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Lúcio Vaz – Gazeta do Povo
Lula é recebido com honrarias de chefe de Estado pelo presidente francês| Foto: Ricardo Stuckert
A prestação de contas da viagem do ex-presidente Lula da Silva pela Europa em novembro revela despesas de R$ 223 mil com diárias e passagens aéreas. Em pré-campanha presidencial, Lula esteve na Alemanha, Bélgica, Espanha e França, onde foi recebido com honras de chefe de Estado pelo presidente Emmanuel Macron. Após as visitas, Lula lidera o ranking de gastos dos ex-presidentes, com R$ 976 mil – num total de R$ 5,2 milhões. Paga pelo contribuinte, a gastança dos ex-presidentes já soma R$ 75 milhões.
Considerando as viagens de Lula pelo país e mundo afora, as despesas chegam a R$ 362 mil. A equipe de seguranças, motoristas e assessores que prestam serviços ao ex-presidente já receberam R$ 595 mil neste ano, sem contar o mês de dezembro. Lula ainda gastou R$ 14,5 mil com combustível e R$ 1,3 mil com a manutenção de veículos. Cada ex-presidente conta com dois carros oficiais, comprados em 2019 e pagos durante a pandemia da Covid-19, no valor total de R$ 1,3 milhão.
A ex-presidente Dilma Rousseff está em segundo lugar no ranking de gastos, com R$ 963 mil, sendo R$ 99 mil com diárias e passagens. As viagens para o exterior custaram R$ 60 mil. Seus servidores custaram R$ 828 mil. Mas ela já gastou bem mais. Em 2019, antes da pandemia, Dilma torrou R$ 544 mil em visitas a 13 países. Na viagem de férias de 42 dias a Nova York e Sevilha, só a despesa com 96 diárias para assessores chegou a R$ 136 mil.
Gastos em dose dupla
O terceiro do ranking é o atual senador Fernando Collor (PROS-AL), com R$ 962 mil. A sua equipe de apoio já custou R$ 706 mil neste ano. O curioso é que ele conta com mais 52 assessores do Senado Federal. No ano passado, esses servidores custaram mais R$ 6 milhões aos cofres públicos. Como ex-presidente, Collor viaja mais pelo país – foram gastos R$ 208 mil com passagens e diárias.
Michel Temer já gastou 835 mil neste ano, sendo 736 com servidores. As despesas com viagens somaram 73 mil, com R$ 57 mil em deslocamentos para o exterior. Como viaja muito de carro oficial pelo interior paulista, gastou R$ 24 mil com combustível.
Fernando Henrique Cardoso não viajou neste ano. Quase a totalidade das suas despesas como ex-presidente – R$ 707 mil – foram com a sua equipe de apoio, R$ 706 mil. José Sarney gastou um total de R$ 747 mil, sendo R$ 683 com servidores. Suas viagens custaram R$ 45 mil. Ele gastou mais R$ 15 mil com o SiafWeb, sistema que permite acompanhar os gastos do governo.
Críticas duras a Bolsonaro
A viagem de novembro à Europa ofereceu a Lula um palanque que ele não tem no Brasil. Falou da sua “absolvição”, fez críticas duras ao presidente Jair Bolsonaro e falou dos seus planos para um possível governo. Em discurso no Parlamento Europeu, afirmou: “Aonde quer que eu vá, faço questão de dizer: o Brasil tem jeito, porque ele é muito maior do que qualquer um que tente destruí-lo”.
Lula citou erros do governo na condução da pandemia, afirmando que Bolsonaro ironizou a gravidade da doença, zombou dos mortos, atrasou a compra das vacinas, fez propaganda enganosa, distribuiu medicamentos ineficazes contra o vírus, deixou faltar oxigênio em hospitais, incentivou aglomerações e ajudou a espalhar fake news contra as vacinas.
Na palestra que fez no Instituto de Estudos Políticos de Paris, Lula falou da decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a sua condenação. “Foram cinco anos de luta pela verdade e pela justiça até que o Supremo viesse a estabelecer, afinal, a suspeição e a parcialidade do juiz que me condenou sem provas e sem causa”.
Honrarias na França
O grande momento da viagem aconteceu no dia 17 de novembro, quando foi recebido com honrarias de chefe de Estado. O encontro com o presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, sede do governo francês, durou 1 hora e 15 minutos. Segundo relato da sua assessoria, Lula e Macron conversaram sobre as relações da França com o Brasil e a América Latina. Dialogaram sobre a crise mundial, os desafios da preservação ambiental, geração de empregos e redução das desigualdades.
Em Madri, Lula voltou à questão da Covid-19. No seminário “Cooperação multilateral e recuperação regional pós-Covid-19”, afirmou: “Vivemos um verdadeiro ‘apartheid de vacinas’, como definiu o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom. Enquanto em países ricos há uma extrema direita e negacionistas que se recusam a tomar a vacina, os países mais pobres lutam para ter acesso a imunização. Na África não tem 10% de sua população vacinada”.
Afirmou ainda que, às vésperas da Cúpula Global da Saúde do G20, em maio deste ano, a Aliança Vacina para Todos revelou que a imunização contra a Covid-19 criou 9 novos bilionários. “São os executivos e grandes acionistas de laboratórios farmacêuticos, que enriqueceram graças aos excessivos lucros obtidos com o monopólio das vacinas. A riqueza combinada desses novos bilionários soma 19,3 bilhões de dólares, que poderiam ser investidos na imunização da população de países mais pobres”, disse Lula.
No dia 19, Lula foi recebido pelo presidente da Espanha, Pedro Sánchez. No encontro, eles falaram do papel que Espanha e Brasil podem ter para a consolidação do desenvolvimento na América Latina, com governos solidários e democráticos. O encontro aconteceu no Palácio de Moncloa, em Madri.
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