Por
Roberto Motta – Gazeta do Povo
| Foto: Midjourney
Palavras são muito importantes para mim. É principalmente com elas que ganho a vida. Palavras descrevem a realidade. Se não temos palavras adequadas, às vezes a realidade nos escapa. Examinemos, por exemplo, o termo “sem terra”.
O que é um “sem terra”? Parece evidente: é alguém que não possui terra. Mas é justo perguntar: e daí? Qual a relevância de usar esse dado – a falta de propriedade de um pedaço de terra – como único atributo para descrever alguém?
Afinal, todos nós podemos ser descritos como “sem” alguma coisa.
Há muita gente que não tem imóvel próprio. São os “sem casa”.
Há muitas pessoas que não têm um automóvel. São os “sem carro”. É provável que a maioria das pessoas não tenha seu próprio jatinho: são os “sem avião”. Quase nenhum brasileiro tem o seu próprio palácio. São os “sem palácio”.
Percebam isso: não ter alguma coisa não significa que você tem o direito de ter aquela coisa. E muito menos que alguém – a sociedade, o Estado ou outra pessoa – tem a obrigação de te dar aquilo que você não tem.
Nascemos com direitos naturais. Esses direitos não são nenhum favor que o Estado nos faz; na verdade, eles são próprios de nossa natureza humana. Esses direitos naturais, ou fundamentais, incluem o direito à vida, à liberdade de expressão, o direito de ir e vir, a liberdade de culto, o direito à autodefesa e o direito à propriedade.
Percebam isso: não ter alguma coisa não significa que você tem o direito de ter aquela coisa
Direito à propriedade de algo que você comprou, ou herdou, ou ganhou, de forma justa e legal.
O fato de alguém se identificar como “sem terra” não cria na sociedade ou no Estado a obrigação de dar a essa pessoa um lote, um sítio ou uma fazenda, nem dá a ela o direito de invadir a terra dos outros e reivindicar sua propriedade.
Um pedaço de terra, uma casa ou um carro não são direitos. Eles são conquistas – coisas que são obtidas com trabalho, esforço e sacrifícios.
É evidente que aquelas pessoas que, por diversos motivos, têm dificuldades para ganhar o suficiente para sobreviver devem ser ajudadas. Mas essa ajuda não é equivalente a uma obrigação, imposta ao Estado ou à sociedade, de dar a essas pessoas um determinado bem que elas não têm, mas que desejam.
A única forma sustentável de progresso e desenvolvimento – tanto para pessoas quanto para nações – é o trabalho. É através do trabalho, da poupança e do investimento que pessoas e países compram ou constroem aquilo que necessitam. O respeito à propriedade privada é um elemento essencial nesse processo.
“Reforma agrária” é um chavão ideológico usado como arma pela esquerda há muito tempo. Já na década de 1960 Francisco Julião mobilizava suas “Ligas Camponesas” para promover a agitação revolucionária no campo, entre uma e outra visita a Fidel Castro. Basta uma rápida conversa com qualquer apologista dessa “reforma” para perceber que as ideias por trás dela têm a profundidade de uma piscina de crianças.
Direito à propriedade de algo que você comprou, ou herdou, ou ganhou, de forma justa e legal
A agricultura moderna – o chamado agronegócio – é uma atividade que envolve a mecanização e o uso de tecnologia em larga escala, na qual produtividade e volume são fatores essenciais e que requer constantes investimentos em pesquisa.
Através da combinação de fatores naturais – solo, água e luz – com o trabalho duro de empreendedores pioneiros e uma importante ajuda inicial do Estado (através da Embrapa) o Brasil conquistou liderança mundial na produção agrícola.
Essa prosperidade agora desperta a inveja de concorrentes e a cobiça de parasitas, que disfarçam seus verdadeiros interesses – políticos, monetários e criminosos – com o manto de “movimentos sociais”.
O termo apropriado para isso é “sem vergonha”.
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