As arquitetas Priscilla Bencke e Gabi Sartori explicam o papel do arquiteto e designer na reconstrução dos lares o bem-estar e a saúde

As enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, deixando centenas de mortos e meio milhão de desabrigados, expuseram a vulnerabilidade do estado frente aos eventos climáticos extremos, intensificados pelas mudanças climáticas.

A catástrofe, que já afeta 2,1 milhões de pessoas em 447 municípios, exige ações urgentes e eficazes para mitigar seus impactos e prevenir futuras tragédias. Esse desastre foi impulsionado pelo enorme volume de chuvas das últimas semanas, resultado de uma onda de calor na região centro-oeste e sudeste do país.

Estudos científicos recentes, como o realizado pelo grupo ClimaMeter, evidenciaram que as chuvas que atingiram a região Sul foram 15% mais intensas devido às mudanças climáticas.

Mas diante do cenário vivido no Rio Grande do Sul, quais aprendizados podemos ter para uma reconstrução mais consciente?

Neste sentido, arquitetos e designers terão um papel crucial na reconstrução do Rio Grande do Sul, indo além da estética e abrangendo soluções que aliam funcionalidade, segurança, sustentabilidade e bem-estar.

De acordo com a arquiteta e cofundadora da Academia Brasileira de Neurociência e Arquitetura (NEUROARQ® Academy), Gabi Sartori, a reconstrução após desastres ou guerras também influencia nossa experiência nos espaços construídos.

“A própria história nos mostrou isso. Após a Segunda Guerra Mundial, surgiu a necessidade de criar soluções rápidas e econômicas priorizando a funcionalidade em detrimento da experiência humana, resultando em espaços menos enriquecedores”, explicou.

Gabi explica que os seres humanos estabelecem laços profundos com os espaços físicos, o que contribui para o nosso sentimento de pertencimento e identidade. “A perda desses espaços, como em desastres, pode gerar um impacto emocional significativo, pois perdemos aquilo que nos é familiar e o que nos identifica”, destacou.

Portanto, é crucial que arquitetos e designers considerem a experiência humana na reconstrução pós-desastre, buscando soluções eficientes que promovam o bem-estar e a saúde, aprendendo com erros do passado onde a rapidez foi priorizada em detrimento da qualidade de vida.

“A Teoria do Pertencimento, enraizada na psicologia, nos ensina que a necessidade de conexão e aceitação é essencial, comparável às nossas necessidades físicas”, explica a arquiteta e cofundadora da NEUROARQ Academy, Priscilla Bencke.

“Ver Porto Alegre nessa situação traz uma tristeza imensa, pois parece que se perde uma identidade. Imagine para quem perdeu tudo?”, reflete Priscilla, que é natural do Rio Grande do Sul.

Ela explica que essa teoria é particularmente pertinente para entender como o design de locais onde passamos a maior parte do tempo, como as casas, pode impactar na qualidade de vida das pessoas.

O desafio agora, segundo as especialistas, é reconstruir lares que atendam às necessidades físicas e emocionais das pessoas, promovendo um forte senso de pertencimento. “A neurociência oferece perspectivas valiosas sobre como estruturar espaços para fortalecer esse sentimento, mostrando que o design não apenas atende necessidades funcionais, mas também promove conexões interpessoais”, destaca Priscilla.

“A aplicação da Teoria do Pertencimento na arquitetura e no design de interiores transcende a estética, sendo uma abordagem fundamental para criar espaços que enriquecem a experiência humana, permitindo que as pessoas não apenas ocupem um espaço, mas verdadeiramente se sintam parte dele”, complementa Gabi.

A reconstrução do Rio Grande do Sul é uma oportunidade para criar um estado mais resiliente e preparado para os desafios do futuro, com soluções inovadoras que coloquem as pessoas no centro do processo.

Sobre a NEUROARQ® Academy  

A Academia Brasileira de Neurociência e Arquitetura – NEUROARQ® Academy é uma empresa de educação especializada na formação de profissionais e disseminação da neurociência aplicada à arquitetura, também conhecida como “neuroarquitetura”.

Essa disciplina estuda a relação da arquitetura e bem-estar de quem habita os ambientes ao aplicar conceitos da neurociência em seu design. Como os ambientes em que vivemos impacta na nossa saúde física e mental, é possível criar projetos inteligentes que elevam a qualidade de vida de quem os ocupa.    

Sobre as fundadoras da NEUROARQ® Academy  

Gabriela Sartori é arquiteta e urbanista, certificada em Neuroscience and Architecture, Design and Urbanism (Newschool, EUA), membro da ACE (ANFA Center Education) – Latin America 2020/21, Instrutora em NeuroDesign no DigitalFUTURES WORLD 2020 – ARCHITECTS UNITE 10th Summer (Tongji University – Xangai/China). É graduada em Comunicação Social e pós-graduada em Arquitetura Comercial pelo Senac, palestrante e consultora de Neurociência e Arquitetura com diversas publicações sobre o tema na mídia. Além disso, Gabriela possui experiência profissional em projetos cenográficos e arquitetônicos, a frente do escritório Sartori Design em São Paulo/SP.   

Priscilla Bencke é arquiteta e urbanista, certificada em Neuroscience and Architecture, Design and Urbanism (Newschool, EUA), membro da ACE (ANFA Center Education) – Latin America 2020/21, Instrutora em NeuroDesign no DigitalFUTURES WORLD 2020 – ARCHITECTS UNITE 10th Summer (Tongji University – Xangai/China). É Especialista em Projetos para Ambientes de Trabalho (Gepr. ArbeitsplatzExpertin/ Gepr. BüroEinrichterin), Consultora internacional de Qualidade em Escritórios (Quality Office Consultant), Pós-graduada em Arquitetura de Interiores e pós-graduada em Neurociências e Comportamento. Além disso, Priscilla é Fundadora da QUALIDADE CORPORATIVA Smart Workplaces®️. Palestrante e Consultora de Neurociência e Arquitetura com diversas publicações sobre o tema na mídia.   

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By valeon