DOIS DE NOVEMBRO, DIA DE FINADOS. HOMENAGEM AOS MORTOS
Izabel Sadalla Grispino *
Aos nossos mortos queridos, meus pais, nossas lembranças doídas. Nosso profundo amor e nossa profunda saudade!
O outro lado da vida está repleto de pessoas amadas, que ocupam o nosso pensamento e confirmam o pedacinho de tempo que passamos na terra, peregrinos que somos de um mundo mutável, finito. Somos pequenas gotas de orvalho, que vão, aos poucos, se evaporando e se avolumando na eternidade. Somos a contradição entre a debilidade física, que nos faz vulnerável e mortal e a força psíquica, que impulsiona a inteligência e nos leva a vôos espetaculares, vencendo os imensos espaços do universo.
Vida curta! Vida enigmática!
Hoje é dia de silêncio, de meditação,
Dia de viver os nossos mortos,
Cobrir-nos com o manto da saudade, da oração,
Povoar nossas mentes com as lembranças que voltam.
Hoje, a brevidade da vida fica patente,
A estrada do infinito fica mais que evidente,
Trabalha-se a alma, reformulam-se conceitos,
O ponto de chegada tem peso de efeito!
A morada dos mortos é o nosso amanhã,
Quanto mais o tempo passa, mais dela nos aproximamos,
Poucos conseguem delinear tamanha certeza!
Poucos se afinam com as leis da humana natureza!
A Liturgia do Dia de Finados propõe-nos a reflexão sobre nossa finitude.
Papa Francisco
O dia de hoje, dedicado à reflexão sobre o término de nossa caminhada nesta vida, nos aumenta o júbilo porque fomos resgatados, recriados, por sua morte e ressurreição, para a Vida eterna com Ele e com nossos entes queridos.
A Liturgia do Dia de Finados propõe-nos a reflexão sobre nossa finitude.
Faz parte de nossa natureza, de nosso modo de existir, algo que é antagônico entre si, ou seja, nosso desejo de plenitude, de sermos eternos e ao mesmo tempo nossa incapacidade de pensarmos fora da categoria tempo. É impossível ao ser humano pensar no eterno, porque sempre vai se perguntar pelo depois, vai questionar se não será monótono. Ora, ao fazer essa pergunta ele demonstra sua incapacidade ontológica de usar o espaço mental para pensar no eterno, não como categoria, mas como sua própria realidade existencial.
Comemorar os fiéis defuntos é refletir sobre nosso fim, ao mesmo tempo sobre nosso desejo de eternidade, como desejo profundo, como ânsia, inextirpável de nossa natureza, apesar de finita.
O livro do Apocalipse nos fala do fim da morte, do luto, das lágrimas, do fim do que era finito. Agora, pelo poder da ressurreição de Jesus Cristo, nossos anseios foram realizados, tornaram-se reais. Somos eternos! “Eis que faço novas todas as coisas”, isto é, eternas, sem caducar, sem envelhecer, sem a ação do tempo, que não existe mais.
São Paulo, na carta aos Romanos diz que fomos batizados na morte de Cristo e acrescenta: “Se, pois, se morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele. Sabemos que Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais; a morte já não tem poder sobre ele. Por isso, sendo Cristo a Vida, todo nosso anseio de eternidade faz sentido e será realizado. Viveremos eternamente o amor, a alegria, na companhia de nossos entes queridos, porque do contrário não será felicidade.
O dia de hoje, dedicado à reflexão sobre o término de nossa caminhada nesta vida, longe de nos tirar a alegria de ser, nos aumenta o júbilo porque não só fomos criados à imagem da Vida, que é Jesus, mas fomos resgatados, recriados, por sua morte e ressurreição, para a Vida eterna com Ele e com nossos entes queridos.