História por Redação Itatiaia 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarca em Belo Horizonte nesta segunda-feira (28) para participar de agendas ao lado de correligionários de Minas Gerais. Em meio aos eventos com aliados, o capitão reformado vai receber o título de cidadão honorário do estado, a reboque de decreto assinado em 2019 pelo governador Romeu Zema (Novo).

O roteiro da comitiva de Bolsonaro tem uma parada na Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), para o encontro com colegas de partido e, depois, passagem na Assembleia Legislativa para a cerimônia de cidadania honorária. Há, ainda, expectativa pela visita a uma Igreja Católica.

A semana do ex-presidente pode ter, também, um depoimento à Polícia Federal. Ele foi intimado a falar sobre o caso de empresários que utilizaram um grupo de WhatsApp para debater a possibilidade de um golpe de estado. A oitiva foi agendada para o próximo dia 31. No mesmo dia, Bolsonaro também terá de falar com os investigadores sobre a suposta venda de joias pertencentes ao Estado brasileiro.

No que tange ao caso das joias, Bolsonaro vai prestar depoimento ao mesmo tempo em que outras sete pessoas vão ser ouvidas. Na lista de interrogados simultaneamente estão, por exemplo, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e o ex-ajudante de ordens do capitão reformado, o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid.

A segunda-feira, vale lembrar, vai marcar a primeira passagem de Bolsonaro por BH desde 30 de junho, quando o ex-presidente foi tornado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele estava na cidade quando a decisão da Suprema Corte foi oficializada.

Antes de Minas, Goiás

No início deste mês, Bolsonaro recebeu uma homenagem similar à honraria que vai ganhar em Minas Gerais. Durante solenidade na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), ele foi condecorado com o título de cidadão honorário goiano. Assim como no caso mineiro, a homenagem a Bolsonaro também foi aprovada em 2019 em Goiás, por meio de lei sancionada pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil).

Sempre que aterrissa em Minas Gerais, Bolsonaro costuma rememorar a facada sofrida em Juiz de Fora, na Zona da Mata. Ele levou o golpe em setembro de 2018, a cerca de um mês do primeiro turno eleitoral daquele ano. O presidente costuma dizer que “renasceu” em solo juiz-forano e, no ano passado, chegou a visitar a Santa Casa de Misericórdia da cidade, onde recebeu os primeiros cuidados após o ataque. 

“Em várias oportunidades, quando se manifestou sobre essa tentativa de assassinato, ele disse que renasceu em Minas Gerais. Então, se ele admite que renasceu em Minas Gerais, agora, o estado, através de seus representantes, vão formalizar esse nascimento, dando a ele a certidão, que é o título de cidadania honorária”, disse, na semana passada, o deputado estadual mineiro Coronel Sandro (PL), que encabeçou as articulações para garantir a entrega do título no plenário da Assembleia Legislativa.

Embate na Assembleia

O requerimento que pede a convocação de reunião especial do Parlamento para conferir a cidadania honorífica a Bolsonaro tem 26 assinaturas. A maioria das subscrições foi dada por deputados de partidos à direita. Entre os parlamentares do PL, há a expectativa pela presença de Zema no evento, possibilidade confirmada por uma fonte do Palácio Tiradentes ouvida pela Itatiaia.

O movimento para homenagear Bolsonaro, porém, rendeu críticas na Assembleia. A deputada Bella Gonçalves, do Psol, ironizou a passagem do ex-presidente por BH.

“Espero também que avisem para o Bolsonaro que a placa não é de ouro, porque se não ele vende. Vende placa de ouro de cidadania honorária, vende joias e pede Pix para fazer harmonização facial. O senhor não é bem-vindo em Minas Gerais”, protestou.

Bruno Engler (PL), o deputado estadual de Minas mais próximo a Bolsonaro, defendeu a deferência ao aliado. “(Não há) comprovação nenhuma de que vendeu as joias. Segundo, não é prática de crime. Um presidente que, ao contrário daquele que é apoiado pela esquerda, nunca foi condenado por nada”, contrapôs, em menção a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Posse simbólica e possível ida a igreja

Para o evento na Associação Médica de MG, o diretório estadual do PL espera receber cerca de 500 lideranças locais. A atividade servirá como posse simbólica do deputado federal Domingos Sávio na presidência da legenda em Minas. Como mostrou a Itatiaia, Bolsonaro deve encerrar o périplo por BH com uma atividade religiosa na Comunidade Católica Mundo Novo, em Venda Nova. Antes de todos os compromissos, haverá um almoço com aliados.

Para interlocutores, a viagem de Bolsonaro à capital de Minas serve para ilustrar a importância do estado na tática eleitoral do PL para as eleições municipais do ano que vem.

“Queremos construir projetos que visam, primeiramente, o desenvolvimento de Minas Gerais, e isso passa por cidades estratégicas, como a capital Belo Horizonte. Estamos adiantados nesse caminho, debatendo abertamente entre todos os componentes das bancadas federal e estadual e acredito que, em breve, já teremos tudo resolvido”, afirmou Domingos Sávio, na semana passada.

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By valeon