História por Victor Pacheco  • Showmetec

Como seria uma inteligência artificial que consegue indicar um possível ano de morte de usuários, com base em dados de pessoas que possuem um mesmo estilo de vida? Esta é a ideia da Universidade da Dinamarca com o modelo de linguagem Life2vec, que ainda não tem data de lançamento, mas é um avanço importante para o cuidado com a saúde pública. Entenda os detalhes.

O desenvolvimento da Life2vec 

Novidade teve assertividade acima de 70% (Foto: Reprodução/MidJourney)© Fornecido por Showmetech

Universidade de Tecnologia da Dinamarca se uniu à Universidade Técnica de Istambul, Northeastern University e à Universidade de Copenhague para a criação de um modelo de linguagem que consegue prever a idade de morte de uma pessoa com uma assertividade de até quatro anos.

O modelo de linguagem foi treinado para calcular como os fatores da vida pessoal das pessoas podem influenciar na saúde, levando em consideração o estresse e a exposição a doenças durante sua rotina. Dados de janeiro de 2008 a dezembro de 2015 de um grupo de mais de 2,3 milhões de pessoas entre 35 e 65 anos foram utilizados— a mortalidade nessa faixa etária é mais difícil de prever.

A primeira etapa foi marcada pelo envio de dados para que o treinamento da inteligência artificial. Os desenvolvedores perceberam que, logo após aprender os padrões de vida das pessoas, a IA já conseguiu superar outras redes neurais avançadas para prever dados como personalidade e momento da morte com alta precisão.

Utilizamos o modelo para abordar a questão fundamental: até que ponto podemos prever eventos no seu futuro com base nas condições e eventos do seu passado? Cientificamente, o que é entusiasmante para nós, não é tanto a previsão em si, mas os aspectos dos dados que permitem ao modelo fornecer respostas tão precisas Sune Lehmann, professor da Universidade da Dinamarca e primeiro autor do artigo.

Uso na prática

Dados reais foram utilizados para gerar previsões (Foto: Reprodução/Shutterstock)© Fornecido por Showmetech

O artigo publicado na revista Nature informa que a Life2vec é mais focada em fazer previsões com base em dados reais e, aplicando os parâmetros de testes em dados de pessoas que já morreram, houve uma assertividade de 78%. A inteligência artificial, quando colocada à prova, conseguiu adivinhar quando as pessoas morreram apenas ao receber dados de seu dia a dia.

Para testar a assertividade, informações de 100 mil pessoas foram dadas à inteligência artificial e, nesta lista, 50 mil morreram e a outra metade não. Os médicos sabiam disso, mas a IA não. Por ser um modelo de linguagem que, basicamente, lê dados das pessoas, ele conseguiu concluir a data de morte por meio de informações sobre salário, honorários, tipo de trabalho, indústria presente e acesso a benefícios sociais.

Pessoas do gênero masculino possuem uma maior probabilidade de morrer mais cedo. Ter algum problema de saúde mental, como depressão ou ansiedade, também contribuiu para um menor tempo de vida restante. Quem ocupava algum cargo de gestão e um bom salário foi colocado na coluna de alta sobrevivência pela Life2vec.

Os dados dos seis milhões de dinamarqueses também incluem registros de visitas a profissionais de saúde ou hospitais, diagnóstico, tipo de paciente e grau de urgência. O conjunto de dados abrange informações de 2008 a 2020, mas em várias análises, os pesquisadores se concentram no período de 2008 a 2016 e em um subconjunto de indivíduos com restrição de idade.

Quando isso deve estar disponível?

Uso na prática ainda tem muitos fatores (Foto: Reprodução GizModo Kannada)© Fornecido por Showmetech

Ainda em desenvolvimento, há uma grande discussão no uso da inteligência artificial que consegue prever a morte das pessoas por meio do uso de dados. Seria necessário compartilhar informações sensíveis para que a previsão aconteça de forma assertiva.

Além disso, lembre-se que ela foi treinada com base em dados de cidadãos da Dinamarca, então para ser usada por outros países, seria necessário usar os dados das pessoas que moram nestes locais para que erros de previsão de morte não aconteçam.

Estamos trabalhando ativamente em maneiras de compartilhar alguns dos resultados de forma mais aberta, mas isso exige que mais pesquisas sejam feitas de uma forma que possa garantir a privacidade das pessoas no estudo. Sune Lehmann, professor da Universidade da Dinamarca e primeiro autor do artigo.

É importante acompanhar o uso de perto: empresas de seguro podem passar a usar a Life2vec como um argumento para acelerar a aquisição de uma apólice. Profissionais de RH também podem usar isso para tomar decisões de contratação e, a depender de quem tiver acesso aos dados, o sigilo protegido por lei, como de quem vive com HIV, pode ser colocado à deriva.

Você acredita que poderemos ver uma ferramenta como esta no Brasil? Diga pra gente nos comentários!

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