História de Notas & InformaçõesHistória de Notas & Informações – Jornal Estadão

Para enaltecer o crescimento de 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, Lula da Silva profetizou em redes sociais que “2025 será´ o ano da colheita”, mas não especificou a que safra se referia. Diz a sabedoria popular que quem semeia vento colhe tempestade, e é a esse “plantio” que o presidente vem se dedicando com afinco desde o início de seu terceiro mandato, como comprova a disparada de 4,8% no consumo das famílias em 2024, o maior propulsor do PIB.

Com a maior alta em 11 anos, os gastos dos brasileiros empurraram a economia, embalados pelas políticas de incentivo do governo. Por óbvio, trouxeram o efeito colateral de aumento da inflac¸a~o – que na~o preocuparia Lula na~o fosse o ni´vel de espalhamento que atinge indistintamente os alimentos e, por tabela, sua popularidade. Recente pesquisa da AtlasIntel mostra que ja´ passa de 50% a parcela de eleitores que avaliam o governo Lula como ruim ou pe´ssimo.

E´ fato que o investimento tambe´m subiu em 2024, especialmente no u´ltimo peri´odo do ano, quando a alta de 7,3% na formac¸a~o bruta de capital fixo (investimento em ma´quinas, equipamentos, construc¸o~es diversas e obras de infraestrutura) em relac¸a~o ao quarto trimestre do ano passado levou a taxa de investimento do ano a 17%. A alta e´ boa noti´cia, mas o patamar e´ ainda pi´fio, insuficiente para garantir um crescimento econo^mico sustenta´vel. Para manter a alta de 3,5% ao ano por ao menos uma de´cada, como o Pai´s precisa para acelerar o desenvolvimento, a taxa teria de ficar ao redor de 25%.

O PIB de 2024, que mante´m o Brasil entre as dez maiores economias do mundo, e´ a parte boa e visi´vel de uma economia aquecida. O problema esta´ na fo´rmula de crescimento, baseada em incentivo ao cre´dito, incremento de gastos pu´blicos, ampliac¸a~o de programas de transfere^ncia de renda e baixi´ssima contrapartida com aumento de capacidade produtiva. Esta´ ai´ a receita do sobreaquecimento econo^mico que leva ao descontrole da inflação e, em última instância, a` recessão.

O consumo caiu 1% no quarto trimestre de 2024 em razão basicamente do processo inflaciona´rio. Foi a primeira queda no ano depois de tre^s trimestres em franca expansa~o. Em condic¸o~es normais, deveria continuar moderado para que a inflac¸a~o convergisse para a meta de 3% e a economia buscasse sua real dimensa~o para tornar via´vel a queda dos juros, possibilitar um aumento natural do investimento e do cre´dito e, ai´ sim, crescer de forma sustentável.

Mas Lula da Silva tem pressa para granjear um bom resultado eleitoral, mesmo que a` custa do comprometimento econo^mico futuro. A desacelerac¸a~o buscada pela poli´tica moneta´ria do Banco Central, que caminha para uma taxa de juros acima de 15% ao ano, como preve^ o mercado financeiro, dificilmente sera´ obtida com o governo jogando contra, insistindo em suas poli´ticas de esti´mulo ao cre´dito e ao consumo, ao estilo do cre´dito consignado privado e da distribuic¸a~o do FGTS. Lula persiste na ladainha de que vai botar “dinheiro rodando na ma~o do povo”, o que pode ate´ lhe render um punhado de votos, mas so´ servira´ para criar legio~es de endividados.

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By valeon