Tecnologias de modelos movidos exclusivamente a bateria ou combinadas com motores a combustão ganham espaço na descarbonização da indústria automotiva
Por: Mário Sérgio Venditti – Jornal Estadão
Veículo eletrificado é um termo cada vez mais popular no mercado automotivo brasileiro. Ele engloba modelos com motorização 100% elétrica e híbrida. Mas nem todos sabem quais as diferenças entre eles. Conheça, a seguir, os detalhes de cada tipo de tecnologia.
100% elétrico
O veículo totalmente elétrico tem um princípio simples: possui bateria — carregada por tomada externa — que alimenta um motor elétrico (ou mais). Graças a sistemas de regeneração de energia, ela consegue estender a autonomia utilizando eletricidade produzida nas frenagens e nas desacelerações.
Elétrico com extensor de autonomia
É um veículo elétrico puro com motor a combustão, cuja única função é gerar eletricidade, o que garante maior autonomia. Ou seja, o carro é movido somente pelo motor elétrico.
Micro híbrido
Tecnicamente, os automóveis equipados com o sistema start-stop pertencem ao primeiro nível de hibridização. Embora o veículo seja movido apenas por um motor a combustão, o alternador aproveita a energia gerada nas frenagens e nas desacelerações para alimentar o start-stop, proporcionando maior economia de combustível.
Híbrido leve
O carro híbrido leve é dotado de sistema de recuperação de energia com um alternador e conjunto elétrico de 48 V. Dessa forma, ele consegue se movimentar usando apenas eletricidade por um breve intervalo ou ter potência extra por alguns segundos, a fim de realizar uma ultrapassagem, por exemplo. A energia é armazenada em uma pequena bateria de íon de lítio.
Híbrido em série
Ele é impulsionado por dois propulsores: um a combustão e um elétrico. Como o nome indica, ambos estão ligados em série e, assim, o sistema a combustão entra em ação para alimentar a bateria de acordo com a necessidade do carro.
Híbrido em paralelo
Trata-se do sistema híbrido mais popular. Nele, o automóvel roda tanto com o conjunto a combustão quanto com o elétrico — ou pelos dois ao mesmo tempo. Geralmente, cada sistema move um eixo, trabalhando paralelamente.
Híbrido misto
Esse sistema é mais complexo. Tem uma central eletrônica que analisa diversos parâmetros e escolhe qual o tipo de propulsão é mais vantajoso para cada situação — 100% elétrica ou com o auxílio do motor a combustão.
Híbrido plug-in
As vantagens do híbrido plug-in são a possibilidade de recarga na tomada externa, como um modelo 100% elétrico e, principalmente, ter maior autonomia que um híbrido convencional. Também possui sistema de regeneração de energia (usado em frenagens e desacelerações), como os demais híbridos.
Híbrido com célula a combustível
A principal diferença está na célula a combustível, que adota hidrogênio pressurizado para produzir a eletricidade que movimenta o carro. Seu maior diferencial está no escapamento, que emite somente vapor de água. A desvantagem é depender de uma rede de abastecimento de hidrogênio para ser viável.
Híbrido flex
Baseado no sistema híbrido misto, o híbrido flex foi concebido para utilizar motor flex, que pode ser abastecido com etanol e gasolina. A Toyota foi a pioneira nessa tecnologia, com o lançamento do Corolla Hybrid, em 2019.
Mas as pesquisas em torno do híbrido flex avançaram e hoje esse sistema é um capítulo à parte. Algumas montadoras não concordam que o veículo 100% elétrico seja a única opção para atingir as metas de descarbonização.
Pensando nisso, a Stellantis – que reúne marcas como Fiat, Jeep, Peugeot, e Citroën –, anunciou a tecnologia Bio-Hybrid, no começo de agosto. Ela combina energia térmica flex e eletrificação.
“Queremos potencializar as virtudes do etanol, cujo ciclo de produção absorve a maior parte de suas emissões, com sistemas elétricos”, explica Antonio Filosa, presidente da Stellantis para América do Sul.
A Stellantis entende que o híbrido flex, usando o etanol, é o caminho ideal para a transição energética automotiva. “Devido à sua matriz energética, o Brasil tem a oportunidade de fazer uma mudança mais planejada e menos onerosa”, diz Filosa. “Combinar o etanol, um forte aliado na redução das emissões de CO2, com a eletrificação é uma alternativa competitiva de transição.”
Para a empresa, o Brasil não pode desconsiderar as quatro décadas de desenvolvimento da tecnologia do etanol, com sua grande plataforma produtiva já implantada. “A combinação do etanol com a eletrificação permitirá o acesso de faixas maiores do mercado consumidor a tecnologias de baixa emissão”, garante Filosa.