Artigo
Por
Marcio Pitliuk

Zentralbild 153-40 II. Weltkrieg 1939-45 24.10.1940 Adolf Hitler begrüßt den französischen Staatschef Marschall Henry Philippe Petain in Montoire-sur-le-Loir. In der Mitte Chefdolmetscher Gesandter Dr. Paul Schmidt. Rechts Reichsaußenminister Joachim von Ribbentrop.

Encontro entre Adolf Hitler e o Marechal Henry Philippe Pétain.| Foto: Wikimedia Commons

A França, que em meados do Século XX, era uma das maiores potências militares e econômicas, se rendeu para a Alemanha nazista em um mês. Paris foi conquistada praticamente sem que um tiro fosse disparado. Segundo relatos dos historiadores, o governo francês não queria que os alemães destruíssem a “Cidade Luz”. Melhor se render ao inimigo. A invasão começou em 10 de maio de 1940 e a rendição oficial foi em 22 de junho. Demorou um pouco, pois Hitler fez questão de que o documento fosse assinado no mesmo vagão de trem onde a rendição alemã foi assinada ao término da I guerra. Era sua vingança.

Após a derrota acachapante, Adolf Hitler incorporou a Alsácia e Lorena como territórios germânicos. O norte da França, incluindo Paris, virou Zona de Ocupação alemã. O centro-sul, chamado de França Livre, o que era mentira, foi entregue para administração do traidor Marechal Henri Philippe Benoni Omer Joseph Pétain, um belo nome para um traidor, colaboracionista dos nazistas, um pau mandado.

Vladimir Putin achou que conquistaria a Ucrânia tão fácil como Hitler conquistou a França. Mais ainda, acreditou que tomaria a Ucrânia da mesma maneira que Hitler anexou a Áustria.  Em 1938, os austríacos receberam a Wermarcht com flores e aplausos. Putin se enganou, o exército russo foi recebido a tiros por um povo que não aceita ser dominado e subjugado por uma potência estrangeira.

Putin também pensou que Volodymyr Zelensky se entregaria facilmente, como fez o Marechal Pétain, ou fugiria para os Estados Unidos, como fez De Gaulle ao ir para a Inglaterra. Zelensky uniu o povo ucraniano na defesa da pátria e, enquanto escrevo este texto, 15 dias depois da invasão, comanda de um bunker a resistência contra os invasores.

Vladimir Putin, como todos os ditadores, vive num palácio de marfim, isolado da realidade, ouve apenas quem o elogia e concorda com ele. Calou a oposição (já prendeu até agora mais de 13 mil russos que protestavam contra a guerra) e eliminou a imprensa livre. Na Rússia, até a palavra guerra está proibida.

O carniceiro de Moscou vive numa realidade paralela e por isso tomou essas decisões tão erradas. Como todos os ditadores, ele imagina que é adorado pelo povo, seus comparsas e os oligarcas repetem sempre isso, e os ucranianos se ajoelhariam para ele. Ele jamais imaginou que a Ucrânia não aceitaria ser controlada pela Rússia. Afinal de contas, quem não sonha em ser dominado por um líder que caça ursos, é faixa preta de judô e anda a cavalo sem camisa?

Putin é o perfeito ditador retratado por Woody Allen no seu filme Bananas, onde o ridículo beirava o surreal. Para Putin, Zelensky era apenas um humorista que fugiria ao primeiro tiro e os ucranianos um povo fraco a ser dominado pelo seu imenso ego.

Volodymyr Zelensky continua a pedir que a Europa e os Estados Unidos não tenham medo de enfrentar Putin, assim como os ucranianos não tiveram e mostraram que o exército russo não é tudo o que a propaganda dizia. O presidente Macron, que volta e meia liga para Putin, acha que vai convencê-lo a depor as armas na conversa, deveria lembrar o que aconteceu com a França em 1940.

O medo é o pior conselheiro numa guerra, a Rússia tem que ser parada com todas as forças.

A Ucrânia não é a França de Vichy, Zelensky não é Pétain, Putin pensa que é Hitler, mas é uma caricatura de Stalin.

Marcio Pitliuk é escritor e palestrante especialista no Holocausto, membro do Conselho Acadêmico do Stand With US e curador do Memorial do Holocausto de São Paulo.

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By valeon

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