RFI
As tensões entre a Rússia e a Polônia aumentaram neste sábado (25). Moscou afirmou ter matado “quase 80” combatentes poloneses em bombardeiros no leste da Ucrânia. Já Kiev acusou o Kremlin de querer “atrair” Minsk para a guerra e pede mais armas para aliados europeus. Países do G7 se reúnem a partir de domingo (26) para discutir eficácia de sanções.
© REUTERS/Oleksandr RatushniakUcrânia: tensões aumentam entre Polônia e Rússia e Kiev acusa Kremlin de atrair Belarus para guerra
“Quase 80 mercenários poloneses, 20 veículos blindados de combate e oito lança-mísseis múltiplos Grad foram destruídos em ataques com armas de alta precisão na usina de zinco Megatex, na localidade de Konstantinovka”, declarou o ministério da Defesa russo em um comunicado. A cidade está situada na região de Donetsk.
A Rússia usa o termo pejorativo de “mercenários” para todos os voluntários estrangeiros que combatem nas forças ucranianas. Em abril, o ministério russo da Defesa afirmou que quase 30 “mercenários” poloneses foram mortos na região de Kharkiv (nordeste da Ucrânia).
O ministério russo não precisou se os bombardeios tinham acontecido na sexta (24) ou neste sábado. O ministério polonês de Relações Exteriores disse não ter nenhuma informação sobre o assunto.
Ataques vindos do vizinho
Já Kiev acusou Moscou neste sábado de querer “atrair” Minsk, aliado diplomático da Rússia, “para a guerra” na Ucrânia, após ter informado mais cedo que uma cidade ucraniana havia sido bombardeada por mísseis russos vindos de Belarus.
“O ataque de hoje foi diretamente ligado aos esforços do Kremlin para levar o Belarus para a guerra na Ucrânia”, afirmou no Telegram a direção geral de Informação ucraniana, ligada ao ministério da Defesa.
“Por volta das 5 horas da manhã, a região de Tcherniguiv foi bombardeada massivamente por mísseis, vinte atingiram a cidade de Desna, vindos do território bielorrusso”, indicou no Facebook o comando norte das tropas ucranianas, precisando não ter conhecimento de vítimas de momento. “Uma estrutura foi atingida”, de acordo com o Exérctio ucraniano, sem indicar se era militar ou não.
Segundo o serviço de Informação ucraniano, “seis aviões Tu-22M3 atiraram 12 mísseis de cruzeiro da cidade de Petrykawé”, no sul de Belarus.
“Os aviões decolaram do aeroporto de Chaikovka na região de Kalouga”, no oeste da Rússia, a 270 quilômetros ao norte da fronteira ucraniana, indicou. “Logo após eles entraram no espaço aéreo de Belarus. Após ter lançado os mísseis, eles voltaram para a Rússia”, afirmou, precisando que de Densa, os russos atingiram alvos “nas regiões de Kiev e de Soumy”, no noroeste do país.
Densa se situa a 70Km de Kiev e à mesma distância ao sul da fronteira com Belarus.
Neste sábado o presidente russo Vladimir Putin se encontra com o chefe de estado bielorusso, Alexandre Lukachenko, em São Petersburgo, na Rússia, antes de uma visita a Belarus, prevista para quinta-feira (30), do chefe da diplomacia russa Serguei Lavrov.
Ainda que não esteja envolvida diretamente no conflito com a Ucrânia, Belarus serviu de apoio logístico às tropas de Moscou durante as primeiras semanas da ofensiva russa.
Reuniões dos aliados
Os aliados ocidentais da Ucrânia, por outro lado, se reunirão a partir de domingo em uma cúpula do G7 – as maiores economias do mundo – na Alemanha. Diante de um conflito que corre o risco de se prolongar no tempo, os membros da Otan, da qual a Ucrânia não faz parte, se reunirão em Madri na próxima semana.
Durante essas reuniões, os países ocidentais farão um balanço da eficácia das sanções impostas à Rússia e a Belarus e estudarão uma possível nova ajuda à Ucrânia.
Neste sábado, o governo espanhol anunciou um novo plano de ajudas diretas à Ucrânia de € 9 bilhões. O presidente do Governo, Pedro Sánchez, afirmou em coletiva de imprensa que, somadas a um primeiro pacote de medidas de € 6 bilhões aprovado em março, essas ajudas diretas representariam, até o final do ano, cerca de € 15 bilhões, “mais de um ponto do Produto Interno Bruto (PIB)”.
Kiev insiste que precisa de mais armas para neutralizar o avanço das tropas russas e “estabilizar” a situação no Donbass, no leste, onde estão ocorrendo intensos combates. Isso “nos permitirá estabilizar a situação na região mais ameaçada de Lugansk”, disse o comandante-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valeriy Zaluzhnyi, na sexta-feira.
A situação é especialmente difícil na cidade industrial de Severodonetsk, bombardeada por Moscou durante semanas e onde as tropas ucranianas receberam ordens para se retirar na sexta-feira. “(…) 90% da cidade está danificada, 80% das casas terão que ser demolidas”, disse o governador da região de Lugansk, onde está localizada a cidade.
(Com informações da AFP)