Milton Ribeiro

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

O ministro da Educação, Milton Ribeiro faz balanço do Enem 2021


O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente da República e os presidentes da Câmara e do Senado estão preocupados com o preço do diesel, com a Lei das Estatais e o estatuto da Petrobrás, que engessa uma política de preços que tenha um viés social; fica só valendo o lucro e, se alguém prejudicar o lucro, qualquer acionista pode reclamar e pedir uma indenização por ter diminuído o lucro da Petrobras. Então, incluíram em uma proposta de emenda à Constituição, de comum acordo com a Câmara e o Senado, um subsídio aos caminhoneiros, que vai pegar quase 900 mil autônomos no Brasil.

Isso inclusive evita o que está acontecendo na Argentina agora. Por lá está um caos no agro e agora, com os caminhoneiros, na época de escoamento. Cristina Kirchner está brigada com Alberto Fernández, está um horror; claro que a gente tem de evitar isso, assim como temos de ter um desempenho melhor que o dos Estados Unidos, que estão com a maior inflação dos últimos 40 anos. Biden tentando imitar Bolsonaro, querendo tirar imposto federal dos combustíveis, Inglaterra prevendo para outubro uma inflação de 11% ao ano, está em 9,1%, problemas…

Interessante que o Ocidente quis punir a Rússia e está sendo punido pelas atitudes que decidiram aplicar contra ela, está tudo saindo pela culatra. E isso também vai pegar o gás de cozinha, que interessa a muita gente; vai aumentar o auxílio-gás.

O Ocidente quis punir a Rússia e está sendo punido pelas atitudes que decidiram aplicar contra ela

Propina na liberação de verba é hábito antigo
E o grande assunto do dia é a prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro. Eu o conheci como ministro quando estourou aquela informação de que pastores estavam usando o MEC para pedir propina para o prefeito, para liberar a verba do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Eu imaginei que o ministro Milton Ribeiro estivesse sendo enrolado por esses pastores; ele também é, e pensei que estava sendo crente, ingênuo, mas agora tem pedido de prisão preventiva de um juiz federal. E, como isso é algo que precisa ser fundamentado, então deve ter algum fundamento.

Quando ele saiu, a Controladoria-Geral da União começou a investigar para se aprofundar mais e saber o que estava acontecendo. E tudo o que ela descobriu, dentro do próprio governo, passou para a Polícia Federal, que executou ontem cinco mandados de busca e prisão, incluindo o ministro e dois pastores; agora a gente precisa saber o que vai acontecer.


O presidente Bolsonaro disse que confiava nele – óbvio, do contrário não o teria convidado para ser ministro, porque ninguém convida alguém em quem não confie. Mas ontem já disse que, se demonstrarem alguma prova de culpa, que haja a punição. Por outro lado, a gente tem de considerar também que em ano eleitoral se politizam notícias policiais, como se politizou uma notícia policial lá no Vale do Javari, no Amazonas. Uma briga entre aqueles dois e pescadores, que fizeram um bafafá nacional – aliás, internacional. Isso porque é ano eleitoral.

A bancada evangélica acha que tem de apurar até o fim; todo mundo acha, até para ficar bem claro: é culpado? Inocente? Foi envolvido ou não pelos pastores? E aí fica o alerta, porque isso vem de muito tempo. Estou em Brasília há quase 50 anos, e lembro de prefeitos que me contavam que vinham pedir liberação de verba, mas tinham de fazer um depósito em uma agência bancária. Eles me contavam essas coisas, tinham de deixar 10%, 20% da verba que era liberada, é um costume. E é costume também essa gente “satélite” do poder, que fica em volta, agradando e fingindo ajudar, para depois posar lá fora, nos estados, dizendo que tem influência e oferece ajuda em troca de dinheiro. Então é preciso ficar de olho nisso também.


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