Eleições
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Alexandre Garcia – Gazeta do Povo
O general Hamilton Mourão foi um dos candidatos vitoriosos, apesar de estarem mal colocados nas pesquisas de intenção de voto.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Estão todos discutindo os erros, os reiterados erros das pesquisas eleitorais, que já haviam acontecido em 2018 e se multiplicaram agora, porque criou-se um grande número de empresas de pesquisa. Essa deve ser uma atividade lucrativa, que encontra quem pague e quem acredite. Mas eu queria destacar o que uma diretora do Datafolha afirmou a uma emissora de televisão. Ela disse: “as pesquisas são uma fonte de informação a que o eleitor tem acesso para definir seu voto. Mais uma fonte de informação que o eleitor considera na hora de definir o seu voto. Se não tivéssemos as pesquisas, a sociedade não teria todos esses dados para poder se informar e depois decidir seu voto”.
Ou seja, ela está confessando que pesquisas influenciam na decisão do voto. Essa é a questão crucial: uma pesquisa errada induz a uma decisão errada. Por exemplo, se ela está mostrando que um candidato não tem chance de vencer, e o eleitor não está disposto a “jogar fora” o seu voto naquele candidato, a pesquisa está influenciando o resultado eleitoral. Temos de pensar a respeito disso. A diretora estava defendendo o seu trabalho, e foi sincera. Eu não vou dizer que seja má-fé, pode ser erro, mas é um erro que está induzindo o eleitor a outro erro, essa é a questão.
Mercado sabe que este novo Congresso pode levar adiante as reformas
Vocês notaram a reação do mercado às eleições de domingo? O real se valorizou em relação ao dólar e ao euro; a bolsa de valores de São Paulo teve uma alta incrível. Por que esse otimismo? Por causa do novo Congresso Nacional que saiu das urnas de domingo: Câmara e Senado conservadores, com o partido de Bolsonaro, o PL, fazendo as maiores bancadas e trazendo com isso a possibilidade de se fazer as reformas. A Frente Parlamentar da Agropecuária foi ao Palácio Alvorada na quarta-feira para prestar apoio irrestrito ao presidente Bolsonaro. O agro, sob a liderança da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, que se elegeu senadora, tem grandes esperanças de conduzir reformas essenciais para liberar o agro. A legislação é antiga e o agro é mais que moderno, já é pós-moderno, de tão atualizado que está. Mas é amarrado por legislações antigas sobre defensivos, questões ambientais e fundiárias, incluindo o tal marco temporal, sem falar da burocracia.
E, além da modernização das leis para o agro, haverá oportunidade para as reformas que o ministro Paulo Guedes quis fazer e não conseguiu. Esse é um grande argumento em favor da candidatura de Bolsonaro: no domingo saiu das urnas um Congresso que ele ajudou a moldar na campanha eleitoral, para facilitar o seu governo, pois ele sempre se queixou de estar amarrado pelo Congresso. Esses próximos quatro anos serão de um Congresso que seria hostil a Lula e amistoso a Bolsonaro – tudo vai depender, claro, das decisões do próximo dia 30.
Política se discute, sim, mas sem raiva
As pessoas estão discutindo muito em torno de voto. Eu tenho dado o seguinte conselho para as pessoas dos dois lados: se você quer trabalhar para o seu candidato, não feche a porta para o adversário, não bata na cara dele, abra os braços e conversem, discutam, mostrem as vantagens de cada um. Porque quem consegue mudar um voto do primeiro turno está, na verdade, conseguindo dois: tira um voto de um candidato e adiciona um ao outro candidato. É uma questão de racionalidade e não de raiva, de emotividade.
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