Bolsonaristas tomaram conta do final da sessão, deixando ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro confortável

Por Augusto Tenório – Jornal Estadão

depoimento de Anderson Torres na CPMI do 8 de janeiro, nesta terça-feira, 08, frustrou a expectativa da base do governo Lula. Parlamentares ouvidos pela Coluna avaliaram que o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro chegou bem preparado e deu poucas frentes para os governistas avançarem.

Anderson Torres na CPMI do 8 de janeiro
Anderson Torres na CPMI do 8 de janeiro Foto: FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Diante disso, governistas foram deixando pouco a pouco o plenário. A partir das 17h10, deputados e senadores bolsonaristas tomaram conta do recinto. Somente a relatora, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) representaram a base do governo Lula até o final da sessão. Nenhum outro parlamentar do núcleo duro governista ficou.

A proporção, dessa forma, ficou de dois contra nove. No campo bolsonarista, Rodrigo Valadares (União-SE), Zé Trovão (PL-SC), Gilvan da Federal (PL-ES), Cleitinho (Republicanos-MG), Marco Feliciano (PL-SP), Abílio Brunini (PL-MT), Delegado Ramagem (PL-RJ), Eduardo Girão (Novo-CE) e Filipe Barros (PL-PR).

Nos bastidores, governistas afirmam que nada de novo foi apresentado pelo depoimento. A única brecha dada por Torres, na avaliação desses parlamentares, envolve a chamada “minuta do golpe”. Foi quando ele disse que o documento foi entregue por alguém, mas as digitais encontradas no papel correspondem apenas à sua própria, a do seu advogado e a do delegado do caso.

A expectativa da base governista, agora, é emparedar Torres numa acareação com ex-superintendente da Polícia Federal na Bahia, Leandro Almada. O policial afirma que tratou com o então ministro da Justiça, antes da eleição passada, sobre as operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Bahia durante o segundo turno.

Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, é preso por suposta interferência no 2º turno das eleições

Operação da PF investiga bloqueios que teriam sido organizados para dificultar votação de eleitores no Nordeste

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Por Pepita Ortega e Fausto Macedo – Jornal Estadão

O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, presta depoimento na Comissão  Parlamentar Mista de Inquérito ( CPMI) dos Atos Golpistas
O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, presta depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito ( CPMI) dos Atos Golpistas  Foto: Wilton Júnior/Estadão

Polícia Federal prendeu preventivamente na manhã desta quarta-feira, 9, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques no bojo de uma operação que apura suposta interferência nas eleições 2022. O aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro foi capturado em Florianópolis e deve ser transferido para Brasília.

Silvinei é o alvo principal da Operação Constituição Cidadã que ainda vasculha dez endereços em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio Grande do Norte. As ordens foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

A ofensiva tem o apoio da Corregedoria Geral da PRF, que determinou que 47 agentes da corporação prestem depoimento sobre o caso.

De acordo com a PF, a ‘Constituição Cidadã’ investiga o suposto uso da máquina pública para interferir no segundo turno do pleito do ano passado, com o direcionamento de recursos, por parte de integrantes da PRF, para dificultar o trânsito de eleitores no dia 30 de outubro de 2022.

“Os crimes apurados teriam sido planejados desde o início de outubro daquele ano, sendo que, no dia do segundo turno, foi realizado patrulhamento ostensivo e direcionado à região Nordeste do país”, diz a corporação.

A Operação mira crimes de crimes de prevaricação e violência política, previstos no Código Penal. Ainda mira delitos descritos no Código Eleitoral: ‘impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio’ e ‘ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato’.

O nome da ofensiva, ‘Operação Constituição Cidadã’, faz referência à Lei Maior do País, que ‘garantiu a todos os cidadãos o direito ao voto, maior representação da Democracia’, ressaltou a PF.

Silvinei Vasques assumiu a chefia da PRF em abril de 2021, quando foi empossado o ex-ministro da Justiça Anderson Torres – alvo de investigação por suposta omissão ante os atos golpistas de 8 de janeiro.

O ex-diretor da PRF se aposentou em dezembro do ano passado, aos 47 anos e no apagar das luzes do governo Jair Bolsonaro, no meio de uma série de investigações sobre sua atuação em meio às eleições.

Às vésperas do pleito, ele chegou a usar sua conta para pedir o voto no então presidente Jair Bolsonaro. Ele publicou nos stories uma foto da bandeira do Brasil e escreveu: “Vote 22, Bolsonaro presidente”.

Silvinei é alvo de investigação não só pelas blitze da PRF em meio ao segundo turno das eleições, mas também pela conduta antes os bloqueios de rodovias que ocorreram após Luiz Inácio Lula da Silva sair vitorioso das urnas.

Ele ainda é acusado de improbidade administrativa e uso indevido do cargo para beneficiar a candidatura de Bolsonaro.

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