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Flavio Quintela – Gazeta do Povo


Alexandre de Moraes e Lula no dia da diplomação no TSE.| Foto: Antonio Augusto/TSE

Diz-se que a falta de inteligência é a mais terrível das faltas, pois quanto menos inteligente formos, menos capazes seremos de perceber nossa falta de inteligência.

O Brasil que se avizinha, o de 2023, tem toda a pinta de ser o Brasil das faltas.

É certo que faltará vergonha na cara, pois somente num país sem o menor pudor em ser indecente é possível que alguém que tenha sido condenado e preso consiga ocupar o cargo de presidente da República.

Semelhantemente à falta de inteligência, a falta de liberdade é percebida de forma bem mais suave por aqueles que não fazem questão de ser livres,

Faltará dinheiro, é óbvio, pois já ficou claro que o novo governo pretende eliminar todos os limites institucionais à gastança pública e imprimir dinheiro em ritmo alucinante.

Faltará justiça. Já falta hoje, e o prognóstico não é de melhora, muito pelo contrário. O Judiciário brasileiro não tem em que se espelhar. O tribunal mais alto do país é também onde se praticam as maiores atrocidades contra as liberdades dos brasileiros.

Faltará honestidade. Creio que esse ponto dispensa explicações.

Faltará paz, pois as melhorias que vinham paulatinamente acontecendo na segurança pública serão canceladas e revertidas pelas políticas de leniência para com o crime, tão comuns na caixa de ferramentas do PT.

Faltará prosperidade. O PT segue à risca a cartilha básica do socialismo, que é a igualdade na pobreza. Mesmo para o mais competente dos governos seria quase impossível fazer com que o Brasil crescesse em ritmo suficiente para compensar a deterioração da renda do brasileiro. Dá para imaginar o resultado com um governo progressista e corrupto no poder.

A mesma parte da imprensa que aplaude Alexandre de Moraes é a que criticou o governo e a pessoa de Jair Bolsonaro sem absolutamente nenhuma consequência negativa à sua liberdade de expressão.

Mas, acima de tudo, faltará liberdade. Semelhantemente à falta de inteligência, a falta de liberdade é percebida de forma bem mais suave por aqueles que não fazem questão de ser livres, ou que entendem a liberdade de uma forma truncada e egoísta.

O sujeito que exalta Alexandre de Moraes por sua conduta durante o processo eleitoral de 2022, alegando que ele preveniu um golpe, não sabe o que é liberdade. E é justamente uma grande parte da imprensa nacional, aquele pessoal que deveria lutar com todas as forças contra qualquer tipo de censura, que está pavimentando o caminho para uma ditadura das mais terríveis.

A revista Isto É, por exemplo, elegeu Alexandre de Moraes como o Brasileiro do Ano de 2022, e definiu-o com o título de “fiador da democracia”.  O mesmo Alexandre de Moraes que extrapolou todos os limites do poder que lhe é garantido pela Constituição, desrespeitou a tripartição dos poderes, estabeleceu uma censura ferrenha à liberdade de expressão, desequilibrou o pleito eleitoral, mandou prender gente sem o devido processo legal, criou tribunais de exceção, puniu “crimes” de opinião e instaurou a maior crise institucional já vivida em toda a história da República. Esse homem, segundo os editores da Isto É, é o brasileiro do ano.

A mesma parte da imprensa que aplaude Alexandre de Moraes é a que criticou o governo e a pessoa de Jair Bolsonaro sem absolutamente nenhuma consequência negativa à sua liberdade de expressão. Xingaram o homem de tudo, escreveram milhares e milhares de linhas recheadas de mentiras, notícias falsas e relatos fantasiosos. Ninguém foi preso, sequer processado. Ninguém perdeu perfil de Twitter, ninguém foi desmonetizado, ninguém foi cancelado.

O grande erro dessas pessoas, provavelmente por sua falta de inteligência, é achar que a falta de consequência até o momento será o método que o novo governo adotará no tocante às críticas. Temos de conceder que boa parte dos críticos a Bolsonaro não tem a menor das intenções de criticar o futuro governo Lula. Basta lembrar da cena de comemoração que aconteceu no jornalismo da Globo quando da divulgação da vitória do petista. Festa efusiva é o que todos vimos, algo bastante incompatível com o conceito de “imprensa livre”.

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Mas tem gente que pretende criticar Lula. É a turma do nojinho. Rejeitaram Bolsonaro por sua estética, por seus palavrões, por suas idiotices, chegando a colocá-lo no mesmo nível de “ruindade” que o criminoso dos nove dedos. Votaram nulo ou 13, na esperança de não se contaminarem. Fizeram-no com a certeza arrogante de que, a partir de 2023, farão o mesmo com Lula. “O PT ficou 13 anos no poder e nunca nos censurou”, pensam. Sim, foram 13 anos de PT no poder e, sim, nossa liberdade de expressão permaneceu intacta. Mas não havia Alexandre de Moraes. Não havia policiamento virtual no nível de hoje. Não havia desmonetização, pois sequer havia monetização em nível considerável.

O terceiro governo de Lula vem aí, ao que tudo indica. Vem para fazer faltar tudo, principalmente a liberdade. Anote bem os nomes daqueles seus amigos que votaram 13 ou nulo, pois em breve, ainda que passe pela mesma crise que eles, somente você poderá dizer “eu te disse”. Não é muito, mas é melhor que estar do lado do arrependimento. E da falta de inteligência.


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