Humor

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Ministros do TSE cantam clássicos infantis adaptados à realidade política do Brasil.| Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

Numa entrevista coletiva convocada às pressas hoje (13), os ministros do TSE anunciaram o lançamento deste que promete ser o disco mais vendido dessas eleições: Justiça Petistinha vol. 1. A iniciativa partiu do ministro Alexandre de Moraes, o mais musical da corte. Quem propôs que a renda fosse revertida para a Associação das Vítimas de Desordem Informacional foi o ministro Ricardo Lewandowki, que numa das faixas surpreende com um solo de guitarra de treze minutos.

As composições são versões das tradicionais cantigas de roda aplicadas à realidade política do país. “É muito importante ensinar juristocracia para a molecada. Só assim elas poderão um dia sonhar em serem indicadas ao Supremo pelo excelentíssimo ex e futuro presidente Lula”, disse Cármen Lúcia, compositora da encantadora “Censura, censurinha”.

Censura censurinha
Vamos todos censurar
Mal do Lula ninguém fala
Se falar mando calar

Responsável pela versão de “Cai, cai, balão”, no disco espertamente renomeada “Cai, cai, Bozão”, o ministro Ricardo Lewandowski falou do desafio poético de transpor para o universo infantil petistinha o cenário de enfrentamento eleitoral. “Chamei até meu amigo Ayres Britto para ajudar. Ele é poeta, sabia? Mas, tirando isso, é gratificante saber que estamos conseguindo chegar até as crianças, que um dia crescerão sabendo que manda quem pode e obedece quem tem juízo”, disse o ministro. Daí ele se sentou num banquinho, reclamou do retorno e, dedilhando joãogilbertamente o violão, começou a cantar:

Cai, cai, Bozão
Cai, cai, Bozão
Vai ter impugnação
Não vai não
Não vai não
Não vai não
Lula ganha eleição!

A Alexandre de Moraes, o grande idealizador do disco, coube a versão do polêmico “O cravo e a rosa”, clássico considerado por muitos uma ode ao machismo. “Foi um desafio enfrentar o machismo estrutural da nossa sociedade. Por outro lado, tive a oportunidade de homenagear não só minha querida amiga Rosa Weber como também todos os parças do STF. Ah, e no primeiro verso homenageio o mais importante de todos, né?”, disse, a calva reluzente fazendo jus ao apelido de Juiz-Sol.

O Xande falou pra Rosa:
Justiça só de fachada,
Censura tá deferida
Supremo só dá meus parça

Em tempo, você deve ter reparado os erros de português em alguns dos versos. Tudo é intencional, de acordo com o coordenador pedagógico do projeto, que preferiu o anonimato para não ser alvo dos fascistas letrados. “Os erro num é erro. É a forma popular de dizer. Viva Paulo Freire!”, disse, explicou e gritou ele. Que também pode ser ela. Ou elx.

Autor dos belos versos da versão de “Pirulito”, o ministro Benedito Gonçalves fez questão de ressaltar o caráter filantrópico do disco. “Esse disco é dedicado às infelizes vítimas da desordem informacional. Infelizmente há muitos conteúdos jornalísticos assim, que usam premissas, fatos e até verdades verdadeiras para macular a honra do ex-presidente Lula”, disse, arrancando lágrimas da plateia formada exclusivamente por jornalistas da ABI (Associação Brasileira de Imprensa). Daí o ministro pegou o cavaquinho e soltou o vozeirão:

Birolino que já vai tarde
Birolino que já perdeu
Quem dá a cara a tapa é ela
Mas do Lula cuido eu

Não deixe faltar na sua discoteca infantil o disco “Justiça Petistinha”. Compre por livre e espontânea vontade, antes que o TSE decida que é obrigatório. Disponível nas melhores e também nas piores casas do ramo.


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