Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Por Redação – Jornal Estadão

Brasil registra IPCA negativo pela 15ª vez desde o início do Plano Real, em 1994

Em um País como o Brasil, que lutou por anos a fio contra a hiperinflação, pensar em deflação ainda pode soar meio estranho. Mas ela dá as caras de vez em quando. Acabou de acontecer em julho, pela 15ª vez desde o início do Plano Real – a queda foi de 0,68%. Essa também foi a maior queda desde o início da série histórica do IBGE, em janeiro de 1980. Mas, afinal, o que é deflação, e qual seu impacto para a economia?

A deflação se caracteriza pela queda generalizada dos preços durante um determinado período de tempo – é o oposto da inflação. Em geral, está associada a uma queda da demanda pelos produtos, seja porque a oferta de bens e serviços cresceu mais do que a procura, seja porque os consumidores ficaram mais retraídos em relação aos gastos (preferindo elevar o nível de poupança, por exemplo).

Não é o caso da deflação brasileira em julho. Segundo os especialistas, essa é uma queda de preços, de certa forma, “artificial”, uma vez que foi provocada principalmente pela redução de impostos incidentes sobre produtos como combustíveis e energia. Não há uma queda generalizada de preços, o que caracterizaria uma deflação “clássica”.

Para os consumidores, deflação pode parecer uma coisa boa, já que significa redução de gastos e mais dinheiro no bolso. Mas uma deflação persistente não é um bom sinal quando se pensa na economia como um todo. É um sinal de debilidade da atividade econômica.

Queda nos preços dos combustíveis foi principal fator para a deflação registrada em julho
Queda nos preços dos combustíveis foi principal fator para a deflação registrada em julho  

Quando há excesso de oferta de bens, ou ausência de demanda, há um aumento da capacidade ociosa na produção, e investimentos em novas fábricas, ou ampliação de linhas, por exemplo, deixam de fazer sentido. Um dos efeitos disso acaba sendo o aumento do desemprego. O remédio para combater esse quadro costuma ser o aumento dos gastos públicos, que pode levar a um endividamento maior do Estado. Ou seja, torcer para uma deflação permanente pode não ser uma boa ideia.

VEJA TAMBÉM

Veja a seguir os meses em que o País registrou deflação desde o início do Real, segundo o IBGE:

Agosto/1997: -0,02%

Julho/1998: -0,12%

Agosto/1998: -0,51%

Setembro/1998: -0,22%

Novembro/1998: -0,12%

Junho/2003: -0,15%

Junho/2005: -0,02%

Junho/2006: -0,21%

Junho/2017: -0,23%

Agosto/2018: -0,09%

Novembro/2018: -0,21%

Setembro/2019: -0,04%

Abril/2020: -0,31%

Maio/2020: -0,38%

Julho/2022: -0,68%

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By valeon