Na reta final da campanha, Trump e Biden visitam a Flórida
AFP
A cinco dias das eleições nos Estados Unidos, o presidente republicano Donald Trump fará campanha pela primeira vez no mesmo estado que o rival democrata Joe Biden, já que ambos têm eventos programados nesta quinta-feira em Tampa, no cobiçado estado da Flórida.
© Brendan Smialowski O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Arizona em 28 de outubro de 2020
Com poucas horas de intervalo, os dois candidatos visitarão a cidade do oeste da Flórida, um estado que, com 29 votos no Colégio Eleitoral, sempre dá mais votos para o presidente eleito desde 1964, com apenas uma exceção.
Apesar da visita ao mesmo estado do sul do país, as estratégias não poderiam ser mais diferentes. O presidente republicano segue um ritmo frenético de campanha, sem considerar a covid-19, que chegou a provocar sua hospitalização.
Biden, que mantém uma campanha de baixa intensidade e com poucos deslocamentos – em seus comícios os simpatizantes comparecem de carro para respeitar o distanciamento social, voltou a criticar a gestão da Casa Branca a respeito do coronavírus.
A pandemia domina a campanha no país, que registra 226.723 mortes provocadas pela covid-19, o balanço mais grave do mundo.
Segundo a média de pesquisas feita pelo site FiveThirtyEight.com, 57,4% dos americanos desaprovam a gestão de Trump sobre a doença.
Biden advertiu que em caso de vitória, “terminar com a pandemia vai exigir um esforço imenso”.
“Não estou fazendo campanha com uma promessa falsa de que posso terminar com a pandemia como quem aperta um interruptor”, declarou.
Trump fez campanha na quarta-feira no Arizona e voltou a minimizar a crise.
Além de afirmar que Biden vai aumentar os impostos, ele disse que uma vitória do rival significará que as crianças não poderão frequentar as escolas, que o país não terá formaturas, casamentos ou Natal.
“Joe Biden fala muito, mas não faz nada”, declarou aos jornalistas.
– Uma disputa acirrada –
O ex-vice-presidente de Barack Obama lidera as pesquisas a nível nacional e tem vantagem em vários estados cruciais, mas os democratas ainda lembram a surpresa amarga de 2016, quando a confiante campanha de Hillary Clinton recebeu atônita a notícia da vitória de Trump.
Em muitos estados a vantagem dos democratas está dentro da margem de erro, o que provoca incertezas sobre o resultado, sobretudo porque Biden viaja muito menos que Trump devido à pandemia.
Seu estado de saúde e dúvidas sobre uma deterioração cognitiva, alimentadas por Trump e também por sua calculada campanha de baixa exposição, contribuem para a incerteza entre os democratas.
A diretora de campanha de Biden, Jen O’Malley Dillon, advertiu na semana passada que a eleição será “mais acirrada” do que apontam os analistas.
Conscientes de que a disputa está apertada, os democratas apostam em um comício no fim de semana que reunirá pela primeira vez Biden e o ex-presidente Barack Obama no Michigan, outro estado crucial para conquistar a Casa Branca.
– Toque de recolher na Filadélfia –
Nesta quinta-feira, um dos temas mais importantes da campanha será a economia, uma questão muito sensível para os eleitores depois que a pandemia destruiu milhões de empregos.
O Departamento do Comércio publicará os dados do PIB do terceiro trimestre, que devem ganhar um caráter eleitoral depois que, no trimestre anterior, o indicador registrou uma queda expressiva de 31,7%.
Outra questão que marca a campanha é a onda de protestos contra o racismo e a violência policial desde a morte de George Floyd, um homem negro, asfixiado por um policial branco em maio em Minneapolis.
Outro incidente na segunda-feira, no qual a polícia matou a tiros um jovem negro de 27 anos que sofria de problemas mentais gerou uma onda de distúrbios na Filadélfia, que viveu na noite de terça-feira um segundo dia de violência.
Para evitar a continuidade dos distúrbios, as autoridades decretaram toque de recolher na região na quarta-feira.
“Não podemos deixar que isto aconteça em um lugar tão maravilhoso como a Filadélfia”, disse Trump.
Biden criticou a violência e os saques, mas destacou que o protesto é legítimo.
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