Análise: Cruzeiro repete erros, e Felipão, de longe, tem amostra perfeita do trabalho que terá

Primeiro tempo tem equipe cometendo mesmos deslizes de quase toda a temporada; na segunda etapa, atuação de jovens e maior entrega servem de alento para novo comandante

Por Guilherme Macedo — Belo Horizonte

O Cruzeiro começa uma nova era. A quarta do ano, desta vez nas mãos de Felipão. Tem história, tem qualidade, empilha títulos, mas, de longe, viu o tamanho do trabalho que terá a partir de segunda-feira, quando ele efetivamente comandará o primeiro treino.

O primeiro tempo do jogo contra o Juventude deu uma amostra quase perfeita do que o Felipão encontrará em Belo Horizonte. Nos primeiros 45 minutos, o Cruzeiro teve erros que se repetiram durante todo o ano, com Adilson Batista, Enderson Moreira e Ney Franco.

A começar pela saída, que é muito lenta. A bola roda demais entre os laterais e os zagueiros. Os adversários têm muita facilidade para marcar, assim como têm para saírem jogando. Achar espaço entre as linhas do Cruzeiro é fácil desde o início do ano. Nessa sexta, no primeiro tempo, também foi.

As chegadas que incomodaram Marcelo Carné no primeiro tempo sequer foram em finalizações. Jadsom, em uma bola adiantada, foi parado pelo goleiro, e Maurício levou certo perigo em uma bola atravessada, que mais pareceu um cruzamento para Sassá do que um chute.

Time do Cruzeiro antes de duelo com o Juventude — Foto: Gustavo Aleixo / Cruzeiro

O setor de criação praticamente inexistiu. Jadsom participou bem, chegando de trás, mas Maurício e Régis seguem muito mal. Dar regularidade a essa dupla foi algo que nenhum técnico conseguiu, até agora. Giovanni Piccolomo ficará à disposição em breve e será mais uma opção para o setor.

O segundo tempo foi bem melhor, principalmente na segunda metade. A marcação do Juventude já dava mais espaços, sobretudo pelas pontas. Daniel Guedes apareceu mais, assim como Airton. Maurício e Régis seguiram mal. Não foi uma atuação brilhante, mas o time teve um volume considerável de chances claras, sempre chegando pelos lados, fosse com bola rolando ou em escanteios. Marcelo Carné estava em noite inspirada.

Cruzeiro x Juventude — Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro

O que fica de positivo para o Felipão nesse jogo, além da melhora no segundo tempo, é a entrega do grupo e as boas atuações de jovens. Não dá para negar que o time brigou mais, lutou mais. E os times do Felipão têm essa característica. Entre os jovens, que formam parte importante do atual elenco, destaque para Rafael Luiz, Jadsom e até mesmo Welinton. Preterido por Enderson na reta final de trabalho, reintegrado (mas nunca utilizado) por Ney, o atacante entrou bem e mostrou que pode ser uma boa alternativa de velocidade, que muitas vezes falta ao Cruzeiro.

Felipão chega com status de “salvador da pátria”. A missão dele é inédita e quase impossível, não só pela situação na tabela, mas por tudo que envolve essa vice-lanterna. O time está nessa condição porque apresentou futebol de zona de rebaixamento na Série B na maior parte das 17 rodadas.

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