Alok relembra trajetória no Dia Mundial do DJ e aconselha profissionais da área: ‘Seja curioso’
Foto: Filipe Miranda/Divulgação
Por Ingrid Rodrigues – Jornal Estadão
Consagrado o quarto melhor DJ do mundo, o brasileiro pontua seus desafios no início da carreira para incentivar aqueles que desejam ascenção no meio
O Dia Mundial do DJ é celebrado nesta quinta-feira, 9. No Brasil, em especial, a data serve, ainda, de reflexão para os desafios da profissão. Por isso, o brasileiro Alok, 31, consagrado o quarto melhor do mundo em 2021, pela revista DJ Mag, destaca a importância dessa celebração e incentiva a perseverança e a evolução os profissionais da área.
“O dia de hoje tem uma função social e foi criado para ajudar pessoas enfermas através da música. A importância do DJ está na habilidade que ele tem de lidar com a música e fazer com que isso desperte emoções, crie ambientes de alegria e descontração. Eu já entendi há tempos que a música cura”, reflete.
Filho de DJs e irmão gêmeo do DJ Bhaskar, Alok afirma que, embora o histórico familiar tenha o influenciado, a certeza e o começo da carreira não foram tão simples. “Há 20, 25 anos atrás as pessoas não sabiam o que um DJ fazia. Quando tinha 12 anos já estava tocando profissionalmente ao lado do meu irmão. Mas quando fiquei mais velho, bateu o questionamento se eu seguiria na carreira de DJ ou não”, conta.
Por temer pela instabilidade da profissão, Alok cursou Relações Internacionais, em uma universidade de Brasília. “Eu via os altos e baixos que meus pais passavam como DJs. […] Então, ao mesmo tempo que ver eles tocando nas festas e festivais despertou minha paixão pela música, isso também me gerou dúvida”, explica, para justificar que a bagagem familiar nem sempre significa um caminho concreto e de sucesso.
Diante dos históricos familiar e profissional, o também produtor musical aconselha: “Seja curioso e aberto ao novo. Antes, por exemplo, eu achava cafona os DJs que subiam ao palco e falavam no microfone. E quando comecei a subir ao palco e falar no microfone durante os sets? E aí? A forma como você julga o mundo é a forma como você interpreta como o mundo vai te julgar. Então, minha dica é: se livre de qualquer julgamento e faça aquilo que tem sentido pra você, procure o seu espaço, a sua identidade”.
Alok pontua que sua gravadora, a Controversia, está atenta aos movimentos dos novos talentos, na intenção de ajudá-los a se profissionalizar. Como incentivo, destaca, ainda, que “a cena eletrônica está em evidência no mundo”.
Bastidores da carreira de Alok
Carregar um título mundial e colecionar grandes números, como mais de 23,2 milhões de ouvintes mensais no Spotify, também é desafiador. “Existe a responsabilidade que estar nessa posição carrega, porque a partir daí preciso apresentar algo que justifique esse título, mas também existe o reconhecimento de uma trajetória profissional. […] Se manter se torna um desafio, que eu gosto! Não adianta ser o quarto melhor se a minha música não está sendo ouvida”, reflete.
Para manter a relevância, Alok tem como estratégia realizar apresentações inovadoras e de experiências únicas. Além de todo o aspecto do entretenimento, do show business, o artista destaca o investimento em ações de sustentabilidade como a compensação de CO2 (dióxido de carbono) em seus shows.
Ele garante que a preocupação social está sempre alinhada ao profissional. “Me preocupo em usar a minha imagem como um aditivo para promover boas iniciativas. O Instituto Alok tem esse espaço dentro da minha atuação como cidadão. Não basta que eu seja o quarto melhor do mundo, é preciso saber o que vou fazer com essa exposição”, pontua.
Agenda de Alok
Em fevereiro, Alok também levou seu trabalho ao carnaval. Foram mais de 7,7 mil quilômetros rodados, 30 horas de palco, dois shows por noite e um público total que ultrapassa a marca de um milhão. Segundo ele, o segredo para o sucesso até nessa época é saber transitar por diversos estilos, sem perder a sua essência e as suas características artísticas, sendo sempre honesto com a sua verdade.
Após o fim da folia, o DJ embarcou para apresentações nos Estados Unidos e no México. “Agora estou na Ásia, que com as fronteiras abertas é um mercado que ganha importância nas minhas turnês. Tenho apresentações pela Europa no próximo mês e no segundo semestre vou lançar mundialmente O Futuro é Ancestral, que já está em fase de finalização. O projeto Alok Infinite Experience deve percorrer outras cidades brasileiras, além de São Paulo”, detalha.