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Luiz Philippe Orleans e Bragança – Gazeta do Povo
| Foto: Divulgação
Venho insistindo há algum tempo para que a direita faça uma catarse. Desde as eleições de 2022 e os eventos de 8 de Janeiro de 2023 pecamos por não juntar os pedaços, conversar e orientar. Muitos ainda estão com medo e acuados devido ao que aconteceu e tem acontecido nesses últimos meses. Ou seja, não lavamos a roupa suja em grupo e por isso não decidimos nem norteamos nossos ativistas. Essa tem sido uma crítica recorrente de vários deles e pode ter gerado alguns erros nos movimentos que dominam a opinião pública nas ruas e nas redes sociais há 10 anos.
Para dar vazão a essa vontade de se expressar, dia 15 de abril de 2023, às 16h, no WTC de São Paulo, realizamos o 1º Simpósio da Direita Unida – Fórum do Brasil, com a presença de líderes de movimentos de direita e independentes, parlamentares e personalidades públicas em geral. Foi um evento público, mas restrito a lideranças que se mobilizam com frequência e por essa razão teve pouca divulgação.
Além de mim, que ocupei a tribuna como mediador, assumiram poltronas no palco a deputada federal Bia Kicis; o secretário do desenvolvimento social do Estado de São Paulo, Filipe Sabará; a vereadora de Porto Alegre, Fernanda Barth; o deputado federal Ricardo Salles e o deputado estadual Tomé Abduch.
Ou seja, não lavamos a roupa suja em grupo e por isso não decidimos nem norteamos nossos ativistas
Na plateia, estavam lideranças do Estado de São Paulo e de todo o Brasil, dentre elas representantes do Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Bahia e cidades do interior de São Paulo. Destacamos o jornalista Fernão Lara Mesquita, o cientista político Paulo Moura; o presidente da entidade Agentes Investimentos Livres, Alfredo Siqueira; o presidente do PTB de São Paulo, Otávio Fakhouri; o ator Felipe Folgosi; o ex-presidente do IPHAN do Rio de Janeiro, Olav Schrader; o presidente da Associação dos Proprietários de Imóveis Tombados (APITO), Marcelo Magnani; a Presidente do PTB Mulher e Afro, Luci Adão; o ex-secretário da cultura, Hélio Ferraz; o chanceler do Círculo Monárquico de São Paulo, dr. Rubens Vieira de Brito; o Dr. Alberto Danon, da ADCom Comunicação, os comunicadores Zoe Martinez, Paulo Kogos e Adrilles Jorge; o administrador Stephen Kanitz; o editor da Faro/Avis Rara, Pedro de Almeida e vários outros.
Entretanto, os verdadeiros protagonistas foram os mais de 40 ativistas que tiveram seu tempo de fala. Os eleitos ficaram no palco só para responder perguntas, sem fazer palestras. Como deveria ser. Quem ainda aguenta ir a um evento para escutar discurso de político e ter pouco ou nenhum tempo para perguntar e se manifestar? Quem já foi a algumas de minhas palestras sabe quanto tempo eu dedico ao debate. Só que nesse evento inovamos.
Nenhum dos parlamentares fez discurso. Abrimos o microfone imediatamente após o Hino Nacional para todos da plateia se pronunciarem. O tema: o momento que vivemos, o que o movimento da direita fez de certo, de errado e os próximos passos. Em uma das primeiras manifestações, a ativista pedia para a plateia não confiar em nenhum político, militar ou qualquer agente do estado para fazer o que a sociedade tem de fazer por conta própria. E foi nesse espírito que o evento prosseguiu.
Ao contrário de muitos eventos de movimentos e partidos que chegam a suas convenções com a pauta pronta e manipulam as assembleias para legitimar “democraticamente” seus planos, fizemos diferente. Nesse evento não havia pauta definida. Praticamente 100% do conteúdo discutido foi levantado pelos mais de 40 ativistas que se manifestaram na plateia e chamamos várias questões a voto por aclamação. Os mais de 400 presentes puderam levantar as mãos em apoio ou rejeição de vários pontos importantes, e até polêmicos, que a direita nunca antes havia tido a oportunidade de discutir e colocar a voto num grupo maior.
O objetivo inicial era somente “botar para fora” ou “lavar a roupa suja em público” mas fomos além e acabamos por definir uma pauta. Vários temas foram levantados e críticas foram feitas. Destacamos 12 assuntos submetidos a voto nesse encontro:
- Perspectiva: As vitórias da direita nos últimos 10 anos não foram fruto de organização, planejamento e ação, mas sim da rejeição à corrupção, do esgotamento das ideias e do esvaziamento de lideranças da esquerda;
- Prefeituras: Erramos em não ter partido que nos representasse, plano de ação e ativismo para as eleições municipais de 2020;
- Reformas: Erramos em não nos alinhar em torno de uma reforma do sistema eleitoral (voto distrital), do sistema de voto e do TSE para garantir representatividade, transparência e direito de contestação;
- Movimento Nacional: Criação de um movimento nacional com pauta unificada, para criar a coesão ideológica que ainda não existe e forjar novas lideranças;
- Próximas Eleições: União para cumprir a missão das eleições municipais de 2024;
- Educação e Juventude: Foco no trabalho com a juventude, no desenvolvimento de conteúdo e de currículo escolar alternativo ao da ideologia de esquerda. Reacender as pautas levantadas pelo movimento Escola Sem Partido;
- Liberalismo: engajar a opinião pública na agenda social sustentável da direita: emprego, empreendedorismo e oportunidades;
- Globalismo: acirrar a troca de informações e o combate ao globalismo, seus agentes e métodos;
- Privatização: privatizar para diminuir o poder de corrupção que o executivo detém sobre o legislativo;
- Cultura: remover o Estado do protagonismo cultural, pois a Cultura pertence à sociedade;
- Promover reformas de soberania popular: regulamentar referendo popular, projeto de lei de iniciativa popular, plebiscitos e recall de mandato;
- Ativismo: devemos voltar às ruas.
Todo evento presencial é limitado aos que nele estão e dificilmente representa o todo, porém há eventos mais legítimos que outros. O Simpósio Direita Unida chegou com atraso, mas tem forma e conteúdo adequados para ter ampla adesão e capacidade de estimular o recomeço do ativismo no Brasil. Apesar de ser um político com mandato, como alguns presentes no evento, nunca deixamos de ser ativistas pelo Brasil e esperamos ver novas lideranças assumindo protagonismo na sociedade.
O jornalista Fernão Lara Mesquita, ao observar a forma e os temas tratados no evento, mencionou no evento: “a direita no Brasil não é direita, ela é democrata: faz e representa tudo que todo verdadeiro democrata representa, mas não se posiciona como tal ou sequer usa a palavra ‘democracia’ em seus discursos. Se assim o fizesse, teria muito mais sucesso”.
Só há uma maneira de “ser democrata”: da maneira certa, debaixo para cima e a ouvidoria é o primeiro passo. Outros fóruns como esse já estão sendo programados para acontecer em outras cidades. Na verdade, não é de hoje que a tocha olímpica da vontade popular está nas mãos daqueles que mobilizam o país, mas desde 2014, quando iniciou o processo de impeachment de Dilma. Só cabe a alguns de nós lembrar de como era feito. O recomeço começou.
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