Melhor uso da energia faz parte das metas de 2030 da ONU
Estadão Blue Studio, O Estado de S.Paulo
A situação atual do Brasil, com a crise hídrica presente na mesa de negociações e, até por isso, a necessidade do uso maior de térmicas, que além de caras são sujas, é um problema por si só. Mas pensando no futuro, inclusive nas chamadas metas de desenvolvimento sustentável assumidas no âmbito da ONU para 2030, eficiência energética é outro assunto que não pode ficar fora do planejamento estratégico de um país como o Brasil.
O próprio Plano Nacional de Energia 2050 (PNE) mostra o potencial que investimentos nessa rubrica podem ter. Segundo os estudos feitos para embasar o documento, os ganhos de eficiência elétrica dentro de um determinado cenário podem reduzir a necessidade de 321 TWh de consumo de eletricidade (cerca de 17% do consumo total) em 2050, o que significaria evitar mais de duas vezes o consumo de energia do setor industrial brasileiro em 2019 ou, ainda, evitar a necessidade de expansão de capacidade instalada de geração equivalente a mais de 2,5 usinas de Itaipu em sua capacidade total (partes brasileira e paraguaia).
Quando considerados os ganhos totais de eficiência energética, incluindo combustíveis, estima-se que essa contribuição se situe em 13% do total de consumo de energia estimado em 2050.
Para 2030, o Brasil tem boas condições de entregar suas metas, a não ser que os prejuízos com as térmicas saiam do controle. Além de ter uma matriz limpa, o Brasil precisa entregar uma energia mais barata e decidir quais caminhos serão seguidos exatamente no campo da eficiência energética.
O professor da Unicamp Gilberto Jannuzzi é um defensor da ideia de que o Brasil avance de forma rápida no tema da eficiência energética. Para ele, passou do tempo de o País decidir como pretende consumir sua energia. “Mesmo com todas as fontes renováveis funcionando, não há energia que dê conta de uma demanda baseada na ineficiência.”
Para Jannuzzi, na construção civil, por exemplo, existem muitos avanços que podem ocorrer. “Há prédios construídos hoje que ainda demandam muita energia e o uso constante do ar-condicionado. Temos que olhar direito para isso e para como construímos nossas cidades e nossos sistemas de mobilidade”, afirma o pesquisador.
Como também encaminha o PNE 2050, o Brasil tem várias políticas públicas voltadas para o aumento da eficiência energética, mas outros caminhos precisam ser abertos. Mas, nesse caso, entra em cena outro gargalo segundo Jannuzzi, que é a falta de coordenação entre os entes governamentais. “A governança de tudo isso tem sido um problema. Existem vários incentivos, por exemplo, que podem ser mais bem ajustados.”