Tite enfrenta críticas por escolhas, falta de gols e futebol burocrático da seleção na Copa

Foto: Martin Divisek / EFE

Por Ricardo Magatti – Jornal Estadão

Brasil chega às oitavas de final na condição de favorito diante da Coreia do Sul, mas lida com pressão

ENVIADO ESPECIAL A DOHA – O sentimento de euforia e otimismo como consequência das duas primeiras vitórias na Copa do Mundo deu lugar a questionamentos e preocupação na seleção brasileira depois da derrota para Camarões no encerramento da fase de grupos. Tite passou a enfrentar suas primeiras críticas mais intensas antes de o Brasil enfrentar a Coreia do Sul nas oitavas de final.

A escolha por preservar titulares diante dos camarões, o futebol pobre tecnicamente apresentado pelos reservas, a baixa eficiência no ataque dos suplentes e a aposta em nomes questionados, como o veterano Daniel Alves e o atacante Gabriel Jesus, fizeram Tite ouvir seus primeiros questionamentos mais contundentes no Catar.

O Brasil de Tite se despediu da fase de grupos com apenas três gols marcados, o pior ataque desde a Copa de 1978, ano em que foi às redes duas vezes nas três primeiras partidas. Entre todas as 16 que avançaram às oitavas, é a que teve a menor eficiência nas conclusões. O time fechou a primeira fase como o segundo que mais finalizou. Foram 51 chutes, mas apenas três gols marcados. “Não transformamos as oportunidades em gol”, admitiu o auxiliar César Sampaio.

Os problemas táticas, técnicos não tiram Tite do sério. Ele disse, na véspera de enfrenta a Coreia do Sul, que está “em paz”, repetindo o que falara em sua primeira coletiva de imprensa no Catar. “Estou em paz em função de saber que estamos preparados para a sequência”.

“Quem ficou fora está mais descansado para o jogo. Quem jogou e jogou bem está mais confiante. Quem jogou e não jogou bem, vai ter a oportunidade melhorar e preparar. Nós, da comissão, temos mais um recorte em cima de cada atleta, mesmo em cima de uma difícil derrota”, explicou ele.

Tite concede entrevista coletiva na véspera da partida diante da Coreia do Sul
Tite concede entrevista coletiva na véspera da partida diante da Coreia do Sul  Foto: Rungroj Yongrit / EFE

O que lhe preocupa são as lesões. Foram cinco lesionados em três jogos. Alex Sandro continua em recuperação de um problema muscular no quadril, e Alex Telles e Gabriel Jesus foram cortados por lesão de joelho. O caso do lateral é mais grave, visto que se trata de uma ruptura parcial do ligamento.

A boa notícia é que Danilo e Neymar estão recuperados e reforçam a equipe que enfrenta os sul-coreanos. O treinador confia em seu craque para colocar o time nas quartas com uma atual convincente e afastar as críticas.

“Temos que tirar lições para se reerguer e continuar. Dificilmente temos outras oportunidades, então lutaremos de todas as maneiras para evitar um insucesso”, afirmou o zagueiro Thiago Silva. “Na Copa de 2018, perdi um jogo e fui para casa. Em 2022, perdi um jogo e estou aqui nas oitavas de final”.

O defensor vai se igualar a Cafu e Dunga como o jogador que mais vezes usou a braçadeira de capitão do Brasil em Copas. Será a 11ª vez que ele usará a faixa em partidas de Mundiais.

Tite, até agora, tem demonstrado estar tranquilo apesar das intercorrências. Só ergueu o tom para desmentir que tenha convocado Gabriel Jesus machucado. “Não pode ecoar ali fora coisas que são mentiras, de quem quer fazer o ruim para os outros. Em nenhum momento aqui na seleção pagamos o preço de vitória por saúde do atleta”, rebateu o técnico, furioso com os “haters”, para os quais não deu nome e que ficam “plantando mentira”.

“O Arsenal tem um departamento médico, nós temos um departamento médico, ética profissional, e nunca ia acontecer desta forma”.

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