Derrota
Mas há esperança (na última frase)
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo
A censura autoimposta, aliás, só aumenta minha sensação de derrota.| Foto: Reprodução/ Twitter
Preferia terminar a semana de uma forma mais alegre, mas não vai dar. Ainda na quarta-feira (8), respirava uns ares que vêm do norte e pensava no tamanho da derrota que nos impõem os progressistas. É avassaladora, mesmo que os conservadores sejamos maioria. Se lá nos Estados Unidos, no país fundado com base na liberdade, a situação está assim, imagine aqui.
O sapo que me foi servido eu o engolia pacientemente quando me chegou outra notícia: a de que um deputado fez o que fez e por isso vai ser cassado. Não ouso dizer quem nem por quê. O leitor do futuro que ficar curioso terá de consultar os anais da Câmara para entender. Só digo que fez e que vai. Que, se não houver uma mobilização em defesa da liberdade de se falar certas verdades autoevidentes, ele não só será cassado como preso.
A censura autoimposta, aliás, só aumenta minha sensação de derrota. Os progressistas, a turma do “perdeu, mané!”, venceram e agora saqueiam nossas almas com o furor típico dos bárbaros. Eles pilham nossas consciências com slogans, clichês travestidos (sic) de argumentos, estatísticas mentirosas e sentimentalismo. Eles nos violentam com a exaltação do mal disfarçada de modernidade. De progresso.
Somos manés. Ou melhor, somos vistos como manés. Não me importo. Tenho, aliás, a manezice como objetivo de vida. Ora, o que é o bom cristão senão um mané que almeja fazer o certo e que rejeita tudo o que possa ofender a Deus, mesmo que essa postura lhe renda humilhação? É sobre esses que os progressistas tripudiam. E não nos amole enquanto chafurdamos em nossas desgraças – dizem. Somos manés. Fomos derrotados. Mas enquanto ainda houver barro com que construir nossas fortalezas, haverá esperança.
Uma defesa improvável de Reinaldo Azevedo
Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo
Reinaldo Azevedo tem todo o direito de petistar, ainda que deva às pessoas uma explicação para isso.| Foto: Reprodução/ Twitter
Será que consigo “defender” Reinaldo Azevedo em apenas quatro parágrafos? Outra dúvida: por que me dou ao trabalho, se não o conheço? Para a primeira pergunta a resposta está na própria existência deste texto. Se você estiver lendo é porque consegui. Para a segunda, a resposta é um pouco mais complicada e tem a ver até com o “escândalo das joias”. Aquele que ainda me cheira a nada.
Sou melhor defendendo do que atacando. Passando pano do que acusando. Zombando do que reverenciando. Porque em tudo e todos que vejo me espantam a fragilidade e o desespero. Daí o instinto de compreender (essa é a palavra!) Reinaldo Azevedo. Reveja a entrevista dele com Lula. Não há ali admiração; o que há é a angústia de um homem que caiu na areia movediça e não tem ninguém para salvá-lo. Está sozinho, ainda que pareça cercado pelos aliados de ocasião.
Dele gostaria de ouvir uma explicação clara sobre a mudança de postura. Como e por que virou discípulo do babalorixá de banânia? Que caminhos o levaram à conclusão de que estava errado em seus outrora divertidos ataques ao PT? Histórias de conversão me interessam. E a lealdade de Reinaldo Azevedo a Lula equivale a uma queda do cavalo, ainda que para vislumbrar e adorar as trevas do petismo. Não?
Me custa acreditar que a motivação tenha sido pecuniária. Vai ver é porque sou um privilegiado. Não vivo ao redor de pessoas venais. Pessoas só mudam assim porque emocionalmente lhes convém. De qualquer modo, e para além da decepção dos que celebrávamos o furor antipetista de Reinaldo Azevedo, não vejo problema no fato de ele petistar despudoradamente. Que se embriague na admiração pouco sincera dos novos amigos. E seja “feliz”.
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