Estatais
Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo
| Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná
Nesta quarta fiz uma visita aos Correios e recebi relatos de todos os diretores da empresa: da área financeira, de logística, operações administrativas, segurança… E descobri uma coisa. Na minha cabeça, estatal é casa da mãe Joana, os partidos políticos mandam, não é de ninguém – é “do povo brasileiro”, mas não é de ninguém. Aí só dá prejuízo, só dá problema.
Mas dava prejuízo, dava problema, era a casa da mãe Joana, era tudo isso antes de 2019. Não havia dinheiro para a folha de pagamento. Os Correios foram roubados no seu fundo de previdência; não foi nenhum funcionário que roubou, foram partidos políticos que roubaram os funcionários, que estão pagando o prejuízo agora no contracheque.
Mas agora os Correios deram R$ 3,7 bilhões de lucro, o Tesouro Nacional saiu ganhando, os funcionários saíram ganhando, tiveram aumento. E a empresa é um sucesso de logística em tudo: diminuiu o prazo de entrega, tornou-se uma empresa eficiente outra vez, como já tinha sido há 30 anos ou mais, voltou a estar no topo do prestígio popular e todo mundo tem orgulho de trabalhar lá.
Qual é o milagre? É muito trabalho, 24 horas por dia, sete dias por semana; é boa administração, autônoma, sem nenhuma influência de político ou partido, apenas a vontade de cuidar bem de uma empresa. Então fica o registro: fui surpreendido ao saber que é possível ter boa estatal nesse país, desde que bem administrada e sem aparelhamento de partido político.
Vamos falar um pouquinho de decisões do TSE. Uma boa decisão, unânime, foi acatar a sugestão das Forças Armadas de fazer testes aleatórios de urnas em algumas cidades. Pena que não é uma quantidade maior de urnas; ainda acho que é um número pequeno, mas já é alguma coisa. Depois que visitei os Correios e vi o sucesso na entrega do Enem, de todos esses programas que envolveram milhões de brasileiros, eu disse aos diretores que bem poderiam ser eles a fazer a eleição nesse país… Enfim, poderia haver mais testes para termos mais segurança e tranquilidade, mas é o que temos até agora.
Também por unanimidade, o TSE proibiu que a campanha da reeleição do presidente da República use imagens do Sete de Setembro. Curiosamente, também na quarta-feira o Tribunal de Contas da União, que é um órgão do Poder Legislativo, mandou para o arquivo o mesmo assunto do Sete de Setembro do ano passado, dizendo que não havia nada a investigar porque não se usou dinheiro público nas manifestações. E agora o TSE veta a propaganda exatamente pela suspeição de que se usou dinheiro público, porque as festas foram organizadas pelo poder público.
Mas a manifestação popular foi feita apenas com pessoas que vieram de graça, que não cobraram nada para vir. Ninguém pagou o ônibus, sanduíche ou acampamento. Os manifestantes vieram porque quiseram, convocados pelo presidente. Parece que o TSE quer dizer que o povo não pode se manifestar espontaneamente, e que essa manifestação espontânea não pode ser usada a favor do presidente na campanha. Fica muito estranho – mas eu também admito que, como a lei eleitoral permite que governadores, prefeitos e presidentes da República e seus vices, sendo candidatos, não precisam se desincompatibilizar e podem permanecer no cargo, é preciso ter um cuidado muito grande para evitar que se use a coisa pública na campanha eleitoral.
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