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Luís Ernesto Lacombe – Gazeta do Povo

Manifestantes incendiaram ponto de ônibus e lançaram coquetéis molotov contra a polícia durante protesto contra Jair Bolsonaro em São Paulo.| Foto: PMESP
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A foice e o martelo marcham pela Avenida Paulista. Servem para isso, para dar golpes, bater, ceifar, cortar. Carregam milhões de mortes pelo mundo, ao longo da história, em guerras, revoluções, fuzilamento, forca, fome, miséria, doenças… Seus assassinos e genocidas passeiam como heróis, como “justiceiros sociais”, em faixas, cartazes, bandeiras, camisetas, boinas e bonés, por uma das principais avenidas da maior cidade do Brasil. É o desfile da enganação, da hipocrisia, do ódio.

Não é tanta gente, mas é uma gente estranha. Lá vão os “antifascistas” que prestam homenagem a Getúlio Vargas, que defendem mais Estado, que querem um Estado tutor, dirigindo nossas vidas nos mínimos detalhes… São violentos e totalitários, isso eles nem disfarçam. Espancam social-democratas, depredam pontos de ônibus, uma loja de carros, botam fogo numa agência bancária, montam barricadas na rua, pedaços de madeira, papelão, sacos de lixo, álcool e fogo.

A foice e o martelo são o símbolo de um regime autoritário, que finge preocupação com a distribuição de riqueza, mas não tem como produzi-la, e o que distribui, na verdade, é a miséria

Querem mesmo o fim da polícia, não basta estampar esse desejo numa faixa, gritar contra as forças de segurança. Chutes, voadoras, paus e pedras nos policiais, em agentes que tentam proteger uma estação do metrô. Encapuzados e mascarados, muito antes de qualquer vírus… Escondem o rosto, mas não podem esconder sua ignorância ou seu cinismo.

A foice e o martelo são o símbolo de um regime autoritário, que suprime todas as liberdades, que finge preocupação com a distribuição de riqueza, mas não tem como produzi-la, e o que distribui, na verdade, é a miséria. Exceto, claro, para a casta dominante, os políticos de um partido único.

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Podem chamar de comunismo, socialismo, podem trocar para “progressismo”, não há disfarces que socos, chutes, pauladas e pedradas imponham. Nunca deu certo, e nunca dará. A ideologia que defendem com violência, destruição, com vandalismo é a mais assassina da história. Ruy Barbosa, cuja obra meu avô materno organizou e publicou, sempre soube disso: “O comunismo não é a fraternidade: é a invasão do ódio entre as classes. Não é a reconciliação dos homens: é a sua exterminação mútua. Não dá tréguas à ordem, dissolve a sociedade, desumana a humanidade”.

Combater um fascismo imaginário, marchando por ideais totalitários, num movimento claramente antidemocrático, é patético. Sou totalmente a favor da liberdade de expressão, da livre manifestação de pensamento, mas permito-me apontar incoerências, desonestidade, falsidade. Bater e ceifar, espalhar foices e martelos por uma avenida, pedindo a ditadura do proletariado, o comunismo… Como é possível entender alguém que defende a implantação de um regime que proíbe as manifestações? Ou já liberaram protestos na China, Coreia do Norte, Venezuela, Nicarágua, em Cuba, e eu não fiquei sabendo?


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