em solidariedade a Israel e de protesto contra o terrorismo palestino. E certamente haverá quem justifique o assassinato deliberado de crianças como parte legítima da “resistência palestina” contra Israel.