Demarcação indígena
Por
Alexandre Garcia
De Santa Cruz do Sul (RS)
Indígenas se manifestam em frente ao STF à espera do julgamento do marco temporal para demarcação de terras: tema interessa diretamente ao agronegócio| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Há uma decisão que interessa ao agronegócio, que está sob insegurança muito grande quanto ao direito de propriedade. O Supremo Tribunal Federal começou no ano passado a julgar o chamado marco temporal para demarcação de terras indígenas. Ou seja, vai dizer se terras onde o pessoal hoje está plantando são indígenas. É isso que está em discussão.
O julgamento ia recomeçar no dia 23 de junho, mas o ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), adiou, tirou de pauta. Seria melhor que resolvesse logo, né? Porque é só uma questão de ler, língua portuguesa, o tempo do verbo.
Olha o que diz a Constituição no artigo 231: são indígenas os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente “ocupam”. Ocupam é presente do indicativo. Presente do indicativo é naquele dia, ou seja, 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. Não é terras que “ocuparam ou ocuparão”. É “ocupam”.
É só ler, mas parece que aqui no Brasil tem um desejo sádico de prejudicar o futuro, de atrapalhar. E aí fica essa discussão, mas, enfim, essa questão foi empurrada para frente.
Crítica não é ataque
O ministro do STF Edson Fachin, que é presidente do TSE, está chamando de “ataques contra à democracia” as críticas que têm sido feitas ao processo de apuração, ao processo eleitoral. Eu acho que é uma questão de democracia, liberdade e abertura não considerar crítica como ataque. Crítica, inclusive, ajuda.
Se as pessoas estão em dúvida quanto à transparência, quanto à segurança da apuração, está aí a sugestão das Forças Armadas para aumentar essa segurança e a transparência, mas o TSE não aceitou. Isso que é estranho.
PCO no inquérito das fake news
O Partido da Causa Operária (PCO), que é de extrema esquerda, fez mais uma declaração que desagradou o Supremo Tribunal Federal. A primeira foi em setembro do ano passado, quando falou em “arrancar os cabelos e cuspir” nos ministros da Corte. Na época não aconteceu nada, afinal eles não eram de direita.
Mas, agora, o ministro Alexandre Moraes incluiu o partido no “inquérito das fake news” e intimou o presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, para prestar depoimento em até uma semana. O partido postou no Twitter que Moraes é um “skinhead de toga”, pediram a dissolução do STF e disseram que a repressão dos direitos sempre se voltará contra os trabalhadores.
Agora é estranho que, pelo menos eu não vi, esse pedido de investigação contra o PCO não tenha vindo do Ministério Público. Porque o artigo 127 da Constituição diz que o MP é essencial no processo. Mas não foi.
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