História de Realidade Militar – Realidade Militar

Em 14 de março de 2025, um ataque à refinaria de petróleo na cidade russa de Tuapse, localizada a 480 quilômetros da fronteira ucraniana, resultou no incêndio de um tanque contendo 20 mil toneladas de gasolina. O fogo, que se espalhou por mais de mil metros quadrados, levou três dias para ser controlado.

Embora autoridades russas tenham inicialmente classificado o incidente como um “acidente industrial”, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky revelou no dia seguinte que o ataque foi realizado com um novo míssil de longo alcance desenvolvido pela Ucrânia – o “Long Neptune”.

“Recebemos relatórios sobre nosso programa de mísseis. Temos resultados significativos. O ‘Long Neptune’ foi testado e usado com sucesso em combate. Um novo míssil ucraniano, um ataque preciso. O alcance é de mil quilômetros,” afirmou Zelensky em seu canal oficial no Telegram.

Desenvolvimento do míssil

O desenvolvimento do Neptune começou em 2015, após a anexação da Crimeia pela Rússia. Os engenheiros ucranianos partiram de um design soviético, o míssil Kh-35, e o aprimoraram significativamente, melhorando alcance, precisão e sistemas eletrônicos.

O míssil entrou em serviço com a Marinha ucraniana em 2021, pouco antes da invasão russa em larga escala. Em abril de 2022, dois mísseis Neptune afundaram o cruzador Moskva, navio-almirante da Frota Russa do Mar Negro, um navio de 186 metros que pesava cerca de 12.500 toneladas

Características do Long Neptune

A versão aprimorada, batizada de Long Neptune, apresenta melhorias significativas:

  • Alcance estendido para 1.000 quilômetros
  • Sistema de navegação que combina orientação inercial, GPS e radar ativo
  • Capacidade de detectar alvos a 20 quilômetros de distância
  • Ogiva com capacidade de 100 a 300 quilogramas de explosivos
  • Custo estimado de 1,5 milhão de dólares por unidade (comparado aos 4,5 milhões do Tomahawk americano)

Impacto estratégico

O alcance de 1.000 quilômetros do Long Neptune tem implicações estratégicas significativas:

  1. Permite à Ucrânia atingir aproximadamente 70% das refinarias de petróleo russas
  2. Coloca Moscou dentro do alcance dos mísseis ucranianos
  3. Cria uma “zona cinzenta” de 300 quilômetros em território russo, limitando operações aéreas russas
  4. Oferece à Ucrânia independência estratégica, sem as restrições impostas por armas fornecidas por aliados ocidentais

Produção e parcerias

De acordo com estimativas, a Ucrânia pode fabricar entre 30 e 60 Long Neptunes por mês em 2025. O presidente Zelensky afirmou que o país pretende produzir até 3.000 mísseis de cruzeiro este ano, incluindo diferentes tipos de mísseis e drones explosivos.

A Romênia já estabeleceu uma parceria para produção conjunta, e outros países europeus demonstram interesse na tecnologia ucraniana, uma vez que o Neptune é atualmente o único míssil superfície-superfície na Europa capaz de alcançar 1.000 quilômetros, com flexibilidade para ser lançado de plataformas terrestres, marítimas ou aéreas.

Reação russa

A resposta russa ao anúncio do Long Neptune foi imediata: navios da frota russa no Mar Negro foram temporariamente retirados das áreas costeiras, e depósitos de munição foram movidos para mais de 1.200 quilômetros da fronteira.

O ataque à refinaria de Tuapse parece ter sido escolhido estrategicamente, não apenas por representar aproximadamente 10% do petróleo exportado pela Rússia, mas também por sua proximidade (55 quilômetros) do palácio construído pelo presidente Putin em Gelendzhik.

Contexto político

O desenvolvimento do Long Neptune ocorre em um momento de incerteza sobre o apoio militar ocidental à Ucrânia, com pressões da administração Trump para um cessar-fogo. A capacidade de produzir armas sofisticadas domesticamente proporciona à Ucrânia maior independência estratégica.

Em suas palavras, Zelensky afirmou: “A Ucrânia está ficando mais forte, e continuamos trabalhando para garantir nossa segurança.”

Esta arma representa não apenas um avanço tecnológico, mas também um símbolo da determinação ucraniana em desenvolver soluções próprias para sua defesa, mesmo enfrentando um adversário com recursos significativamente maiores.

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By valeon