5 recomendações para tomar a decisão assertiva

Virgilio Marques dos Santos – CEO da FM2S Educação e Consultoria

A vida é uma travessia. Estamos sempre indo do ponto A para o ponto B, às vezes em linha reta e muitas outras por vias tortuosas. Esta metáfora, tão usada por pensadores da área de negócios, é interessante. Digo isso porque, quando damos inícios a uma travessia, espera-se que cheguemos num lugar diferente do que saímos. Mesmo assim, quando chegamos, nos sentimos um estranho naquele novo lugar. Quantas vezes não mudou de empresa e se pegou com saudades da antiga casa?

Como exemplo, gosto de pensar em jovens que saem de uma pequena cidade e começam uma nova vida em um grande centro. Quando perguntados sobre o que estão achando, muitos se mostram preocupados com os novos costumes da cidade grande. É comum ouvir expressões saudosas, que servem para demonstrar o quanto as pessoas eram mais felizes. Agora, a pergunta que me veio foi: se estava tão bom, por que iniciou uma travessia? Afinal, se eu empreendo esforços nesse sentido, é natural esperar que o lugar que eu estou indo seja diferente do qual estava, não é mesmo?

Apesar de lógico, as coisas nem sempre são assim. Muitos, sentindo-se desconfortáveis com algo, buscam mudar sem saber ao certo o quê. Entender o que não está nos fazendo bem é algo que precisamos colocar esforço e análise. Encontrar a causa raiz do que nos incomoda não é trivial de ser achada. E, nesse momento de desconforto, pode aparecer uma oferta de vaga enquanto navega no LinkedIn ou no Instagram e você acaba clicando. Pronto. Está num processo seletivo e não sabe bem o porquê está lá. Apenas clicou.

Nesse meio tempo, enquanto o processo corre, você começa a achar que sua vida estagnou. Não há perspectivas de crescimento. Seu colega foi promovido, mesmo sendo você bem melhor que ele. Está péssimo, olhando as redes sociais para que o tempo passe mais rápido. E aí, recebe um convite de entrevista por e-mail! Uau! As pessoas ainda se interessam por você. Papo vai, papo vem, o entrevistador mostra todo potencial que você terá para mudar de empresa. Vai crescer! O céu é o limite. Salário maior já na largada; enfim, nunca mais se sentirá parado.

Muda. Despede-se. É admitido. Duas semanas de cordialidades. Na terceira semana, começa o ritmo normal e vem aquela sensação: empresa é tudo igual, só muda de endereço. Começa a rotular os puxa sacos. Cria uma lista mental dos fofoqueiros do café. Decora o organograma. Decora o namorograma (importante). Sente a primeira quebra de expectativa. Alguém te recrutou porque achou que a culpa do Projeto Transformador era o antigo profissional. E você, em três semanas, não conseguiu mudar tudo. Quebra-se o encanto e, em uns três meses, estará na mesma. Socorro. Por que mudei?

Calma, nem tudo é assim.

Como diziam os avós: pesei na tinta do exemplo citado, mas muitas vezes é esse o quadro que encontramos. Por isso, quando for fazer uma travessia corporativa, precisamos de mais avaliação. O profissional de hoje está diante de um cenário bem complexo e interessante. Estamos vivendo em um mundo globalizado, conectado e em constante mudança, com empresas disputando talentos e inovações surgindo a todo momento.

A primeira coisa que um profissional deve considerar antes de fazer uma mudança de empresa é: qual é o seu objetivo de carreira no longo prazo? É importante ter uma visão clara de onde você quer chegar. Essa mudança vai te aproximar dos seus objetivos ou é apenas um salto temporário que pode te desviar do seu caminho?

O segundo ponto é: entender o cenário do mercado. A empresa para a qual você está considerando mudar está em ascensão? Quais são as tendências para essa indústria nos próximos anos? Você terá oportunidades de crescimento e desenvolvimento lá?

A terceira consideração é se identificar com a cultura da empresa. Seus valores fazem sentido? A cultura de uma organização pode afetar significativamente a sua satisfação no trabalho e o seu desempenho. Além disso, a adaptação a uma nova cultura pode ser um desafio, por isso, é importante pesquisar e refletir sobre isso.

Além disso, o quarto – e essencial – ponto é considerar a oferta em si. O pacote de benefícios atende às suas necessidades? O salário é competitivo e justo pelo seu nível de experiência e habilidades? A posição oferece um bom equilíbrio entre trabalho e vida pessoal?

Por fim, como quinta recomendação: refletir sobre o momento da mudança. Mudanças são estressantes e exigem adaptação. Este é um bom momento para você lidar com isso? Você está emocionalmente pronto para iniciar um novo capítulo em sua carreira?

Acredito, junto à FM2S, que a educação contínua e o desenvolvimento de habilidades são fundamentais para a sua carreira. Independentemente da empresa em que você está, investir em si mesmo é sempre a melhor opção. Nós não somos definidos pelas empresas em que trabalhamos, mas pelas escolhas que fazemos. E lembre-se: o trabalho é um palco onde você atua, e o papel principal é sempre seu. Portanto, escolha com sabedoria.

Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

Loading

By valeon