Apesar de sonho antigo e de um movimento de algumas lideranças políticas e empresariais, a ferrovia Vitória-Minas não será totalmente duplicada. A informação é do deputado federal Domingos Sávio (PSDB-MG). No fim do mês de julho, o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizou que as permissões de concessão de duas estradas de ferro administradas pela Vale sejam renovadas. Em contrapartida, cerca de R$ 21 bilhões deverão ser investidos pela empresa na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e na Estrada de Ferro Carajás (EFC). A concessão de exploração da Vitória-Minas vencerá em 2027 e será prorrogada até 2057. Domingos Sávio afirma que tem acompanhado o processo de renovação da concessão desde o início, com a preocupação de garantir os investimentos necessários para melhorar o sistema ferroviário em Minas e, em especial, no Vale do Aço. “Foi devido a um requerimento meu junto à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) que conseguimos realizar uma audiência pública em Ipatinga, no ano passado, para discutir o assunto. Na oportunidade, reivindicamos várias obras, mas a duplicação da ferrovia por completo não foi solicitada, mas sim em alguns trechos, para melhorar a operação, eficiência e segurança e isto deverá ser feito”, assegurou. Segundo o deputado, a concessionária terá que investir alguns bilhões, mas este valor ainda não está fechado. “Estamos defendendo que estes recursos sejam prioritariamente investidos na melhoria do sistema ferroviário e nas cidades por onde passa a ferrovia, solucionando graves conflitos de mobilidade urbana e também criando novos terminais de carga e de passageiros. Atualmente a ferrovia deixa muito a desejar e praticamente só atende aos interesses da concessionária – ignorando as demandas das cidades, empresas e dos cidadãos. Por onde passa, representa problemas de conflito urbano, ambiental e de segurança e, praticamente, não retorna nenhum benefício para as cidades, portanto, isso tem que mudar”, vislumbrou Domingos Sávio. Segundo informações de lideranças políticas, parte dos recursos compensatórios deverá também ser destinada à expansão do metrô de Belo Horizonte. Estrutura Questionado sobre a estrutura do Vale do Aço em termos de transporte (rodovia, ferrovia e aeroporto), Domingos Sávio afirma que a região produz muito para Minas Gerais e para o Brasil e não tem recebido o retorno que merece. “Quando propus a audiência aqui pra discutir a renovação da concessão, foi justamente para mostrar que muito tem de ser feito. Precisamos de um terminal ferroviário multimodal, que possa atender todas as empresas da região e estimular a vinda de novos investimentos. O gargalo de transporte atualmente é um dos maiores problemas de nossa região. Além de custar caro, custa muitas vidas e não podemos aceitar a renovação da concessão sem a garantia de grandes investimentos para melhorar a nossa infraestrutura”, aponta. Investimentos no lugar certo O deputado Domingos Sávio acrescenta que, desde o início da discussão da renovação da concessão da ferrovia Vitória-Minas, tem se manifestado contra tirarem dinheiro do que vai ser pago pela concessionária para investir em outros estados. Segundo ele, há aproximadamente um mês participou de uma teleconferência com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, onde também estavam representantes da Fiemg e da Agência de Desenvolvimento do Vale do Aço, o prefeito de Coronel Fabriciano, Marcos Vinícius, o deputado João Leite e representantes do governo do Estado. “Eu fui bem claro com o ministro, afirmando que antes de pensar em usar o dinheiro para obras em outros estados, é preciso garantir o atendimento de nossas demandas, e ele disse que respeitaria esta lógica. Como não podemos ficar esperando sem agir, no dia 20 de agosto eu me reuni com o vice-governador do Estado, Paulo Brant, e com o secretário de Infraestrutura. Solicitei um relatório completo de todas as demandas de Minas para serem atendidas nas renovações de concessões ferroviárias para, em seguida, unirmos forças na defesa do Vale do Aço e de Minas nesta importante matéria. Se não nos unirmos agora e exigirmos o que é direito do Vale do Aço e de Minas, amanhã será tarde e talvez tenhamos que esperar por mais 30 anos para termos uma nova oportunidade. Depois de renovada a concessão é muito difícil acrescentar novos investimentos”, concluiu.