História de Gabriel Sales 0 IGN Brasil
Após tragédia nos EUA, reconstruir ponte de Baltimore pode levar mais de 10 anos, mas China construirá uma 10 vezes maior em apenas 7 anos© Fornecido por IGN Brasil
O acidente que causou a queda da ponte Francis Scott Key, em Baltimore, Estados Unidos, foi uma tragédia que deixou seis mortos e causou uma comoção tanto pelas vidas perdidas quanto pelo impacto das imagens do acidente. Inaugurada em 1977 após cinco anos de construção, com 2,57 quilômetros de extensão e figurando na consagrada série The Wire, a construção desabou na madrugada do dia 26 de março num piscar de olhos, devido à colisão de um cargueiro contra um dos pilares da ponte. A ponte sempre foi um dos pontos-chave da região e, e o governo do presidente Joe Biden rapidamente anunciou um roteiro de emergência em busca de mortos e desaparecidos após a colisão do cargueiro com a ponte.
A primeira medida foi procurar os desaparecidos. Embora seja uma ponte pela qual passam mais de 11 milhões de veículos por ano, pouco antes do acidente a polícia alertou as autoridades sobre a provável colisão do cargueiro descontrolado e a passagem da ponte foi fechada ao trânsito. Isso salvou vidas, mas infelizmente havia uma equipe de construção trabalhando na ponte que não conseguiu ser salva a tempos. Dois dos trabalhadores foram resgatados, mas os demais não.
O mais seguro era limpar o fundo do rio para que os navios pudessem transitar e restabelecer esta importante rota marítima. A terceira coisa se fazer após a tragédia do acidente é a reconstrução com recursos federais. Não será rápido nem barato e, segundo Andy Winkler, diretor do projeto de habitação e infraestrutura do Centro de Política Bipartidária, o projeto custará centenas de milhões de dólares, “se não mais”.
Ajustada pela inflação, a ponte de Baltimore custou cerca de US$ 316 milhões, mas o processo de reconstrução será AINDA mais caro. De acordo com Hota GangaRao, professor de engenharia da Universidade de West Virginia, a reconstrução custará cerca de US$ 400 milhões, desde que os antigos pilares AINDA sejam usados. Agora, é algo que pode não ser viável porque é possível que queiram redesenhá-los para que fiquem mais afastados e, assim, diminuam a chance de acidentes como este no futuro.
Isso dispararia os custos, já que “isso exigirá mais aço, construção mais complicada e mais controles”. Em relação ao momento, Winkler diz que haverá muitas questões a serem debatidas, como se a ponte precisa ser mais alta ou ter mais fortificações, mas que no final “qualquer mudança dramática na estrutura ou no desenho da ponte exigiria uma revisão ambiental estrita”.
Quanto ao tempo de construção, Benjamin Schafer – professor de engenharia civil e de sistemas na Universidade Johns Hopkins – afirma que a reconstrução pode levar uma década ou mais, levando em conta todos os itens acima.O contraste com a ponte de Shenzhen, na China
Uma construção como a nova ponte de Baltimore já dá sinais de que será complexa e longa, mas se falamos de pontes e tempo de construção, devemos automaticamente olhar para a China. O gigante asiático têm o viaduto mais longo do mundo, a Grande Ponte Danyang-Kunshan, com 164 quilômetros de extensão; a Lvzhijiang, de 800 metros, mas com uma única torre de sustentação, e a ponte Hong Kong-Zhuylai Macau, com 55 quilómetros de extensão, sendo a ponte marítima mais longa do mundo.
No entanto, a nova joia da coroa será a Ponte Shenzhen-Zhongshan. A construção fica a poucos quilômetros de Macau e será mais curta do que outras pontes gigantes da China, com uma extensão total de 24 quilômetros, quase sete deles em túneis e com quatro faixas em cada sentido. Seja como for, a Ponte de Shenzhen será uma obra faraônica que também possui uma estética muito interessante. Agora, o mais impressionante de tudo isso é o tempo que a China levará para construí-la.
Avaliada em mais de US$ 6,7 bilhões, é pouco mais de dez vezes mais longa que a ponte de Baltimore, mais complexa devido às áreas submersas, e levará apenas sete anos para ser construída. As obras tiveram início em 2017 e estão previstas para serem concluídas agora em 2024, sendo uma grande conquista não só pelas características da ponte em si, mas também pela rapidez com que o projeto avançou neste período.
A ponte detém o recorde mundial de pavimentação de mais de 22,6 mil metros quadrados em um único dia, o que equivaleria a 50 quadras de basquete. Esses tempos contrastam com a avaliação inicial que os especialistas fazem no caso da reconstrução da ponte de Baltimore, e podem ter muito a ver com a regulamentação ambiental.
Um dos pontos que Vinkler coloca na mesa ao falar da ponte de Baltimore é o novo estudo ambiental que deve ser feito caso ela mude muito em relação à ponte original, o que afetaria negativamente o tempo de construção. Na China, as coisas são um pouco diferentes nesse aspecto.
É algo que se viu na indústria automóvel, com regulamentações ambientais mais flexíveis do que na Europa ou nos Estados Unidos, mas também no novo campo de batalha entre os Estados Unidos, a Europa e a China. Um exemplo é o ‘Vale do Silício Alemão’ que quer atrair empresas do calibre da TSMC e dos seus parceiros, o que já levantou suspeitas. Uma das razões é a diferença entre ética e cultural de trabalho entre a Europa e Taiwan. Outro motivo são as leis ambientais mais flexíveis na China, que contribuíram para que o gigante asiático se tornasse o líder mundial no refino de terras raras.
Quer seja mais ou menos complicado construir uma ponte nos Estados Unidos ou na China devido a esses fatores citados, o que está claro é que a nova obra em Shenzhen tem dimensões titânicas, é muito maior que ponte de Baltimore e está muito perto de ser concluída.
*Texto traduzido do site parceiro Xataka