Pelosi e China

Por
Mariana Braga – Gazeta do Povo


“Nós viajamos para Tiananmen para honrar os estudantes, trabalhadores e cidadãos comuns que lutaram pela dignidade e pelos direitos humanos que todos merecem”, disse Pelosi.| Foto: Reprodução Twitter

Em 1991, dois anos após o Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) na China, Nancy Pelosi estendeu uma faixa, no mesmo local, que dizia “Para aqueles que morreram pela democracia na China”, ao lado dos deputados Ben Jones e John Miller.

Em seguida, eles deixaram flores brancas em homenagem às vítimas. Policiais chineses ordenaram que os legisladores americanos parassem de se manifestar e que os jornalistas desligassem as câmeras. Alguns deles foram presos. 
 
“Nós viajamos para Tiananmen para honrar os estudantes, trabalhadores e cidadãos comuns que lutaram pela dignidade e pelos direitos humanos que todos merecem”, publicou Pelosi em 2019, no Twitter, junto com uma reportagem de televisão feita em 1991 durante essa viagem à China. 
 
Não é de se espantar que, 31 anos depois, a atual presidente da Câmara dos Deputados tenha viajado a Taiwan, mesmo após ameaças do gigante asiático.

O massacre 
Não dá para negar a coragem que Pelosi teve ao protestar, em plena terra chinesa, contra o ataque de tanques de guerra e metralhadoras a civis que se manifestavam contra a ditadura do país em junho de 1989. 
 
Centenas ou milhares de pessoas (a censura chinesa impede estimativas precisas) que circulavam por Pequim foram atingidas pelo exército da própria nação. 
 
Ambulâncias que tentavam transportar feridos eram atacadas e os hospitais recebiam ordens de não prestar atendimento às vítimas. O assunto até hoje é proibido na China. 

Relação de Pelosi com a China e Taiwan nas últimas décadas 
De lá para cá, a legisladora levantou a bandeira da democracia diversas vezes. Em 2009, por exemplo, no 20º aniversário do Massacre em Tiananmen, Pelosi discursou no Capitólio ao lado de três ex-prisioneiros – Yu Zhijian, Yu Dongyue e Lu Decheng -, que foram detidos na China durante os protestos na praça. 
 
Em 2019, homenageando as vítimas e os soldados pró-democracia, ela também apresentou uma estátua em Washington. 
 
“A história de Nancy Pelosi passa por denunciar os massacres chineses e pelos abusos aos direitos humanos. Por isso, ela apoia fortemente Taiwan”, destaca o internacionalista Igor Lucena. 
 
Além das claras manifestações contra o autoritarismo chinês, em diferentes funções políticas dos Estados Unidos, Pelosi se reuniu diretamente com líderes chineses, buscando negociações diplomáticas. 
 
Em 1993, por exemplo, Pelosi pediu que a China fosse impedida de sediar as Olimpíadas, devido ao desrespeito aos direitos humanos no país. Em 2008, ela tentou convencer o então presidente do país, George W. Bush, a boicotar os Jogos Olímpicos em Pequim. No começo deste ano, ela também pediu por um boicote diplomático às Olimpíadas de Inverno no país, devido ao tratamento prestado aos muçulmanos uigures em território chinês.

A viagem a Taiwan 

A viagem da deputada à Ásia estava agendada para abril e foi adiada por causa da guerra na Ucrânia, mas já incluía a passagem por Taiwan, autoproclamada independente da China, mas considerada parte do grande país asiático pela ditadura chinesa dentro de sua política de “uma só China” (que, formalmente, é endossada pelos Estados Unidos). 
 
Antes da viagem, a China ameaçou responder militarmente a essa visita e disse que a presença de Pelosi na região era uma “afronta com consequências mundiais”. Os chineses anunciaram exercícios militares no país vizinho como manifestação. 
 
Por isso, a chegada do avião da delegação americana foi mais uma demonstração de apoio de Pelosi àqueles que estão dispostos a enfrentar o exército chinês pela democracia.


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