Manifestações

Por
Alexandre Garcia


Barracas e tendas de manifestantes no QG do Exército em Brasília.| Foto: Leonardo Desideri/Gazeta do Povo

Domingo é a posse. Está tudo incerto ainda quanto à segurança. Há muita preocupação e a programação pode ser alterada. Mas vamos lembrar aqui: Jair Bolsonaro levou uma facada no dia 6 de setembro de 2018; no dia 1.º de janeiro ele estava lá no carro aberto. E a facada era para matar. Se ele não estivesse na Santa Casa de Juiz de Fora em poucos minutos, estaria morto. Mas agora, não sei se é para justificar uma possível falta de público, o fato é que vai ter muita segurança.

Na manhã desta quinta, os fiscais do governo do Distrito Federal tentaram retirar, com furgões e caçambas, as pessoas que estavam acampadas em frente ao QG do Exército. A Polícia do Exército se interpôs, fez uma linha (embora desarmada) e impediu que os fiscais invadissem e derrubassem as tendas e barracas, onde as pessoas estão abrigadas há quase dois meses.

Último anúncio de ministros é tentativa de conquistar apoio no Congresso

O restante do ministério saiu. O filho de Renan Calheiros ganhou um ministério, o filho de Jader Barbalho ganhou outro. O relator da PEC da gastança ganhou um ministério. O dono do PDT, Carlos Lupi, que foi queridinho do Leonel Brizola, ganhou ministério. Ganhou ministério, também, um deputado do União Brasil. É o Lula tentando arranjar apoio no Congresso. Segundo o site Poder 360, Lula teria hoje 181 apoiadores de 513 deputados, e 29 dos 81 senadores, o que dá 35% de apoio ao governo na Câmara e 36% no Senado. Isso é pouco e deve estar preocupando bastante o novo presidente.

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PT já mostrou que não quer reconciliar o país
Muita gente se pergunta se haverá alguma tentativa de conciliação, porque o Brasil está dividido ao meio. Mas, pelo jeito, não. A julgar pelas declarações de Lula e de Flávio Dino, futuro ministro da Justiça, que praticamente chamam os manifestantes bolsonaristas de criminosos, de terroristas – até um ministro do STF já fez um pré-julgamento usando esses adjetivos –, dificilmente eles vão querer pacificar. Vão é agregar mais problemas de um lado e de outro. Até porque um lado já estava chutando a cabeça do atual presidente, chamando de genocida. Então, tudo isso já estava plantado.

E depois virá o ingrediente da economia. A parir do dia 1.º, a gasolina e o diesel já ficam mais caros. Os caminhoneiros certamente não vão gostar, quem votou em Lula não vai gostar. Num segundo governo Bolsonaro, a isenção de PIS/Cofins sobre combustíveis seria mantida, mas Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda, já pediu para não renovar a medida, porque precisa de mais arrecadação para bancar a gastança. O novo governo só pensa em gastar, não em cortar. Nada de cortes; vão gastar com picanha, com cerveja, e alguém tem de pagar. E quem vai pagar é o contribuinte direto ou indireto, aquele que paga por meio da inflação ou dos impostos embutidos naquilo que ele compra. E é claro que os preços vão subir: se encarecer o diesel, vai encarecer o transporte, o frete e tudo o que é transportado. Isso é uma consequência óbvia já esperada.

Preconceito contra o agro trava o avanço ambiental que já temos à disposição
Vi no canal AgroMais uma entrevistada brilhante lembrando do crédito de carbono, uma coisa que ninguém entende; ela disse que a soja, o milho e a cana produzem fotossíntese o dia inteiro e fixam carbono na terra, absorvem o carbono. Nós somos os maiores produtores do mundo de açúcar e de álcool; a cana produz o etanol que vai para o combustível, que não agride do meio ambiente, além do açúcar, que nos dá divisas. O bagaço produz energia elétrica e o que sobra disso tudo ainda é usado como adubo. Então, Deus do céu, temos isso nas mãos, mas há tanto preconceito contra o agro que resolvem inventar outras coisas.

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