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Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


Amazônia.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Se nos tempos de Juscelino existissem as ONGs, o Ministério Público e os partidos políticos de hoje, JK não conseguiria construir Brasília. As obras seriam embargadas por destruir o cerrado, o Lago Paranoá não seria criado por uma barragem que desviaria cursos d’água e causaria uma extensa inundação do cerrado. O Brasil hoje estaria condenado a acompanhar seu limite litorâneo, a maior parte das fronteiras terrestres estaria vulnerável e não seríamos o maior exportador de grãos do planeta; ao contrário, estaríamos importando alimentos e, quem sabe, os futurólogos anunciando guerras próximas em busca de lugar para produzir comida para a população mundial. O cerrado seria um lugar deserto com emas e lobos, e o Brasil um país semi-colonial.

Lembro disso no dia em que a presidente da União Europeia promete ao presidente do Brasil 20 milhões de euros para o Fundo da Amazônia. Fico curioso por saber quem será beneficiado com esse dinheiro. Seriam os filhos dos amazônidas ribeirinhos, que crescem longe de escolas? As famílias de caboclos distantes de um posto de saúde? Os que levam dias de canoa para comprar ferramentas, roupa e mantimentos? A Alemanha, na União Europeia, acaba de restituir ao Brasil um fóssil de 110 milhões de anos. Mas é apenas um fóssil. Quanto saiu da Amazônia em minérios, madeiras, valores medicinais biológicos? 20 milhões de euros seria uma compensação ínfima.

Se nos tempos de Juscelino existissem as ONGs, o Ministério Público e os partidos políticos de hoje, JK não conseguiria construir Brasília

O ex-presidente da Câmara e ex-ministro da Defesa (e ex-PCdoB) Aldo Rebelo, insiste em nos alertar para a ação de ONGS, partidos de esquerda e Ministério Público, contra obras de desenvolvimento na Amazônia, como a rodovia Porto Velho-Manaus, a hidrovia Araguaia-Tocantins e a Ferrogrão, paralisada há mais de dois anos por decisão do Supremo. No mesmo sentido, o IBAMA impediu a Petrobras de pesquisar na foz do Rio Amazonas. Isso leva a gente a pensar que querem manter a Amazônia intocada pelos brasileiros, como reserva futura para outros países.

Ontem, em Lavras do Sul, no Rio Grande do Sul, o Executivo, o Legislativo e a comunidade econômica do município reuniram-se para dar um grito contra isso. No subsolo do município há a capacidade de retirar 300 mil toneladas/ano de fosfato. O Brasil importou ano passado 1,67 milhões de toneladas do minério, necessário para o agro fazer as plantas crescerem. Mas ONGS e Ministério Público estão na Justiça, bloqueando a mineração. Lavras do Sul se levantou, porque se não somos um país de masoquistas, não podemos ficar em passividade colonial. O conhecimento de hoje permite exploração sem destruição; uso sustentável. O conhecimento de hoje não pode permitir que aceitemos os modismos de um ambientalismo enganoso, que nos é imposto pelo medo de supostas tragédias climáticas. A pobreza e a fome são tragédias mais reais e concretas.


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