Diplomacia
Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo
Bolsonaro cumprimenta o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Mihály Orbán, em encontro em Budapeste.| Foto: Alan Santos/PR
Mais um ataque aéreo a um garimpo e a um povoado na Amazônia onde vivem dezenas de pessoas. Foram dois helicópteros que usaram foguetes incendiários para destruir as retroescavadeiras que os pequenos garimpeiros usam e que custam muito dinheiro. Também jogaram bombas de efeito moral para assustar as pessoas. Eu vi as imagens. Havia pessoas fardadas e armadas.
Mas testemunhas dizem que os helicópteros não são da Força Aérea Brasileira e nem da Polícia Federal, e que a Marinha e o Exército não têm nada a ver com isso. Os helicópteros seriam do Instituto Chico Mendes (ICMbio), que é uma instituição ligada ao Ministério do Meio Ambiente.
Isso tudo aconteceu na mesma semana em que o presidente da República, Jair Bolsonaro, assinou o decreto do programa de apoio ao pequeno minerador. Um programa para profissionalizar o garimpeiro artesanal, que não é aquele industrial, mas que tem até duas retroescavadeiras funcionando.
No entanto, o que vemos é eles sendo atacados como se fosse a guerra do Vietnã. Nós não podemos destruir a nossa própria força humana da Amazônia. A força da Amazônia é o amazônida, que sofre para sobreviver no meio da mata e que o satélite não vê. É isso que precisa ser resgatado.
Retorno do Leste Europeu
O presidente Bolsonaro retorna ao Brasil após uma bem-sucedida visita ao presidente russo Vladimir Putin. E olha que a oposição não queria que ele fosse por causa da tensão com a Ucrânia. Ora, é a mesma coisa se eu convido um vizinho para vir à minha casa, mas quando esse convidado fica sabendo que eu estou batendo boca com outro vizinho, e ele não vem, isso é um sinal de deslealdade, de desconfiança. Por isso, Bolsonaro foi. A viagem estava marcada há meses.
Então, na hora de fechar negócio, de fornecer fertilizante, de fazer investimento, certamente Putin vai pensar nisso. Além do que, houve reuniões importantíssimas entre os militares e os diplomatas dos dois países.
Também foi muito importante a visita de Bolsonaro à Hungria, em que ficou registrada uma fraternidade entre o chefe de governo húngaro e o chefe de governo do Brasil.
Tragédia evitável
Assim que desembarcar no Brasil, Bolsonaro vai sobrevoar os estragos causados pela chuva em Petrópolis (RJ), local de mais uma tragédia que poderia ter sido evitada. Teve 918 mortos em 2011, e parece que ninguém aprendeu.
Vão dizer que não tem recurso para o município, que gasta quase tudo em folha de pagamento, mas é importante dizer que há um estudo feito pelo serviço geológico do estado do Rio de Janeiro, distribuído a todos os municípios da serra fluminense, onde se registram as áreas de risco. Era só impedir que as encostas e áreas de risco fossem ocupadas. Isso custaria muito pouco, mas não foi feito.
Barroso e militares
No TSE, sai Luis Roberto Barroso e entra Ricardo Lewandowski, aquele que presidiu o julgamento de impeachment de Dilma Rousseff e que rasgou a Constituição, porque a presidente foi condenada, mas não foi punida como prevê a Constituição, com a cassação dos direitos políticos por oito anos.
Na última entrevista como presidente do TSE, Barroso levantou suspeitas sobre as Forças Armadas, que ele convidou para acompanhar e dar uma espécie de endosso ao processo eleitoral.
O ministro disse o seguinte: “a gente presume que vai ser uma colaboração de boa fé e não um exercício de inteligência para colher informações e nos atacarem. Então eu nunca presumo o pior das pessoas, estou presumindo que as Forças Armadas estão aqui para ajudar a democracia brasileira e não para municiar um presidente que quer atacá-la”.
O presidente que quer atacá-la (Bolsonaro, segundo Barroso) é um candidato da próxima eleição. Ou seja, um juiz do Supremo Tribunal Federal está atacando um candidato e fazendo um pré-julgamento dele. Além de fazer um pré-julgamento das intenções das Forças Armadas.
E isso aconteceu depois de Fachin dizer em entrevista, no dia em que Putin e Bolsonaro estavam reunidos em Moscou, que há riscos de ataques cibernéticos de diversas formas e origens, inclusive da Rússia. Em primeiro lugar, uma total falta de desconfiômetro, supondo que não tenha sido intencional.
Em segundo lugar, é injusto, porque o ataque de 2018 foi feito por um hacker português, que já está preso, de 19 anos. Só que como o Bolsonaro não estava em Portugal, falou em Rússia.
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